Ministra moçambicana da Cultura sai da orquestra da Casa da Música para ir ajudar o seu país

Nova governante é oboé solista da Orquestra Sinfónica do Porto, e dinamizadora do projecto musical e de ensino Xiquitsi, em Maputo.

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Eldevina Materula DR

A oboísta moçambicana Eldevina "Kika” Materula, que integra a formação da Orquestra Sinfónica do Porto Casa da Música, é a nova ministra da Cultura e do Turismo do Governo do seu país, que tomou posse no passado sábado. É uma dos 18 membros do novo Governo escolhido pelo Presidente Filipe Nyusi.

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A oboísta moçambicana Eldevina "Kika” Materula, que integra a formação da Orquestra Sinfónica do Porto Casa da Música, é a nova ministra da Cultura e do Turismo do Governo do seu país, que tomou posse no passado sábado. É uma dos 18 membros do novo Governo escolhido pelo Presidente Filipe Nyusi.

Eldevina Materula assumiu esta segunda-feira, em declaração à Agência Lusa, que nunca teve aspirações a ser ministra do seu país, mas disse que sempre teve a “aspiração de ajudar Moçambique”. “Esta nunca foi uma aspiração minha: ser ministra. Mas foi sempre uma aspiração minha ajudar Moçambique e, por isso, faço o que faço em Moçambique com o projecto [de ensino] Xiquitsi”, avançou a nova ministra moçambicana, a partir do Porto, cidade onde actualmente desempenha as funções de oboé solista na Sinfónica da Casa da Música.

A poucas horas de viajar para Moçambique, a ministra da Cultura e do Turismo declarou, por seu turno, que se sente “extremamente honrada” por ter sido nomeada para o cargo no seu país. “Não poderia estar mais feliz, porque isto é, sem dúvida, o reconhecimento de um trabalho que tenho vindo a desenvolver em Moçambique de forma altamente profissional e sem estar ligada a qualquer partido político”, disse, voltando a referir-se ao projecto Xiquitsi, iniciado em 2013 na capital moçambicana.

Este projecto tem o objectivo de trabalhar para a integração, inserção social e capacitação profissional de crianças e jovens de meios desfavorecidos por intermédio do ensino colectivo da música. Pretende também criar a primeira orquestra sinfónica do país. O Xiquitsi valeu à actual ministra da Cultura de Moçambique uma condecoração com a medalha da Ordem de Mérito, pelo Presidente da República Portuguesa, em 2016.

A nomeação de Eldevina Materula foi também celebrada pela Fundação Casa da Música. “A Casa da Música deseja a Eldevina Materula as maiores felicidades no exercício do cargo de ministra da Cultura e Turismo de Moçambique”, lê-se num comunicado enviado à comunicação social.

Eldevina é oboé solista da orquestra residente da Casa da Música desde 2009, e tem contribuído com “competência e dedicação para a qualidade da Orquestra Sinfónica” e para o “desenvolvimento da vida musical portuguesa”, acrescenta a Casa da Música.

Além da sua actividade na Orquestra Sinfónica do Porto, Eldevina Materula tem-se distinguido também como docente e directora artística e autora do Xiquitsi.

Eldevina "Kika" Materula, de 37 anos, nasceu em Maputo, iniciou os seus estudos musicais aos sete anos e, aos 13 anos, veio para Portugal estudar na Escola Profissional de Música de Évora, no âmbito de um intercâmbio, e foi aí que descobriu o que era um oboé, o instrumento que toca na Orquestra da Casa da Música, entidade na qual faz parte dos quadros de trabalhadores, mas da qual vai agora fazer “uma pausa”, segundo fonte da Casa da Música.

O novo executivo moçambicano entrou em funções no domingo. As eleições gerais realizaram-se no dia 15 de Outubro do ano passado, nas quais Filipe Nyusi venceu as presidenciais e o seu partido, Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), ganhou as legislativas e provinciais. Na cerimónia de posse, que decorreu no sábado no Palácio da Ponta Vermelha, residência oficial do chefe de Estado moçambicano, tomaram posse o primeiro-ministro e 16 dos 17 ministros nomeados na véspera, estando ausente Eldevina Materula, que ainda não tinha chegado ao seu país, viajando do Porto.