“Vim ao congresso assistir ao enterro da coveira do CDS”

Assunção Cristas é acusada de “ignorar” as bases e de ter estratégias erradas para as eleições europeias e para as legislativas.

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Assunção Cristas despediu-se da liderança do CDS este sábado, foi várias vezes aplaudida no 28.º congresso, mas a sua passagem pelo partido parece não deixar muitas saudades a muitos militantes. “Em boa hora se vai embora”, afirma, de forma determinada, a antiga presidente da distrital de Coimbra Sónia Sousa Mendes, que faz uma avaliação negativa da liderança da líder democrata-cristã, acusando-a de “ter abandonado o ADN do partido” e de ter “abordado várias vezes favoravelmente temas que não estão na matriz ideológica do CDS, como é o caso da eutanásia”.

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Assunção Cristas despediu-se da liderança do CDS este sábado, foi várias vezes aplaudida no 28.º congresso, mas a sua passagem pelo partido parece não deixar muitas saudades a muitos militantes. “Em boa hora se vai embora”, afirma, de forma determinada, a antiga presidente da distrital de Coimbra Sónia Sousa Mendes, que faz uma avaliação negativa da liderança da líder democrata-cristã, acusando-a de “ter abandonado o ADN do partido” e de ter “abordado várias vezes favoravelmente temas que não estão na matriz ideológica do CDS, como é o caso da eutanásia”.

Esta antiga professora de Matemática, que integra o partido desde a sua fundação, manifesta algum alívio com a saída daquela que foi o rosto do CDS durante quatro anos. “Vim ao congresso assistir ao enterro da coveira do CDS”, afirma a antiga dirigente. Questionada sobre o que gostaria de dizer a Assunção Cristas na hora da despedida, responde: “Nada. Da sua liderança fica um vazio e o afastamento de muitos militantes. Nunca acreditei muito no seu projecto e espero que, com a sua saída, o partido regresse às suas origens e volte a ser o CDS de Adelino Amaro da Costa”, proclama a militante, que já integrou a comissão política nacional.

 A ex-professora não quis revelar em quem votaria para a nova liderança do CDS, mas disse esperar que o novo presidente do partido “não seja um líder de continuidade das políticas de Assunção Cristas”.

O algarvio João Pereira, que lidera a concelhia de Faro do CDS e que foi ao congresso também na qualidade de delegado, confessa que “nunca” concordou com Cristas e acusa-a de ter abandonado as bases. “Discordei sempre da forma como o partido estava a ser dirigido e, na hora de a presidente abandonar a liderança, não tenho nada para lhe dizer”, assume. “Assunção Cristas fez demasiada oposição a António Costa. Se eu gritar demasiado com uma pessoa, mesmo que a mensagem seja boa, a mensagem não passa, e foi isso que aconteceu”, assinala o dirigente do CDS de Faro que aponta ainda críticas à estratégia seguida pela direcção de Cristas para as europeias e legislativas.

Preocupada com o partido está Maria Carlos Barreiros que fala da “quase catástrofe eleitoral” que o CDS sofreu nos últimos actos eleitorais. A militante de Alcobaça, professora no activo, aponta várias razões para o difícil momento que o partido atravessa, nomeadamente a” viragem mais ou menos politicamente correcta à esquerda e a tentativa de colagem com a direita com os populismos (…). Nós quisemos abarcar muita gente e depois acabámos por perder um bocadinho a direccionalidade do partido”.

Na hora da despedida, deixa ainda assim um “obrigado” à lidera cessante. “Não tenho nada para dizer, a não ser expressar gratidão. Fez o melhor que podia e sabia; pôs de parte a sua família para poder trabalhar para o partido e nós só temos de ser gratos a quem faz essas coisas por nós. Eu, muitas vezes, fiquei no sofá”, confessa a professora de Francês que elege Paulo Portas como o melhor líder que o partido teve. “Paulo Portas construiu o bolo e ainda colocou a cereja em cima”, elogia, acrescentando que gostaria muito de o ver regressar…

A docente assume que ficou “magoada” com a forma com a direcção do partido lidou com o episódio da contagem do tempo dos professores, mas relativiza, afirmando que “são coisas que acontecem”. “Não é a primeira vez que me sinto, de alguma forma, pouco representada do ponto de vista profissional. A mim, o que me aborrece é terem prometido e depois não terem dado. Se me dissessem, como o fez o Governo de Passos Coelho/Paulo Portas, ‘não dá, ainda temos de esperar’, eu percebia e aceitava, Pela Pátria faz-se tudo”, declara, convencida de que “houve um equívoco qualquer entre a direcção do partido e o hemiciclo”.