Kim escolhe militar de linha dura como ministro dos Negócios Estrangeiros

Ri Son-gwon é o novo responsável pela diplomacia norte-coreano e a sua nomeação indica um afastamento da via diplomática.

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Ri Son-gwon era presidente do Comité para a Reunificação Pacífica da Coreia Reuters/POOL New

O novo chefe da diplomacia norte-coreana é um antigo comandante militar conhecido por defender uma linha dura nas negociações com os EUA, confirmou esta sexta-feira a agência estatal KCNA.

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O novo chefe da diplomacia norte-coreana é um antigo comandante militar conhecido por defender uma linha dura nas negociações com os EUA, confirmou esta sexta-feira a agência estatal KCNA.

Ri Son-gwon, um antigo oficial das Forças Armadas sem experiência como diplomata, é o novo ministro dos Negócios Estrangeiros e vem substituir Ri Yong-ho, que caiu em desgraça após o falhanço da cimeira de Hanói, entre Kim Jong-un e Donald Trump em Fevereiro.

A KCNA disse que Ri participou num banquete com embaixadores comemorativo do Ano Novo Lunar na qualidade de ministro dos Negócios Estrangeiros, pondo fim à especulação dos últimos dias. O Governo norte-coreano já tinha notificado as embaixadas da mudança, diz a agência sul-coreana Yonhap.

A escolha de um militar para chefiar o aparelho diplomático é considerada uma prática muito pouco comum, mesmo na Coreia do Norte, observam os analistas. “Ter um antigo oficial do Exército à frente da diplomacia simboliza uma postura inequívoca do Norte contra Washington”, disse à AFP o dissidente norte-coreano Ahn Chan-il, que trabalha hoje como investigador em Seul.

Ri passou a última década envolvido no diálogo inter-coreano e chegou a presidir ao Comité para a Reunificação Pacífica da Coreia. Há relatos de que chegou a abandonar intempestivamente uma reunião com uma comitiva sul-coreana, em 2014, quando lhe foi pedido que apresentasse desculpas por provocações militares.

A escolha de Ri como ministro dos Negócios Estrangeiros reforça a percepção de que Pyongyang pretende afastar-se das conversações com Washington, depois de as iniciativas mais recentes terem falhado. A cimeira de Hanói, abandonada pela delegação norte-coreana mais cedo que o previsto, marcou a ruptura do diálogo. Foi também a partir daí que a situação do anterior ministro dos Negócios Estrangeiros se tornou insustentável.

“Ri Yong-ho é o dirigente que foi efectivamente afastado após os encontros de Hanói e foi demitido porque os interlocutores escolhidos pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros pareceram não alcançar nada”, disse à Reuters o analista do Stimson Centre, Michael Madden.

No discurso de Ano Novo, Kim Jong-un disse já não se sentir vinculado pela moratória aos testes de armamento nuclear imposta por si dois anos antes e prometeu testar “uma nova arma estratégica” no futuro. Apesar de nenhuma bomba atómica ter sido lançada desde que Pyongyang lançou uma série de iniciativas de aproximação diplomática à Coreia do Sul e aos EUA, o regime tem feito testes de mísseis balísticos.

Em causa estão as negociações entre Pyongyang e Washington sobre o programa nuclear norte-coreano. A grande prioridade dos EUA é o desmantelamento total e verificável das armas nucleares e das fábricas para a sua produção. Mas Kim tem exigido garantias de segurança para o seu regime, que passam pelo levantamento das sanções económicas e, no futuro, pela retirada militar norte-americana da região.