Novo vídeo mostra que avião ucraniano foi atingido por dois mísseis iranianos

As novas imagens de vigilância obtidas e divulgadas pelo jornal The New York Times mostram que os dois mísseis foram disparados com 30 segundos de diferença.

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Reuters/SOCIAL MEDIA

Um novo vídeo divulgado esta terça-feira pelo jornal The New York Times mostra que o Boeing 737 da companhia aérea Ukraine International Airlines que se despenhou na passada quarta-feira, perto de Teerão, foi abatido não por um, mas por dois mísseis iranianos.

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Um novo vídeo divulgado esta terça-feira pelo jornal The New York Times mostra que o Boeing 737 da companhia aérea Ukraine International Airlines que se despenhou na passada quarta-feira, perto de Teerão, foi abatido não por um, mas por dois mísseis iranianos.

Os mísseis foram lançados a partir de uma base militar a cerca de 13 quilómetros do local onde o avião se despenhou, matando todos os que seguiam a bordo. As novas imagens de vigilância mostram que os dois mísseis foram disparados com 30 segundos de diferença e que o avião ucraniano não se despenhou imediatamente após ter sido atingido pelo primeiro míssil; continuou a voar, tentando voltar para o aeroporto, já em chamas.

O avião, que tinha descolado de Teerão com destino a Kiev, despenhou-se dois minutos depois, nos arredores da capital iraniana. O acidente ocorreu horas depois do lançamento de 22 mísseis iranianos contra duas bases da coligação internacional liderada pelos Estados Unidos, em Al Assad e Erbil, no Iraque, numa operação de vingança pela morte do general iraniano Qassem Soleimani, o que significava que as forças militares do Irão estavam em alerta, à espera de uma possível resposta norte-americana. 

O jornal diz ter verificado as imagens e salienta que os dois impactos sobre o avião ajudam a explicar algumas dúvidas sobre a sua queda. O novo vídeo, disponibilizado no YouTube por um utilizador iraniano durante a madrugada desta terça-feira, ajuda a perceber o que se passou nos minutos finais antes do avião se despenhar.

A data visível nas filmagens é 17 de Outubro de 2019 e não 8 de Janeiro de 2020, o dia em que o avião foi abatido. De acordo com o jornal, este dado pode justificar-se pelo facto de o sistema de câmaras estar configurado segundo o calendário persa (o calendário solar utilizado no Irão, no Afeganistão e noutras regiões vizinhas) e não segundo o calendário gregoriano. Assim, na conversão entre os dois calendário, o dia 8 de Janeiro passa para dia 18 de Dej, o décimo mês do calendário persa — no vídeo, isto seria exibido como o dia 17 do décimo mês do calendário gregoriano, ou seja, Outubro. A discrepância de um dia pode ser explicada por uma diferença entre os anos bissextos persas e gregorianos.

Este sábado as autoridades do país confirmaram que o avião ucraniano foi abatido por um míssil iraniano: “Quando percebi o que tinha acontecido, desejei morrer”, diria mais tarde o general Amir Ali Hajizadeh, comandante da brigada aeroespacial dos Guardas da Revolução.

Um vídeo que foi divulgado na quinta-feira pelo The New York Times, em que se via um avião a ser atingido por um projéctil e a despenhar-se, e a pressão do Reino Unido e do Canadá para que o Irão admitisse a responsabilidade pelo desastre indicavam que o Governo iraniano tinha pouca margem de manobra para manter a sua posição inicial – a de que a queda do Boeing 737 ucraniano tinha sido provocada por problemas técnicos.

O aparelho abatido transportava 167 passageiros e nove tripulantes de várias nacionalidades, incluindo 82 iranianos, 11 ucranianos, dez suecos, quatro afegãos, três alemães e três britânicos. Muitas das vítimas eram cidadãos iranianos com dupla nacionalidade. O ministro dos Negócios Estrangeiros do Canadá reviu em baixa o número de vítimas do país, que passou de 63 para 57, após uma “análise aos documentos de viagem”.