IPMA: Algarve precisa de soluções para a seca “que não se constroem instantaneamente”

Está a decorrer na Universidade do Algarve um evento organizado pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, organismo da ONU que reúne 250 especialistas mundiais em alterações climáticas.

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helena rodrigues

O presidente do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) lembrou nesta segunda-feira que o Algarve ainda está em seca, apesar do inverno chuvoso no resto do país, o que vai exigir “soluções que não se constroem instantaneamente”.

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O presidente do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) lembrou nesta segunda-feira que o Algarve ainda está em seca, apesar do inverno chuvoso no resto do país, o que vai exigir “soluções que não se constroem instantaneamente”.

Em declarações aos jornalistas à margem de uma reunião que reúne 260 especialistas do clima em Faro, Miguel Miranda notou que o fenómeno, apesar de não ser novo, “é praticamente uma novidade” para o Algarve, “que ainda está numa situação de seca quase em Fevereiro”, contrariamente ao resto do país, mesmo o Alentejo.

“Começámos a ter situações para as quais, provavelmente, não estamos ainda totalmente preparados. Vai ser preciso por no terreno soluções que não se constroem instantaneamente”, defendeu, sublinhando que é preciso “actuar com rapidez”.

Apelando a que se mantenha “a calma” para enfrentar este fenómeno, cada vez mais frequente, pediu também que haja capacidade de organização para que o impacto da mudança de clima na vida das pessoas seja o mínimo possível.

“Todas as medidas vão ser necessárias para alimentar a população e fazer chegar a água a todas as actividades humanas que dela necessitam e vai haver, provavelmente, algum tipo de gestão mais rigorosa dos recursos hídricos nas regiões com menos água”, referiu.

Miguel Miranda notou que o início de um novo ciclo de seca, já com uma deficiência de água à partida, pode trazer problemas acrescidos, o que vai exigir “um entendimento entre todos aqueles que são capazes de actuar”.

De acordo com o geofísico, a mudança climática “é uma estatística” e o clima não vai mudar de um dia para o outro, contudo, “todos os modelos apontam para um aumento da seca nas latitudes em que Portugal se encontra”, em particular, no Sul.

Durante a manhã, Miguel Miranda interveio na sessão de abertura de um evento organizado pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), organismo da ONU que reúne 250 especialistas mundiais em alterações climáticas.

Na reunião, que começou nesta segunda-feira na Universidade do Algarve, em Faro, e se prolonga por uma semana, os especialistas, de 60 países, vão preparar um relatório sobre os impactos das mudanças climáticas nos ecossistemas e nas actividades humanas.

Este é um dos três grupos de trabalho do IPCC, criado pela Organização Meteorológica Mundial e pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, tendo a seu cargo a análise dos impactos, adaptação e vulnerabilidade às mudanças climáticas.