Mercado de São Sebastião tem luz verde da Cultura do Norte: reabilitação pronta este ano

DRCN aprovou projecto de reabilitação de mercado na Sé. Além de peixe, novo espaço terá frescos, espaço de comércio, restauração e uma esplanada.

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Mercado de São Sebastião foi erguido nos anos 90 Nelson Garrido

António Fonseca não se compromete ainda com datas. Mas depois de uma reunião com engenheiros e arquitectos, na manhã desta quarta-feira, o presidente da junta de freguesia do centro histórico do Porto sabe que a notícia há anos ansiada pode finalmente ser dada: o mercado de São Sebastião vai ser reabilitado e estará pronto para se transformar em cartão-de-visita da Sé e centro histórico ainda este ano. A empreitada, aliás, não deverá demorar mais de dois meses – mas é preciso juntar a isso o tempo do concurso público.

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António Fonseca não se compromete ainda com datas. Mas depois de uma reunião com engenheiros e arquitectos, na manhã desta quarta-feira, o presidente da junta de freguesia do centro histórico do Porto sabe que a notícia há anos ansiada pode finalmente ser dada: o mercado de São Sebastião vai ser reabilitado e estará pronto para se transformar em cartão-de-visita da Sé e centro histórico ainda este ano. A empreitada, aliás, não deverá demorar mais de dois meses – mas é preciso juntar a isso o tempo do concurso público.

O financiamento para esta reabilitação virá, maioritariamente, do orçamento colaborativo de 2019, para o qual as freguesias tiveram 100 mil euros da Câmara do Porto para destinar a projectos nas suas geografias. Ao mercado dos anos 90 com uma cobertura verde, a junta vai destinar pelo menos 75 mil euros, juntando valências para dinamizar o espaço e transformá-lo naquilo que nunca conseguiu ser: um local de atracção frequentado por turistas e portuenses (a desertificação do centro histórico não ajudou num final feliz para o mercado).

Mantendo a venda de peixe – as vendedoras nem terão de abandonar as suas bancas durante a obra porque a intervenção nesta zona é ligeira -, o projecto inclui uma zona de frescos, uma cafetaria, três casas de banho, uma área de comércio (artesanato, livrarias, alfarrabistas, floristas, etc.) e uma de restauração, com aposta “no que é nosso e típico” e uma esplanada na zona norte.

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Degradação do espaço é visível há vários anos Nelson Garrido

Outras valências terão agora de ser pensadas para, por exemplo, cumprir as normas de acessibilidade. E aproveitando a oportunidade, o saneamento e iluminação serão revistos, bem como a sinalética da estrutura.

O projecto havia sido enviado para a Direcção Regional de Cultura do Norte (DRCN) em Outubro e precisava de parecer desta entidade, que irá acompanhar toda a intervenção, por estar integrado em zona classificada. A 13 deste mês, a luz verde foi dada e a ideia começou a ganhar velocidade na junta de freguesia.

Com a empreitada, acredita António Fonseca, será possível ainda mitigar problemas de saúde pública e segurança, já que há muito as redondezas do mercado, que é propriedade do município mas tem gestão da junta de freguesia, se transformaram em zona onde é feito consumo de substâncias ilícitas.

Apesar de aquela zona ser destino turístico por excelência, com visitantes e turistas a passar a (polémica) Avenida da Ponte em direcção à Sé Catedral. O mercado feito em socalcos é muitas vezes fotografado, mas raramente visitado. Agora, acredita António Fonseca, que há mais de cinco anos já falava na urgência deste projecto, o “desperdício do espaço” pode estar perto do fim.

Biblioteca das coisas em obras

O mercado de São Sebastião foi uma das duas apostas do executivo do centro histórico para o Orçamento Colaborativo de 2019, envolto em alguma polémica por haver juntas a serem simultaneamente proponentes de projectos e júri dos mesmos. No centro histórico, as ideias foram dadas pela junta – reabilitação do mercado e construção da “biblioteca das coisas” -, mas o júri foi independente e composto pelo historiador Helder Pacheco, o ex-vice-presidente da Câmara e ex-vereador do Urbanismo, Paulo Morais, e o provedor da Santa Casa da Misericórdia, António Tavares.

As obras na “Biblioteca das Coisas” avançaram no início desta semana e devem estar concluídas dentro de um mês. O conceito parte da ideia de que ferramentas e utensílios aos quais as famílias dão pouco uso, como berbequins ou tendas de campismo, podem ser utilizadas naquele espaço. O acesso às ferramentas na biblioteca, na Praça Carlos Alberto, será gratuito e o arrendamento feito por valores simbólicos para comerciantes.

“Temos população carenciada que às vezes nem tem como fazer um arranjo em casa e temos comerciantes que precisam de recorrer a uma ferramenta, mas se calhar evitariam comprá-la só para uma ou duas vezes. À semelhança de uma biblioteca, onde se requisitam livros, vamos emprestar e alugar materiais”, descreveu António Fonseca na altura, estimando gastar cerca de 25 mil euros na concretização desta ideia.