OMS avisa que pneumonia viral que começou na China pode alastrar-se a outros países
Organização Mundial de Saúde pede que todos os hospitais estejam preparados para possíveis casos e já emitiu orientações sobre como detectar e tratar pacientes diagnosticados com o novo vírus.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) avisou esta terça-feira que um caso da pneumonia viral que começou em Wuhan, na China, foi diagnosticado na Tailândia e que é provável que o vírus se alastre a outros países. A mesma entidade garante que está já em curso um plano que será aplicado nos hospitais de todo o mundo. O objectivo é responder a possíveis casos de cidadãos diagnosticados com a doença que já contagiou dezenas de pessoas e provocou uma vítima mortal.
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A Organização Mundial de Saúde (OMS) avisou esta terça-feira que um caso da pneumonia viral que começou em Wuhan, na China, foi diagnosticado na Tailândia e que é provável que o vírus se alastre a outros países. A mesma entidade garante que está já em curso um plano que será aplicado nos hospitais de todo o mundo. O objectivo é responder a possíveis casos de cidadãos diagnosticados com a doença que já contagiou dezenas de pessoas e provocou uma vítima mortal.
Segundo um comunicado divulgado na página da OMS, a detecção do primeiro caso fora da China pode significar que um surto internacional da doença está próximo. Esta segunda-feira, uma mulher de quarenta anos foi colocada em quarentena num hospital da Tailândia depois de uma viagem a Wuhan, capital da província central chinesa de Hubei. As autoridades tailandesas avançaram à Reuters que a mulher está a recuperar. De acordo com a agência de notícias chinesa, a mulher chegou à Tailândia a 8 de Janeiro e nenhum outro passageiro do avião em que seguia foi infectado.
Esta pneumonia é causada por coronavírus, um grupo de vírus que causam infecções respiratórias em seres humanos e animais e são transmitidos por via aérea (através da tosse ou espirros) ou contacto físico. Alguns destes vírus resultam apenas numa constipação, enquanto outros podem gerar doenças respiratórias mais graves, como a pneumonia atípica, ou Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS) — o último surto desta doença começou no Sul da China e foram registados mais de oito mil casos em todo o mundo. Cerca de 800 pessoas morreram por causa deste vírus entre 2002 e 2003.
A Direcção Geral da Saúde (DGS) garantiu esta terça-feira que Portugal está preparado para atender doentes e que ainda não recebeu qualquer alerta específico da OMS. Em entrevista à Antena 1, Graça Freitas, directora-geral da Saúde, afirmou que a DGS está a “acompanhar a situação e as preocupações vindas da Ásia, assim como os casos de doentes que tenham estado em viagem” por esses países.
A 5 de Janeiro, Wuhan, cidade onde residem 11 milhões de pessoas, tinha registado 59 casos de pneumonia viral, na altura sem causa conhecida. Os primeiros casos foram detectados no fim de Dezembro de 2019. Um dos pacientes diagnosticados com o vírus morreu uma semana depois, a 11 de Janeiro, altura em que a Comissão Municipal de Saúde avançou que sete doentes estavam em estado considerado crítico e que outros já tinham tido entretanto alta hospitalar.
De acordo com as últimas informações transmitidas à OMS pelas autoridades chinesas, foram diagnosticados 41 casos com a nova infecção na cidade de Wuhan, todos estes identificados antes do dia 3 de Janeiro. No total, 763 pessoas que tiveram contacto directo com os pacientes também foram avaliados pelos profissionais de saúde, mas mais nenhum caso foi detectado. Os sinais clínicos relatados pelos pacientes são febre, dificuldades respiratórias e dores musculares e as autoridades de saúde já avisaram que todos os cidadãos devem estar atentos a estes sintomas.
“A partir das informações que temos é possível que exista transmissão limitada de humano para humano, mais precisamente entre pessoas da mesma família, mas para já não temos evidências que estas transmissões tenham de facto acontecido”, disse Maria Van Kerkhove, chefe interina da Unidade de Doenças Emergentes da OMS à Reuters, sublinhando que ainda é “muito cedo” para existir um “quadro clínico claro”.
A entidade da saúde pede que exista um “monitoramento activo contínuo e uma preparação das entidades de saúde de cada país" e garante que já emitiu orientações sobre como detectar e tratar pessoas com o novo vírus. “A sequência genética [do vírus] que foi partilhada pela China no dia 12 de Janeiro permite que outros países diagnostiquem mais rapidamente os seus pacientes”, lê-se na nota.
A OMS reitera que é essencial que as investigações continuem na China para identificar a fonte do vírus. Segundo as últimas informações fornecidas pela Comissão Municipal de Saúde de Wuhan, o surto terá começado num mercado de peixe no centro da cidade — as investigações preliminares revelaram que a maior parte dos casos foi diagnosticado em trabalhadores ou visitantes frequentes do mercado de Huanan."O mercado foi encerrado no dia 1 de Janeiro de 2020. Nesta fase, não existe infecção entre os profissionais de saúde e nenhuma evidência clara de transmissão de humano para humano”, lê-se no comunicado da OMS.
A organização está a monitorizar de perto a situação e mantém contacto com as autoridades chinesas, mas descartou a necessidade de impor restrições a viagens ou comércio, para já. Nos últimos anos, a síndrome respiratória do Médio Oriente, um coronavírus que começou a ser detectado na Jordânia e na Arábia Saudita, em 2012, alastrou por cerca de duas dezenas de países, com perto de 2500 casos confirmados em laboratório. Mais de 800 pessoas morreram.