China põe mais duas cidades em quarentena por causa do novo vírus. Vinte milhões de pessoas afectadas
Autoridades ordenam encerramento de Huanggang e Ezhou, depois de já terem colocado Wuhan de quarentena. Pânico generalizado e corrida aos supermercados e bombas de gasolina são as principais preocupações nas cidades com milhões de habitantes.
As autoridades chinesas puseram de quarentena mais duas cidades, Huanggang e Ezhou , depois de na quarta-feira terem fechado Wuhan, que é o epicentro do surto do novo tipo de coronavírus que já infectou pelo menos 571 pessoas e fez 17 mortes, segundo o mais recente balanço oficial divulgado pela agência noticiosa chinesa Xinhua.
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As autoridades chinesas puseram de quarentena mais duas cidades, Huanggang e Ezhou , depois de na quarta-feira terem fechado Wuhan, que é o epicentro do surto do novo tipo de coronavírus que já infectou pelo menos 571 pessoas e fez 17 mortes, segundo o mais recente balanço oficial divulgado pela agência noticiosa chinesa Xinhua.
A partir das 10h00 desta quinta-feira (2h00 em Portugal) os meios de transporte público foram suspensos em Huanggang, e encerrados todos os espaços públicos, como cinemas, museus e cibercafés, e as autoridades pedem aos cidadãos que não deixem a cidade e que evitem multidões. A quarentena entra oficialmente em vigor a partir da meia-noite.
Com o Ano Novo chinês à porta e com ele um cenário de deslocações de centenas de milhões de pessoas dentro do país, as autoridades estenderam as restrições de viagem e a suspensão das linhas de comboios em três cidades: Wuhan, Huanggang e Ezhou.
Huanggang e Ezhou ficam perto de Wuhan, capital da província de Hubei, cidade de 11 milhões de habitantes, localizada no centro da China onde surgiram os casos desta doença viral, que se julga ter sido transmitida directamente por um animal, mas que ainda não se sabe qual é. Huanggang tem cerca de 7 milhões de habitantes e Ezhou um pouco mais de um milhão.
Em Wuhan há um sentimento de pânico por ter sido encerrada a cidade – o aeroporto, as estradas, autocarros e transportes por rio foram fechados, para impor uma quarentena estrita.
Houve uma corrida aos supermercados bombas de gasolina, apesar de as autoridades apelarem à calma, pedindo aos cidadãos que não tentem açambarcar bens, relata a correspondente do jornal The Guardian em Pequim.
As máscaras de protecção do rosto esgotaram-se nas farmácias, porque o seu uso se tornou obrigatório nos espaços públicos, e teme-se uma escassez de comida, medicamentos e de outros bens de primeira necessidade.
Até ao momento, os serviços de saúde chineses acompanham 5897 pessoas que mantiveram contacto próximo com pacientes infectados e, dessas, 4928 estão em observação. De acordo com a Comissão Nacional de Saúde da China, o período de incubação do vírus pode estender-se até 14 dias.
Guan Yi, um académico de Hong Kong especialista em doenças infecciosas, que teve um papel determinante na identificação do surto de Síndrome Respiratória Aguda (SARS) de 2002-2003, deslocou-se na terça-feira a Wuhan, para ajudar a encontrar o animal que possa ter transmitido o coronavírus, e mostrou-se desiludido com a actuação “pouco célere” das autoridades locais.
Em entrevista à revista chinesa Caixin, citada pelo New York Times, Yi garante que não foram tomadas medidas sanitárias preventivas suficientes, nos aeroportos ou nos espaços públicos, apesar das ordens vindas de Pequim.
“Por esta altura devíamos estar em ‘estado de guerra’, como é que não foi dado o alarme mais cedo?”, questionou o professor. “Pobres cidadãos, estão a preparar-se pacificamente para o Ano Novo e não têm quaisquer noções sobre a epidemia”.
Esta quinta-feira, um grupo de 16 peritos da Organização Mundial de Saúde volta a reunir-se em Genebra para avaliar se o surto na China, que se espalhou a alguns países, deve ser considerado uma emergência internacional, depois de não ter conseguido chegar a uma decisão na quarta-feira.
Nos Estados Unidos, pelo menos 16 pessoas tiveram contacto próximo com um homem de 30 anos do estado de Washington diagnosticado com o novo coronavírus identificado na China, e que está a recuperar bem da doença.
Nenhuma destas pessoas revelou, até agora, ter contraído a infecção, que provoca sintomas semelhantes à gripe, disse John Wiesman, secretário de Saúde do estado de Washington, citado pela Reuters.
Foram ainda reportados outros casos de infecção pelo coronavírus surgido em Wuhan na Tailândia, no Japão, na Coreia do Sul e em Taiwan.