Bolsonaro diz que documentário brasileiro nomeado para os Óscares é ficção

Democracia em Vertigem, de Petra Costa, retrata o processo de destituição da ex-Presidente Dilma Rousseff e a eleição de Bolsonaro. “É ficção (...) Para quem gosta de comida para abutres, é um bom filme”, disse o actual chefe de Estado.

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Jair Bolsonaro referiu-se ao documentário de Petra Costa candidato ao Óscar como um "trabalho porco" Reuters/ADRIANO MACHADO

O Presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, considerou esta terça-feira “ficção” o filme Democracia em Vertigem, que retrata o processo de destituição da ex-Presidente Dilma Rousseff, nomeado entre os finalistas da categoria melhor documentário para os Óscares 2020.

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O Presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, considerou esta terça-feira “ficção” o filme Democracia em Vertigem, que retrata o processo de destituição da ex-Presidente Dilma Rousseff, nomeado entre os finalistas da categoria melhor documentário para os Óscares 2020.

“É ficção (...) Para quem gosta de comida para abutres, é um bom filme”, disse Bolsonaro a jornalistas e apoiantes que o aguardavam frente ao Palácio da Alvorada, a sua residência oficial em Brasília.

O documentário da realizadora brasileira Petra Costa conta, de um ponto de vista pessoal, a destituição da ex-Presidente Dilma Rousseff (2011-2016) e a eleição de Bolsonaro. O filme está disponível na Netflix desde Junho.

Quando questionado por um repórter se havia visto o documentário, Bolsonaro confessou que não viu o filme e questionou: “Por que eu perderia o meu tempo com um trabalho tão porco?”

Já a cineasta Petra Costa escreveu nas redes sociais, na segunda-feira, que o seu filme é relevante “num momento em que a extrema-direita está se espalhando como uma epidemia”. E acrescentou no Twitter, após o anúncio da nomeação do documentário para os prémios da Academia: “Esperamos que este filme possa nos ajudar a entender o quão crucial é proteger as nossas democracias.”

O secretário especial de Cultura do Governo, Roberto Alvim, declarou ao jornal Folha de S. Paulo que “se estivesse numa categoria de ficção, a indicação estaria correcta”. Já a ex-Presidente Dilma Rousseff congratulou-se com a nomeação, afirmando numa nota que o filme denuncia ao mundo o golpe do qual ela considera ter sido vítima.

Apesar dos repetidos ataques do Governo Bolsonaro contra actores e o sector cultural, o cinema brasileiro continua a ter grande reconhecimento: no último Festival de Cannes o filme Bacurau ganhou o prémio do júri, enquanto A Vida Invisível de Eurídice Gusmão ganhou o prémio na secção Un Certain Regard.