Doze países confirmam casos do novo coronavírus. Portugal admite retirar cidadãos de Wuhan

O primeiro caso suspeito de contaminação em Portugal está a ser avaliado. Austrália e a Malásia confirmaram este sábado a detecção de novos casos — outros três, na França, foram registados esta sexta-feira. Na cidade chinesa de Wuhan, epicentro do surto, um médico de 62 anos morreu depois de estar em contacto com pacientes.

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Cidadãos a usar máscaras em Pequim, China REUTERS

A Direcção-Geral de Saúde diz que está a ser avaliado o primeiro caso suspeito de contaminação pelo coronavírus em Portugal. Aguardam-se os resultados das análises laboratoriais. Segundo o comunicado, o doente regressou este fim-de-semana da China e já se encontra no Hospital de Curry Cabral, em Lisboa, Hospital de Referência para estas situações. 

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A Direcção-Geral de Saúde diz que está a ser avaliado o primeiro caso suspeito de contaminação pelo coronavírus em Portugal. Aguardam-se os resultados das análises laboratoriais. Segundo o comunicado, o doente regressou este fim-de-semana da China e já se encontra no Hospital de Curry Cabral, em Lisboa, Hospital de Referência para estas situações. 

Na Austrália, o primeiro-ministro australiano, Scott Morrison, anunciou este sábado que foi detectado o primeiro caso de um paciente infectado com o novo coronavírus, que já matou 41 pessoas na China.

Num comunicado divulgado através do Twitter, Morrison afirmou que se trata de um cidadão chinês de Wuhan, onde o surto começou, que viajou para Melbourne, na Austrália, a 19 de Janeiro. “Está a ser tratado em isolamento num hospital em Victoria [capital do Estado]. As autoridades estão a localizar e a entrar em contacto com todos os passageiros que viajaram no mesmo voo para Melbourne e com todas as pessoas que tenham tido contacto com o homem desde essa altura”, referiu o primeiro-ministro, acrescentando que “já era esperado que o vírus chegasse à Austrália”. Scott Morrison garantiu que os serviços de saúde australianos estão preparados para diagnosticar, isolar e tratar qualquer caso do novo coronavírus.

Também a ministra francesa da Saúde, Agnès Buzyn, anunciou esta sexta-feira que foram identificados três casos de infecção no país: um paciente em Bordéus e outros dois na zona de Paris. Estes foram os primeiros casos confirmados no continente europeu, depois de os 14 casos de pacientes que estavam a ser examinados no Reino Unido terem sido descartados como negativos — as autoridades britânicas procuram dois mil viajantes que chegaram recentemente de Wuhan para serem submetidos a exames.

Os Estados Unidos, França e também Portugal admitiram este sábado vir a retirar os seus cidadãos da cidade chinesa de Wuhan.

Entretanto, os casos confirmados e suspeitas de infecção multiplicam-se em vários pontos do globo: Taiwan (três casos confirmados), Tailândia (quatro casos), Japão (três casos), Nepal (um caso), Malásia (três casos), Coreia do Sul (dois casos), EUA (dois casos), Singapura (três casos), Vietname (pelo menos um caso), Macau (um caso), França (três casos) e agora na Austrália (um caso).

Na China, as autoridades anunciaram na noite desta sexta-feira que o número de vítimas mortais do surto subiu para 41, e que há agora 1300 casos confirmados de infecção. A 41.ª vítima é um médico de 62 anos que morreu em Wuhan depois de estar em contacto com pacientes e contrair o vírus.

China em quarentena

Um pouco por todo o país estão a ser tomadas medidas para se conter a propagação deste coronavírus, chamado 2019-nCoV, a apenas alguns dias da celebração do Ano Novo chinês. Vários eventos de Ano Novo foram cancelados, incluindo em Macau. Pelo menos 18 cidades da província de Hubei, com uma população de 60 milhões e cuja capital é Wuhan, decretaram quarentena e impuseram restrições de movimentação — sendo que muitas cidades suspenderam completamente os serviços de transporte. Em Wuhan, por exemplo, não há serviço de autocarro, metro ou barco e foram cancelados todos os aviões e comboios com destino a outras cidades.

