Peru planta um milhão de árvores para proteger Machu Picchu
Entre polémicas com a construção de um aeroporto na região, o Governo peruano inicia a reflorestação em volta do monumento Património da Humanidade, que já recebe milhão e meio de turistas por ano.
Uma das maravilhas do mundo, Machu Picchu sofre várias ameaças, tanto pelo generalizado sobreturismo como por interesses económicos que por vezes parecem sobrepor-se à sua essencial protecção, incluindo as dúvidas sobre o polémico projecto de um aeroporto a minutos do Vale Sagrado dos Incas. A zona tem também sofrido com os incêndios florestais, que deixaram várias áreas degradadas. Esta semana, para “reforçar” a imagem como “maravilha natural ecossustentável”, foi dado início à campanha “Um milhão de árvores para o Santuário Histórico de Machu Picchu”.
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Uma das maravilhas do mundo, Machu Picchu sofre várias ameaças, tanto pelo generalizado sobreturismo como por interesses económicos que por vezes parecem sobrepor-se à sua essencial protecção, incluindo as dúvidas sobre o polémico projecto de um aeroporto a minutos do Vale Sagrado dos Incas. A zona tem também sofrido com os incêndios florestais, que deixaram várias áreas degradadas. Esta semana, para “reforçar” a imagem como “maravilha natural ecossustentável”, foi dado início à campanha “Um milhão de árvores para o Santuário Histórico de Machu Picchu”.
“A iniciativa permitirá recuperar mais de 700 hectares no santuário e na sua zona tampão através de plantação de espécies nativas”, refere uma nota do Governo peruano. O lançamento oficial foi feito na quinta-feira, integrando as celebrações do 39.º aniversário do estabelecimento do Santuário Histórico de Machu Picchu, e contou com o Presidente peruano, Martín Vizcarra Cornejo, que apelou a que “este compromisso de reflorestação seja não só assumido pelo Estado” como deverá tornar-se "um objectivo da nação". No total, na região de Cusco, o projecto poderá abranger 10 mil hectares, adianta o jornal peruano La República.
O desafio passa por chegar a 2021 com o milhão de árvores plantado na região, permitindo a recuperação de terrenos degradados por “alterações no uso do solo ou por incêndios florestais”, apontou a ministra do Ambiente, Fabiola Muñoz Dodero. Zona de chuvadas intensas, que provocam aumentos exponenciais do caudal do rio no Inverno, é também fustigada pelos consequentes deslizamentos de lamas e pedras — ainda esta semana o comboio que leva os visitantes à cidadela voltou a ser suspenso temporariamente.
“Nenhum esforço será pequeno, desde o contributo dado pelas crianças ao dado pelos camponeses ou operadores turísticos, Estado, todos e todas podemos contribuir”, disse a ministra, reforçando a ideia do projecto como um desígnio nacional: "Hoje estamos a começar algo que nos une e que é o desejo de tornar Machu Picchu num símbolo histórico, cultural e de esperança".
Sobre o polémico projecto de construção do aeroporto de Chinchero, a 20 minutos do Vale Sagrado dos Incas, anunciado no ano passado para estar terminado em 2023, não se encontra uma palavra nos discursos. A UNESCO já criticou com veemência a ideia, assim como um grupo de especialistas (entre arqueólogos, cientistas e historiadores, do Peru e de outros países) numa carta aberta ao Presidente Vizcarra. O aeroporto é pensado para receber entre seis e oito milhões de passageiros por ano, aumentando, como refere a Euronews, a pressão turística na zona.
Machu Picchu, descoberto em 1911 e declarado Património da Humanidade em 1983, não tem parado de crescer em número de visitantes, devendo ter atingido mais de 1,5 milhões no ano passado, com a Rede de Caminhos Inca, segundo dados do Governo, a receber mais de 200 mil visitantes por dia. O sistema de acesso funciona actualmente com reservas e numerus clausus (6000 turistas máximo por dia), muito por pressão da UNESCO que há alguns anos ponderou colocar o local na lista de património em perigo.