Neste Estaleiro de Ílhavo aprende-se a construir robots e a produzir biodiesel
Da Casa das Máquinas até à Ponte vai a distância suficiente para divertir os mais novos, com verdadeiras lições de ciência e tecnologia.
Temos uma boa e uma má notícia para si. Primeiro a boa: para embarcar neste navio não necessita tomar comprimidos para o enjoo. A má: assim que entra a bordo, passam-lhe um avental para as mãos. A ordem passa por arregaçar as mangas, seja a serrar, a montar circuitos eléctricos ou até mesmo a cozinhar. Estamos em pleno Estaleiro, um espaço dedicado à divulgação científica que acaba de abrir portas em Ílhavo, terra que tem o mar por tradição.
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Temos uma boa e uma má notícia para si. Primeiro a boa: para embarcar neste navio não necessita tomar comprimidos para o enjoo. A má: assim que entra a bordo, passam-lhe um avental para as mãos. A ordem passa por arregaçar as mangas, seja a serrar, a montar circuitos eléctricos ou até mesmo a cozinhar. Estamos em pleno Estaleiro, um espaço dedicado à divulgação científica que acaba de abrir portas em Ílhavo, terra que tem o mar por tradição.
Um equipamento direccionado para a comunidade escolar e para as famílias, e que também está a pôr os visitantes a ver estrelas. Já lá vamos. Por ora, ainda há uns quantos degraus para subir até chegar ao topo do edifício (contíguo à Biblioteca Municipal). Da Casa das Máquinas até à Ponte, passando pela Casa do Leme e pela Messe – a estruturação do espaço foi buscar inspiração à ligação das gentes ilhavenses à pesca longínqua.
A jornada tem início na Casa das Máquinas (situada no rés-do-chão), onde não faltam, à semelhança do que acontece nos verdadeiros navios, ferramentas, maquinaria e barulho mecânico. A ideia passa por trabalhar o “natural desenrasque”, conta a nossa guia. Tudo sob o olhar atento dos monitores do Estaleiro e com kits de ferramentas adaptados para diferentes escalões etários, assegura Ana Butt. Também por ali encontramos um teclado de piano feito a partir de papel de cenário e que, ainda assim, vai tocando afinado – é com ele que se aprende como é que funciona um circuito eléctrico –, assim como uns quantos mini robots.
Carolina Novo, de sete anos, encantou-se com eles – chamam-se Ozobots, já agora –, em especial com os seus movimentos. “Eles vão andando consoante aquilo [as linhas] que nós desenhamos”, realçava, já depois de ter cumprido algumas actividades no Estaleiro, juntamente com os seus colegas dos escuteiros. Também Miguel Almeida, de nove anos, se mostrava rendido aos robots e ao piano, garantindo ter aprendido “muitas coisas novas”.
A tecnologia “mora” aqui
Na Casa do Leme, situada no primeiro piso, há inúmeras propostas tecnológicas à espera dos visitantes. Mais uns quantos robots, alguns deles ainda por construir. São robots em lego, que têm de ser montados e programados pelos próprios visitantes. Destaque, também, para a existência de uma sala de impressão em 3D, onde lhe é oferecida a possibilidade de criar o seu próprio desenho e verificar, ao vivo e a cores, como funciona esta tecnologia.
Um piso acima, encontrará a Messe, sem sombra de dúvida o lugar mais apetitoso do Estaleiro. Aqui, trabalha-se o receituário daquele território – conhecido pelo seu pão artesanal e pela forte presença do bacalhau –, recriando receitas, com técnicas de cozinha científica e molecular. Parece complicado, mas não é: com apenas três substâncias, conseguimos fazer esferas comestíveis, daquelas que os grandes chefs gostam de colocar nos pratos.
É também na Messe que está instalada uma pequena “fábrica” de produção de biodiesel. Um espaço onde os visitantes podem ficar a saber como é que o óleo alimentar usado consegue ser transformado num combustível mais amigo do ambiente. E, acima de tudo, são sensibilizados para a importância de reciclar o óleo alimentar usado, em vez de o mandar pelo cano ou pela sanita abaixo.
É no quarto e último piso do Estaleiro que se encontra instalada a Ponte, local onde são transmitidos conceitos básicos de navegação e outros ensinamentos mais exigentes, como é o caso da navegação astronómica. Um palco de excelência para as actividades nocturnas de observação de estrelas que, durante o dia, oferece uma vista privilegiada para a cidade de Ílhavo. Do Museu Marítimo até à Vista Alegre, são vários os atractivos locais que estão ao alcance dos nossos olhos.
Num dos cantos do terraço, encontra-se exposto um antigo detector de gelo, outrora usado nos bacalhoeiros. É apenas uma de várias peças históricas, pertencentes ao Museu Marítimo de Ílhavo, que estão em exposição no Estaleiro – em casa piso, encontrará um ou mais equipamentos. Estão, agora, a dar vida a um novo navio, ajudando a criar o ambiente náutico que pretende ser uma das imagens de marca deste novo equipamento de promoção da ciência.
Ainda a viver a sua fase inaugural – abriu portas a 13 de Janeiro –, o Estaleiro tem entrada gratuita e pode ser visitado mediante reserva prévia, junto do serviço educativo da Câmara Municipal de Ílhavo (estaleiro@cm-ilhavo.pt ou 234 329 633).