Ângelo Paupério sucede ao ex-advogado de Isabel dos Santos como chairman da Nos

No rescaldo dos Luanda Leaks, o anterior co-CEO da Sonae foi escolhido para o cargo que era ocupado por Jorge Brito Pereira.

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Paupério é administrador não executivo da Sonae Nelson Garrido

A operadora de telecomunicações Nos tem um novo presidente do conselho de administração. Depois da demissão de Jorge Brito Pereira (até há poucos dias o advogado de confiança da empresária angolana Isabel dos Santos), o novo chairman é agora Ângelo Paupério, antigo co-CEO (presidente-executivo) da Sonae.

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A operadora de telecomunicações Nos tem um novo presidente do conselho de administração. Depois da demissão de Jorge Brito Pereira (até há poucos dias o advogado de confiança da empresária angolana Isabel dos Santos), o novo chairman é agora Ângelo Paupério, antigo co-CEO (presidente-executivo) da Sonae.

A decisão foi comunicada pela empresa à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários nesta segunda-feira, dia em que se realizou uma reunião do conselho de administração.

A alteração acontece no rescaldo das revelações do Luanda Leaks, que forçaram os três representantes de Isabel dos Santos neste órgão a renunciarem — Brito Pereira saiu do cargo de presidente, Mário Leite da Silva e Paula Oliveira deixaram de ser vogais. A Nos é controlada em 52,15% pela Zopt, uma sociedade gestora de participações sociais que é detida em partes iguais pelo grupo Sonae (dono do PÚBLICO) e por Isabel dos Santos.

Ângelo Paupério é um nome de peso da Sonae e, num momento em que a pressão internacional sobre Isabel dos Santos está a crescer perante as suspeitas de ter realizado transferências em benefício próprio quando liderava a Sonangol e pela forma como construiu o seu império empresarial a partir de Angola, a passagem de mãos do cargo de chairman da Nos para um nome de confiança da Sonae tem significado acrescido. Ainda há poucos dias, perante o turbilhão das primeiras notícias sobre Isabel dos Santos, o grupo actualmente liderado por Cláudia Azevedo mostrava-se preocupado, dizendo que os órgãos da companhia estavam a “avaliar a situação de forma rigorosa e com sentido de urgência”.

Os nomes dos três gestores ligados à filha do ex-Presidente de Angola José Eduardo dos Santos surgem referenciados na investigação revelada pelo consórcio internacional de jornalistas que incluem o semanário Expresso e a SIC. Jorge Brito Pereira, até há dias sócio da Uría Menéndez-Proença de Carvalho, controlava a sociedade offshore Matter Business Solutions (Dubai), destinatária das alegadas transferências suspeitas de 100 milhões de euros que a Sonangol realizou quando Isabel dos Santos liderava a petrolífera angolana, e que terão sido justificadas como pagamentos de serviços de consultoria.

Com a saída de Brito Pereira, entra para o seu lugar Ângelo Paupério, até agora administrador não-executivo da Nos. O percurso do gestor passa há longos anos pelo universo do grupo empresarial desenvolvido por Belmiro de Azevedo. Com Paulo Azevedo, filho de Belmiro, foi co-CEO da Sonae até à mudança de liderança para Cláudia Azevedo.

De 60 anos, o gestor é CEO da Sonaecom, administrador não executivo da Sonae, e é também presidente do conselho de administração do PÚBLICO.

O denunciante dos Luanda Leaks foi Rui Pinto, hacker e lançador de alertas que no final de 2018 entregou à PPLAAF, uma plataforma de protecção de denunciantes em África, um disco rígido, cujos dados foram depois partilhados com o consórcio de jornalistas, “contendo todos os dados relacionados com as recentes revelações sobre a fortuna de Isabel dos Santos, sua família e todos os indivíduos que podem estar envolvidos nas operações fraudulentas cometidas à custa do Estado angolano e, eventualmente, de outros países estrangeiros”. A revelação foi feita nesta segunda-feira pelos seus advogados de Rui Pinto, o português Francisco Teixeira da Mota (também advogado do PÚBLICO) e William Bourdon, um dos fundadores daquela plataforma de denunciantes.