Google quer deixar de aceitar cookies de terceiros nos próximos dois anos
A decisão foi justificada com base em exigências de privacidade dos utilizadores, mas a empresa já está a explorar alternativas para continuar a apresentar anúncios a grandes grupos de pessoas com gostos parecidos.
O Google não quer mais cookies de terceiros na sua plataforma. O plano da gigante norte-americana, partilhado esta segunda-feira, é “tornar cookies de terceiros obsoletos” ao dar o exemplo e deixar de suportar os pequenos ficheiros – também conhecidos por rastreadores – que registam informação como o comportamento online do utilizador, a idade, localização, e hábitos de pesquisa para apresentar anúncios personalizados. São uma das ferramentas de publicidade mais utilizadas na Internet.
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O Google não quer mais cookies de terceiros na sua plataforma. O plano da gigante norte-americana, partilhado esta segunda-feira, é “tornar cookies de terceiros obsoletos” ao dar o exemplo e deixar de suportar os pequenos ficheiros – também conhecidos por rastreadores – que registam informação como o comportamento online do utilizador, a idade, localização, e hábitos de pesquisa para apresentar anúncios personalizados. São uma das ferramentas de publicidade mais utilizadas na Internet.
Contrariamente a restrições do género anunciadas pela Apple, Microsoft e Mozilla nos últimos anos (donas dos navegadores Safari, Edge e Firefox, respectivamente), o Google quer que a mudança seja gradual. E quer que outros sites façam o mesmo.
“A nossa intenção é conseguir isto nos próximos dois anos”, lê-se num texto assinado pelo director de engenharia do Google Chrome, Justin Schuh. Faz parte dos planos da tecnológica reformular os padrões da Interne até 2022, para um modelo mais focado na privacidade. “Os utilizadores estão a exigir mais privacidade – incluindo transparência, escolha e controlo sobre a forma como os seus dados são utilizados – e é claro que o ecossistema online tem de evoluir para respeitar estas exigências”, continua Schuh, que diz que o objectivo do Google não é erradicar todo o tipo de cookies. Nem acabar com a publicidade online. “É preciso contemplar as necessidades dos utilizadores, editores e anunciantes, e ter ferramentas para mitigar a adaptação”.
Regra geral, há muito que é fácil apagar cookies – basta procurar a opção nas definições do navegador que se usa (frequentemente na secção dedicada ao histórico). O problema é que há vários tipos de cookies, alguns sem qualquer relação com publicidade, e os navegadores tratam-nos todos da mesma forma. Ou seja, quando se apagam cookies de terceiros, apagam-se, também cookies que permitem guardar palavras-passe, preferências, e carrinhos de compras em loja. Muitas vezes estes outros cookies também são usados para melhorar a experiência do utilizador e o desempenho do site (o PÚBLICO, por exemplo, utiliza cookies para guardar as preferências dos leitores). “Acreditamos que [banir todos os cookies] teria consequências indesejadas com um impacto possivelmente negativo para os utilizadores e o ecossistema Web”, nota Schuh.
O Google já está a explorar alternativas para continuar a apresentar anúncios a grandes grupos de pessoas com gostos parecidos – só que sem recolher dados pessoais que identifiquem o utilizador. Algumas propostas foram apresentadas em Agosto de 2019 como parte do projecto Privacy Sandbox (caixa de areia de privacidade, em português).
Uma possibilidade é uma técnica chamada aprendizagem federada. “Avanços na inteligência artificial tornam as nossas protecções de privacidade mais fortes”, explicou, na altura, Eric Miraglia, director do departamento de privacidade e protecção de dados do Google. “[A aprendizagem federada] permite aos programadores treinar modelos de inteligência artificial e criar produtos mais inteligente – para todos – sem que os dados saiam do dispositivo do utilizador.” Na prática, o navegador só iria revelar a um anunciante que o utilizador de um computador é fã de um artista musical depois de saber que havia um grupo com milhares de pessoas, impossíveis de identificar, que eram fãs do mesmo músico e que o utilizador podia ser agregado a eles de forma anónima.
Com isto, porém, o Google continua a ter enormes quantidades de dados internos sobre os seus utilizadores, mesmo que não os partilhe com terceiros e diga que não saem dos aparelhos dos seus utilizadores.
Schuh reforçou que as novas restrições apenas entrarão em efeito quando existirem alternativas viáveis. A recepção do projecto Privacy Sandbox, porém, deixa a equipa “confiante que as soluções podem resultar.”