Cirurgias podem ser canceladas em Viseu devido a gripe “em fase ascendente”

A afluência nas urgências e consultas na região tem sido “crescente”.

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Engripados estão confinados ao piso sete do Centro Hospitalar Tondela Viseu NFS - NUNO FERREIRA SANTOs

A directora clínica do Centro Hospitalar Tondela Viseu (CHTV), Helena Pinho, disse hoje que a gripe na região está “em fase ascendente, ainda não se chegou ao pico” e que, por isso, podem ser canceladas cirurgias.

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A directora clínica do Centro Hospitalar Tondela Viseu (CHTV), Helena Pinho, disse hoje que a gripe na região está “em fase ascendente, ainda não se chegou ao pico” e que, por isso, podem ser canceladas cirurgias.

“Na região de Viseu, só agora é que realmente começou a aumentar a incidência de gripe. Temos tido uma afluência crescente no serviço de urgência, como também tem havido uma afluência crescente nas consultas de cuidados primários e, pensamos que, nesta região, ainda estaremos na fase ascendente da incidência das infecções respiratórias”, assumiu Helena Pinho.

Em conferência de imprensa, a responsável esclareceu que “este aumento de fluxo, quer por infecções respiratórias dos vírus da gripe, quer por descompensação das patologias crónicas”, levou o CHTV a “implementar o plano de contingência de saúde sazonal com realocação de camas dos serviços cirúrgicos aos serviços médicos”. “Temos, neste momento, uma maior necessidade de internamento de doentes desse foro e isso vai levar ao cancelamento de algumas cirurgias adicionais que precisem de internamento. Mas vamos manter a cirurgia adicional no ambulatório”, explicou.

Neste sentido, Helena Pinho fez vários apelos, como pedir a compreensão das pessoas, porque há necessidade de ter camas para internar os doentes que recorrem à urgência e também o de evitar as idas ao CHTV com sintomas gripais, principalmente na visita a doentes internados, e recorrer “sempre, em primeira linha, ao cuidado de saúde primário”.

A responsável pela Comissão de Controlo de Infecção e Resistência dos Antibióticos do CHTV, Filipa Almeida, adiantou aos jornalistas que, “ao longo do mês de Dezembro e no início de Janeiro, eram internados um a dois doentes com vírus de influenza A ou B ou, então, por vírus sincicial respiratório”. “Desde o passado dia oito, tem vindo a haver um crescendo. Neste momento, têm sido internados uma média de quatro adultos com vírus influenza A ou B, maioritariamente vírus influenza A, por dia. Portanto, passámos para o dobro e ainda mantemos esta média diária desde o dia oito”, acrescentou.

“Os doentes que ficam mais sintomáticos com insuficiência respiratória ou com pneumonia associada a este vírus da gripe, este ano, nesta zona, tem sido por vírus influenza A. É um bocadinho diferente do que se está a passar a nível nacional, em que o vírus B tem sido tendencialmente mais prevalente”, explicou. No que diz respeito ao vírus sincicial respiratório, neste momento, “há sete doentes adultos internados” e, no que diz respeito à pediatria, “a pressão maior não é associada ao vírus da gripe, mas sim ao vírus sincicial respiratório, com quadros de bronquiolite, que tem mantido uma média de dois internamentos por dia”, desde meados do mês de Dezembro de 2019.

O CHTV tem, neste momento, afecto a estes doentes, o piso sete e quartos de isolamento”, num total de 35 camas, e, ao contrário do que aconteceu no ano passado, que registou 89 doentes internados, “não existe disseminação dentro do hospital”, tal como o número de doentes que contraíram gripe, já internados, “com um total de apenas cinco”. “Não houve ainda um aumento de mortalidade, não tivemos ainda nenhum pico, como aconteceu em alguns anos. Sabemos que a gripe A condiciona mais complicações, mas até à data registámos duas mortes associadas em duas pessoas idosas, sendo que, pelo menos uma, não estava vacinada”, contou a diretora clínica.

O plano de contingência “tem uma gestão diária”, não tem ainda data para terminar, uma vez que “ainda não terá havido o pico da gripe” esperado para esta zona do país. A responsável, apesar de tudo, reconhece que “a incidência não parece ser tão grande este ano e o vírus no ano passado parecia ser altamente contagioso”. “Mas é preciso esperar e ver a evolução”, concluiu.