Satélite que vai “fotografar” pólos solares pela primeira vez tem mão portuguesa
O satélite europeu será lançado no início de Fevereiro para estudar a actividade solar. Duas empresas portuguesas estiveram envolvidas na construção do satélite: uma delas com sistemas de software e outra com componentes de titânio.
O satélite europeu que vai permitir obter as primeiras imagens dos pólos do Sol, o Solar Orbiter, com nova data de lançamento prevista para 8 de Fevereiro, tem tecnologia portuguesa, das empresas Critical Software e Active Space Technologies.
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O satélite europeu que vai permitir obter as primeiras imagens dos pólos do Sol, o Solar Orbiter, com nova data de lançamento prevista para 8 de Fevereiro, tem tecnologia portuguesa, das empresas Critical Software e Active Space Technologies.
O engenho, cujo lançamento chegou a ser apontado para 5 e 6 de Fevereiro, será enviado para o espaço a 8 de Fevereiro, às 4h15 (hora de Lisboa), da base de Cabo Canaveral, nos Estados Unidos, de acordo com o mais recente calendário divulgado pela Agência Espacial Europeia (ESA), que conduz a missão em conjunto com a congénere norte-americana NASA.
A Critical Software concebeu vários sistemas de software do satélite, como os sistemas central de comando e controlo, de detecção e recuperação de falhas e de gestão de comportamento térmico, segundo informação da empresa.
A Active Space Technologies fabricou componentes em titânio para o braço de suporte e orientação da antena de comunicação do satélite com a Terra e canais igualmente de titânio, para a passagem de luz, que atravessam o escudo térmico do aparelho, adiantou a companhia à Lusa.
A missão do Solar Orbiter (Orbitador Solar) vai permitir obter as primeiras imagens dos pólos do Sol, considerados a chave para se compreender a actividade e o ciclo solares.
Por outro lado, salienta a ESA, será o primeiro satélite europeu a entrar na órbita de Mercúrio e a explorar a conexão entre o Sol e a Terra para entender melhor o clima extremo no espaço.
Resistente a temperaturas de 500ºC
O aparelho, que estará a 42 milhões de quilómetros do Sol na sua maior aproximação, o equivalente a um quarto da distância que separa a estrela da Terra, está equipado com dez instrumentos para observar a superfície turbulenta do Sol, a sua atmosfera exterior e as alterações no vento solar (emissão contínua de partículas energéticas a partir da coroa, a camada mais externa da atmosfera solar).
O Solar Orbiter, preparado para enfrentar temperaturas de 500ºC, trabalhará em complemento com a sonda norte-americana Parker Solar Probe, em órbita desde 2018, e que tem quatro instrumentos para estudar o campo magnético do Sol, o plasma, as partículas energéticas e o vento solar.
A sonda da NASA estará mais perto do Sol do que o Solar Orbiter, a 6,2 milhões de quilómetros na sua maior aproximação à estrela, e viajará pela camada mais interna da sua atmosfera para observar como as partículas energéticas circulam na coroa.
Ambos os engenhos usam a gravidade do planeta Vénus para se aproximarem do Sol. A primeira aproximação do Solar Orbiter ao Sol é esperada em Fevereiro de 2021.
Os cientistas esperam obter com este satélite respostas sobre o que leva à aceleração das partículas energéticas, o que acontece nas regiões polares por acção do campo magnético, como é que o campo magnético é gerado no Sol e como se propaga através da sua atmosfera e pelo espaço, como a radiação e as emissões de plasma (gás ionizado formado a elevadas temperaturas) da coroa afectam o Sistema Solar e como as erupções solares produzem as partículas energéticas que conduzem ao clima espacial extremo próximo da Terra.