Negociações em Moscovo para um cessar-fogo na Líbia fracassam
Marechal Haftar rejeitou o acordo proposto por Rússia e Turquia. Suspensão temporária dos confrontos com as forças de Fayez al-Sarraj fica em risco.
As negociações promovidas pela Rússia e Turquia na segunda-feira, em Moscovo, tendo em vista um acordo de cessar-fogo prolongado na Líbia, não tiveram o desfecho esperado. Esta terça-feira o marechal Khalifa Haftar, líder do Exército Nacional Líbio (ENL), abandonou a capital russa sem assinar o acordo proposto, que já contava com o apoio de Fayez Al-Sarraj, líder do Governo da Líbia, reconhecido pelas Nações Unidas.
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As negociações promovidas pela Rússia e Turquia na segunda-feira, em Moscovo, tendo em vista um acordo de cessar-fogo prolongado na Líbia, não tiveram o desfecho esperado. Esta terça-feira o marechal Khalifa Haftar, líder do Exército Nacional Líbio (ENL), abandonou a capital russa sem assinar o acordo proposto, que já contava com o apoio de Fayez Al-Sarraj, líder do Governo da Líbia, reconhecido pelas Nações Unidas.
“O acordo ignora muitas das exigências do ENL”, justificou Haftar à televisão Al Arabiya, segundo a Al-Jazeera.
Horas antes, os ministros dos Negócios Estrangeiros da Turquia e da Rússia, garantiram, porém, que tinham sido tomadas em conta todas as propostas, “principalmente do lado de Haftar”.
A rejeição do acordo pelo homem que lidera um governo paralelo ao de Al-Sarraj e que iniciou, em Abril do ano passado, uma ofensiva militar sobre Tripolí, capital líbia, coloca em risco o frágil acordo de suspensão dos confrontos, alcançado no passado fim-de-semana.
O cessar-fogo temporário contou com mediação de Moscovo e Ancara – que, por sua vez, procuram retirar protagonismo à ONU e aos seus planos para uma solução política para a Líbia.
Segundo a ONU, a ofensiva já ceifou mais de 2 mil vidas, incluindo 280 civis, e obrigou à deslocação 146 mil pessoas, naquele que é mais longo e sangrento episódio do processo de desfragmentação política, territorial e económica do país do Norte de África, iniciado com a queda do regime de de Muammar Khadafi, em 2011.
E onde o petróleo e as armas são elementos centrais de todo o complexo jogo de interesses que ali tem lugar e cuja influência nos fluxos migratórios no Mar Mediterrâneo continua bem visível.
Prevê-se, por isso, novo ímpeto na batalha por Tripolí, e, paralelamente, o aprofundar das divergências entre os países aliados de um e do outro lado da barricada líbia.
Rússia, Egipto e Emirados Árabes Unidos, mas também a França, apoiam as forças do marechal Haftar, com a Turquia a envolver-se cada vez mais no xadrez político, mas ao lado de Al-Sarraj, que conta ainda com o apoio de Itália e Qatar.