Golfinhos encontrados mortos em Tróia não pertencem à colónia de roazes do Sado
Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas diz que golfinhos encontrados não pertencem à colónia de roazes do Sado. E não esclarece se as mortes dos cetáceos estão ou não relacionadas com as dragagens que estão a ser feitas no rio, como aponta a associação SOS Animal.
Nos últimos dias do ano, quatro golfinhos foram encontrados mortos na zona da Península de Tróia. O alerta é dado pela associação SOS Animal, que relaciona estas mortes com as dragagens que têm sido feitas no rio, para aprofundamento dos seus canais de navegação, embora não haja ainda nenhuma evidência que permita estabelecer essa relação. O Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) veio, na manhã desta quarta-feira, esclarecer que os animais encontrados mortos não são golfinhos roazes, pelo que não pertencem à comunidade do Estuário do Sado — o único local do país onde é possível observar esta espécie de cetáceos —, depois de a TVI ter noticiado que os animais tinham sido encontrados nesta zona.
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Nos últimos dias do ano, quatro golfinhos foram encontrados mortos na zona da Península de Tróia. O alerta é dado pela associação SOS Animal, que relaciona estas mortes com as dragagens que têm sido feitas no rio, para aprofundamento dos seus canais de navegação, embora não haja ainda nenhuma evidência que permita estabelecer essa relação. O Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) veio, na manhã desta quarta-feira, esclarecer que os animais encontrados mortos não são golfinhos roazes, pelo que não pertencem à comunidade do Estuário do Sado — o único local do país onde é possível observar esta espécie de cetáceos —, depois de a TVI ter noticiado que os animais tinham sido encontrados nesta zona.
Ao PÚBLICO, o capitão do Porto de Setúbal, Alcobia Portugal, detalha que três animais arrojaram entre Tróia e o Carvalhal e outro golfinho deu à costa na zona do Meco, estando alguns já em elevado estado de decomposição.
Segundo explica Alcobia Portugal, o arrojamento destes animais na linha de costa deveu-se ao mau tempo que se fez sentir nos últimos dias do ano. É, de resto, uma “situação normal” sempre que se verificam condições meteorológicas mais adversas. “Não tem nada a ver com o Sado”, admitiu.
Sobre a associação feita pela SOS Animal entre a morte dos cetáceos e as dragagens realizadas no rio, o ICNF não se pronunciou.
Já esta quinta-feira, também a Administração dos Portos de Setúbal e Sesimbra (APSS) afastou qualquer ligação entre os trabalhos de dragagens e a morte dos golfinhos — quer os quatro que foram encontrados no final do ano, quer o “cetáceo morto” que foi avistado por pescadores na segunda-feira e que, segundo a APSS, “não foi recolhido”, desconhecendo-se o seu paradeiro. “Em nenhum dos casos se verifica qualquer ligação às operações inerentes ao Projecto de Melhoria das Acessibilidades Marítimas ao Porto de Setúbal”, notou a APSS.
Esta entidade nota ainda que, “desenvolveu um numeroso conjunto de estudos, tendo contratado especialistas de reconhecido mérito nestas matérias que trataram de forma exaustiva e científica todas as questões relativas aos impactes no ecossistema, seja ele na microfauna ou macrofauna existente no estuário” e que a execução da obra tem sido acompanhada pela “implementação de um Plano de Monitorização que abrange diversos descritores, nomeadamente, Valores Ecológicos e Conservação da Natureza; Qualidade da Água e Arqueologia e Património”.
De acordo com outra associação, a SOS Sado, que se tem manifestado contra as dragagens, chegando inclusive a agir judicialmente para impedir o avanço das mesmas, além dos golfinhos, há uma semana que surgem relatos de “gaivotas moribundas, ou já mortas”, no areal das praias de Tróia e nos cabeços do Rio Sado.
Em comunicado, a associação recorda igualmente que durante a semana foram feitas “descargas em jacto na zona da Restinga”, resultantes das dragagens que estão a ser realizadas no rio para melhorar a sua navegabilidade, “onde as gaivotas foram presença assídua junto da draga”. Ainda assim, a SOS Sado nota que quanto “às coincidências temporais destas ocorrências com o projecto de alargamento do Porto de Setúbal, caberá às equipas de monitorização deste projecto o seu cabal esclarecimento”. E apela à população que se mantenha alerta e colabore na monitorização de situações semelhantes e na comunicação das mesmas às autoridades.
O ICNF acrescenta que o aparecimento destes golfinhos está a ser “avaliado em conjunto com as entidades que fazem parte da rede de arrojamentos” e que a avaliação será depois tornada pública. Lembra ainda que os arrojamentos de mamíferos marinhos são frequentes na costa portuguesa e podem acontecer por causas naturais, doenças, ferimentos, problemas de orientação, fenómenos meteorológicos extremos, ou, ainda, acção humana com a captura acidental em artes de pesca.
Há dois anos, entre os dias 14 e 18 de Janeiro, foram registadas “cinco ocorrências de golfinhos arrojados pelo mar”, já sem vida, nas zonas de Póvoa de Varzim e de Vila do Conde.
Notícia actualizada às 13h20: acrescenta informação da Administração dos Portos de Setúbal e Sesimbra