Segundo noticia este sábado o jornal chinês People's Daily​, um segundo hospital será especialmente construído “dentro de duas semanas” na cidade de Wuhan para tratar os doentes. O novo hospital terá capacidade para 1300 camas, às quais se somarão os lugares que estão previstos para o primeiro hospital para pacientes portadores do vírus que será construído em dez dias, conforme foi anunciado esta sexta-feira, acrescenta o jornal estatal.

Em Xangai, todos os cinemas foram encerrados até 30 de Janeiro para tentar impedir a propagação do vírus. O Governo chinês também ordenou que as entradas em monumentos públicos, onde se juntam milhares de pessoas, fossem suspensas ou canceladas. É o caso da Grande Muralha da China ou da Disneyland. Segundo os meios de comunicação chineses, mais de 1200 militares e médicos foram enviados para Wuhan para ajudar.

O Presidente chinês convocou para este sábado uma reunião especial do Governo com o objectivo de definir medidas para combater a propagação do vírus. Citado pela televisão do Estado no dia do feriado do Ano Novo Chinês,  Xi Jinping alertou para uma “situação grave” e disse que o vírus está a “acelerar a sua velocidade”, anunciando ainda que vários recursos e especialistas médicos estão a ser encaminhados para a região de Wuhan.

Hong Kong declarou o estado de emergência devido ao novo coronavírus e vai manter encerradas as escolas primárias e secundárias durante as duas próximas semanas, depois das férias do Ano Novo Chinês. Outra das medidas anunciadas este sábado foi a decisão de bloquear o acesso de comboios e aviões com origem na cidade chinesa de Wuhan, onde o vírus foi detectado pela primeira vez no final do ano passado.

ECDC diz que mais casos podem ser detectados na UE

Depois de três casos detectados em França, o Centro Europeu para o Controlo e Prevenção de Doenças (ECDC, na sigla inglesa) afirma que é provável que outros sejam registados na União Europeia. Num comunicado divulgado este sábado, o ECDC refere que este desenvolvimento “não foi inesperado”, mas que o facto de os casos terem sido identificados prova que a detecção e confirmação do novo vírus está a funcionar. O Centro assegura que a maior parte dos países europeus têm as capacidades necessárias para prevenir e controlar um surto assim que os casos sejam detectados.

“A maior parte dos países da UE possui planos e medidas para conter este tipo de infecção e a Europa possui laboratórios bem equipados que podem confirmar casos prováveis, além de hospitais preparados para tratar os pacientes de acordo”, lê-se na nota.

Portugal, EUA e França admitem retirar cidadãos de Wuhan

As autoridades portuguesas estão a cooperar com outros países europeus para reforçar o apoio aos cidadãos nacionais que se encontram em Wuhan, admitindo a possibilidade de retirá-los da chinesa. “Estamos em contacto com os cidadãos e a cooperar com outros países europeus para procurar reforçar o apoio aos compatriotas portugueses retidos” em Wuhan, disse este sábado à Lusa fonte do gabinete da secretária de Estado das Comunidades Portuguesas, Berta Nunes. Um dos cenários, adiantou a mesma fonte, é o de retirar os portugueses daquela cidade, “se isso for viável à luz das regras de saúde pública”.

Na sexta-feira, o Governo tinha indicado que a embaixada portuguesa identificou 20 cidadãos que são ali residentes ou que se encontram em visita à cidade.

O Wall Street Journal noticia este sábado que os Estados Unidos estão a planear retirar os seus cidadãos da cidade de Wuhan. De acordo com o jornal norte-americano, existem cerca de mil cidadãos americanos em Wuhan. O consulado dos EUA está a contactá-los para oferecer um lugar no avião especial que partirá este domingo da cidade chinesa. A aeronave tem lugar para apenas 230 pessoas, onde se incluem diplomatas do consulado dos EUA e cidadãos norte-americanos e as suas famílias. Os cidadãos que escolherem sair da cidade serão responsáveis ​pelo custo do voo, disse fonte da operação ao jornal.

Também o South China Morning Post avança que a França está a preparar um serviço de autocarros para levar os seus cidadãos daquela cidade para outro local da China. "O consulado geral, em colaboração com as autoridades locais, planeia criar um serviço de autocarros para permitir que cidadãos franceses, os seus companheiros e filhos viajem de Wuhan para Changsha”, lê-se no documento enviado a vários cidadãos franceses pelo consulado.