Arriscamos que há já muitos anos que na literatura portuguesa não aparecia um primeiro livro de contos com uma voz literária tão forte como Quartos de Final e Outras Histórias (Elsinore, 2019), de Cláudia Andrade (n. 1975) — uma voz onde se pressente o longo caminho percorrido, num intenso trabalho de escrita e reescrita, para atingir este nível de limpidez e clareza. Mas basta a leitura das primeiras páginas para se notar quase de imediato a primeira singularidade desta escrita: uma riqueza lexical, sem estar a “armar ao literário”, que vai sendo já pouco usual na literatura portuguesa. Não houvesse outras virtudes singulares na escrita de Cláudia Andrade, e este léxico cuidado quase seria suficiente para marcar um estilo; mas há mais, e entre elas destaca-se o domínio narrativo que lhe permite ultrapassar as formas canónicas do conto e levar a história a ser contada de diferentes maneiras, por exemplo misturando dois planos e em que um deles assenta nas memórias das personagens. Isto chega para dar à autora uma “assinatura”, um nome, o peso de um estilo.
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Arriscamos que há já muitos anos que na literatura portuguesa não aparecia um primeiro livro de contos com uma voz literária tão forte como Quartos de Final e Outras Histórias (Elsinore, 2019), de Cláudia Andrade (n. 1975) — uma voz onde se pressente o longo caminho percorrido, num intenso trabalho de escrita e reescrita, para atingir este nível de limpidez e clareza. Mas basta a leitura das primeiras páginas para se notar quase de imediato a primeira singularidade desta escrita: uma riqueza lexical, sem estar a “armar ao literário”, que vai sendo já pouco usual na literatura portuguesa. Não houvesse outras virtudes singulares na escrita de Cláudia Andrade, e este léxico cuidado quase seria suficiente para marcar um estilo; mas há mais, e entre elas destaca-se o domínio narrativo que lhe permite ultrapassar as formas canónicas do conto e levar a história a ser contada de diferentes maneiras, por exemplo misturando dois planos e em que um deles assenta nas memórias das personagens. Isto chega para dar à autora uma “assinatura”, um nome, o peso de um estilo.