Isabel dos Santos provoca demissão de alto quadro da consultora PwC
Jaime Esteves deixou de liderar o departamento fiscal e de auditoria da PwC em Portugal. Segundo confirmou o próprio, devido à “seriedade das alegações do Luanda Leaks”.
A consultora PricewaterhouseCoopers (PwC) confirmou na segunda-feira que tinha terminado todas as ligações contratuais com as empresas ligadas a Isabel dos Santos. Agora, os danos chegaram ao escritório português, com o líder do departamento fiscal e de auditoria da PwC a informar as equipas desta unidade que iria abandonar o cargo, confirmou o PÚBLICO.
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A consultora PricewaterhouseCoopers (PwC) confirmou na segunda-feira que tinha terminado todas as ligações contratuais com as empresas ligadas a Isabel dos Santos. Agora, os danos chegaram ao escritório português, com o líder do departamento fiscal e de auditoria da PwC a informar as equipas desta unidade que iria abandonar o cargo, confirmou o PÚBLICO.
Ao Observador, Jaime Esteves explicou que esta decisão surge devido à “seriedade das alegações do Luanda Leaks”. “Entendi que devia deixar de liderar o departamento e pedi para ser substituído”, referiu. O responsável mantém-se, contudo, na consultora cujo trabalho de proximidade com o universo empresarial de Isabel dos Santos foi exposto pelo ICIJ - Consórcio Internacional de Jornalistas.
A decisão foi tomada a nível central na PwC internacional dado que afecta o grupo no seu todo. Já esta segunda-feira, o presidente-executivo da consultora, Bob Moritz, reconheceu em Davos que estava desiludido “por não termos identificado isto mais cedo e desiludido por não termos saído mais cedo”, numa alusão ao fim dos contratos de serviços a empresas controladas pela empresária angolana Isabel dos Santos, anunciado também na segunda-feira.
“Nós esforçamo-nos para manter os mais altos padrões profissionais na PwC e estabelecemos expectativas de comportamento ético consistente por todas as empresas da PwC na nossa rede global. Em resposta às alegações muito sérias e preocupantes levantadas, iniciámos imediatamente uma investigação e estamos a trabalhar para avaliar minuciosamente os factos e concluir a nossa investigação”, desenvolveu a empresa em comunicado, confirmando que tomou “medidas para encerrar qualquer trabalho em curso para entidades controladas por membros da família dos Santos”.
Segundo o jornal Expresso, Jaime Esteves é, em conjunto com Ivo Farias, um dos sócios da PwC que mais trabalhou com Mário Leite da Silva, o braço direito de Isabel dos Santos em muitos dos negócios que estão não só na mira das autoridades, mas que também foram expostos pelo caso Luanda Leaks. Um conjunto de ficheiros que expõe a colaboração que a PwC, uma das maiores auditoras do mundo, prestou a Isabel dos Santos em vários dossiers, entre os quais a Sonangol, o Banco de Fomento Angola, a Unitel ou, em Portugal, a Efacec, isto para além da prestação de serviços nos sectores cimenteiro, construção e distribuição em Angola, onde a empresária tem investimentos.