lsabel dos Santos põe participação maioritária da Efacec à venda

Mário Leite da Silva e Jorge Brito Pereira, aliados da empresária, também renunciaram aos seus cargos de liderança na empresa.

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Efacec na Maia DR

Isabel dos Santos, que detém 67,2% da Efacec, colocou à venda a sua participação, “com efeitos definitivos”, informou esta sexta-feira o Conselho de Administração da empresa nortenha, em comunicado. A liderança da empresa passa agora a ser assumida pela Têxtil Manuel Gonçalves e Grupo José de Mello, que detêm o restante capital.

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Isabel dos Santos, que detém 67,2% da Efacec, colocou à venda a sua participação, “com efeitos definitivos”, informou esta sexta-feira o Conselho de Administração da empresa nortenha, em comunicado. A liderança da empresa passa agora a ser assumida pela Têxtil Manuel Gonçalves e Grupo José de Mello, que detêm o restante capital.

É, depois do EuroBic, a segunda venda de negócios em Portugal, na sequência do Luanda Leaks. No caso da Efacec, a participação é detida pela Winterfell 2 Limited, com sede em Malta.

Na sequência da decisão, Mário Leite da Silva, braço-direito da empresária, renunciou ao cargo de presidente do Conselho de Administração da Efacec e Jorge Brito Pereira, também próximo dos negócios da angolana, renunciou ao cargo de presidente da Assembleia Geral da Efacec Power Solutions. Ambas as renúncias têm “efeito imediato”.

De acordo com o comunicado divulgado, “Isabel dos Santos solicitou ao Conselho de Administração para iniciar, com efeito imediato, as diligências necessárias para concretizar a sua saída da estrutura accionista da Efacec Power Solutions, tendo o Conselho de Administração para esse efeito, desde já, nomeado assessores”.

O Conselho de Administração da Efacec deixa “uma palavra de tranquilidade e confiança a todos os nossos trabalhadores, clientes e fornecedores”, acrescentando que, em conjunto, será possível “manter e reforçar a posição da Efacec como uma referência nos sectores onde actua, retribuindo a confiança de centenas de clientes em todo o mundo”.

O comunicado informa ainda que “a Comissão Executiva continua vinculada, a princípios de independência e de uma gestão sã, diligência e boa-fé e totalmente focada na concretização do plano de desenvolvimento de negócio para 2020, com atenção aos interesses de todas as suas partes interessadas, incluindo os seus clientes, colaboradores e fornecedores”.

Sem entrar em mais pormenores, o Grupo José de Mello disse ao PÚBLICO, que “reitera a sua total confiança no futuro da Efacec Power Solutions, nos seus colaboradores e na equipa de gestão, estando já a apoiar o Conselho de Administração da empresa na implementação de medidas que garantam a continuidade do negócio, bem como no desenvolvimento das diligências necessárias para a concretização das necessárias alterações na estrutura accionista da sociedade”.

Tal como o PÚBLICO noticiou na edição desta sexta-feira, a Efacec é o negócio mais exposto ou mais vulnerável à empresária Isabel dos Santos, por várias razões. Uma delas é o facto de apresentar uma carteira de encomendas modesta, que precisa de ser substancialmente ampliada, e de esse objectivo poder ser prejudicado pela imagem reputacional da maior accionista. No Relatório e Contas de 2018, a empresa inscreveu 433 milhões de euros de vendas e uma carteira de encomendas de 533 milhões de euros. O plano de crescimento da Efacec, definido pela empresária, que entrou na empresa em finais de 2015, assentava principalmente em Angola, onde não se veio a confirmar nem um grande crescimento de negócios, nem o recebimento de todos os investimentos realizados no passado.

Outra vulnerabilidade prende-se com a estrutura de capitais próprios, numa altura em que o financiamento bancário ou junto de investidores institucionais será mais difícil. O EuroBic cortou relações comerciais com a empresária, e a emissão de obrigações que a Efacec fez em 2019, no montante de 58 milhões de euros, junto de investidores institucionais, foi feito à taxa de 4,5%, relativamente elevada, face a outras emissões empresariais.

Ministério Público vai investigar suspeitas de branqueamento a partir de Portugal

O Ministério Público português vai investigar suspeitas de branqueamento de capitais relacionadas com transferências avultadas ordenadas pela empresária Isabel dos Santos, a partir de contas sediadas em Portugal. Isto porque as autoridades angolanas não possuem competência, à luz da sua própria legislação, para investigar a lavagem de dinheiro realizada a partir do estrangeiro.

Segundo o PÚBLICO apurou, o Ministério Público português ainda está a estudar a melhor forma de dar início a esta investigação, sendo a hipótese mais provável que seja retirada uma certidão (cópia de elementos de prova) do inquérito que visa a filha do ex-Presidente de Angola e de outros elementos da elite daquele país que continua pendente no Departamento Central de Investigação e Acção Penal há vários anos. A ideia é autonomizar a investigação relativamente a Isabel dos Santos, reunindo os elementos que foram recolhidos ao longo do tempo e os mais recentes.

Entre estes últimos estão por exemplo, as três transferências num valor global de quase 58 milhões de dólares transferidos no dia 16 de Novembro de 2017, o dia seguinte ao anúncio da exoneração de Isabel dos Santos da liderança da Sonangol e o dia da tomada de posse do seu sucessor. O dinheiro saiu de uma conta da petrolífera angolana no EuroBic, em Lisboa, e teve como destino a conta bancária de uma sociedade offshore gerida pelo braço-direito da filha do ex-presidente angolano, Mário Leite da Silva, e detida por uma amiga.