Diego, a tartaruga-gigante que salvou a sua espécie, será libertada depois de ter 800 filhos
Acredita-se que cerca de 40% das crias da ilha Espanhola sejam descendentes deste macho. Diego vai regressar à sua ilha quase oito décadas depois de ter sido retirado. População passou de 15 para 2000 exemplares desde 1960.
Poucos machos ou fêmeas se podem orgulhar de dizer que salvaram a sua espécie, mas Diego, uma tartaruga-gigante com mais de 100 anos, é sem dúvida um deles. De acordo com uma publicação do Parque Nacional de Galápagos (PNG), acredita-se pelo menos 40% das crias que actualmente estão na ilha Espanhola, nas ilhas Galápagos, no Equador, sejam descendentes de Diego, que já se tornou um símbolo da conservação do arquipélago — será o pai de cerca de 800 tartarugas.
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Poucos machos ou fêmeas se podem orgulhar de dizer que salvaram a sua espécie, mas Diego, uma tartaruga-gigante com mais de 100 anos, é sem dúvida um deles. De acordo com uma publicação do Parque Nacional de Galápagos (PNG), acredita-se pelo menos 40% das crias que actualmente estão na ilha Espanhola, nas ilhas Galápagos, no Equador, sejam descendentes de Diego, que já se tornou um símbolo da conservação do arquipélago — será o pai de cerca de 800 tartarugas.
O espécime está entre os 15 adultos reprodutores da espécie Chelonoidis hoodensis que serão devolvidos ao seu habitat natural, a ilha Espanhola, depois de cumprirem o Programa de Restauração de Tartarugas Gigantes (GTRI na sigla inglesa). Diego viveu vários anos no jardim zoológico de San Diego, nos Estados Unidos, antes de ser recrutado para o programa de criação em cativeiro. O macho vai regressar à sua ilha quase oito décadas depois de ter sido retirado.
A avaliação ecológica permitiu concluir que existiu uma “recuperação das condições do habitat e da população de tartarugas” graças ao programa de reprodução em cativeiro da espécie e, assim sendo, as autoridades da ilha decidiram encerrá-lo uma vez que já cumpriu o seu propósito.
“Com base nos resultados do último censo realizado no final de 2019 e em comparação com os dados disponíveis desde 1960, tanto da ilha como da população de tartarugas, desenvolvemos modelos com diferentes cenários possíveis para os próximos cem anos. Em todo concluímos que a ilha tem condições suficientes para manter a população de tartarugas que continuará a crescer normalmente, mesmo sem qualquer nova intervenção”, refere Washington Tapia, director do programa, na publicação. De acordo com a BBC, há pouco mais de 50 anos, existiam apenas dois machos e 12 fêmeas da espécie de Diego na ilha.
O encerramento do programa de reprodução em cativeiro implica o retorno dos 15 adultos (12 fêmeas e três machos) que iniciaram esta semana um processo de quarentena para eliminar sementes de plantas que não são típicas daquela ilha e evitar que estas se espalhem.
“Além da recuperação da população de tartarugas gigantes, que passou de 15 para 2000 graças ao programa, foram implementadas acções de gestão para a restauração ecológica da ilha, como a erradicação de espécies introduzidas e a regeneração de cactos. O projecto Galápagos Verde 2050 ajudou a garantir que os ecossistemas da ilha tenham condições adequadas para apoiar a crescente população de tartarugas”, acrescentou o director do PNG, Jorge Carrión.
O PNG vai manter o programa de reprodução em cativeiro para outras quatro espécies das ilhas Floreana, São Cristóvão e Isabela, que integram o arquipélago a 1000 km da costa equatoriana, considerado Património Natural da Humanidade pela sua flora e fauna únicas. As tartarugas-gigantes, que podem alcançar 225 quilos, são das mais famosas criaturas das ilhas Galápagos, que foram estudadas pormenorizadamente por Charles Darwin, o famoso naturalista inglês do século XIX.
Existem 15 espécies de tartarugas-gigantes no arquipélago, um dos únicos dois lugares no mundo onde vivem; o outro lugar é no atol de Aldabra, nas Seychelles, no oceano Índico. As tartarugas das Galápagos alimentam-se de ervas, folhas, cactos e fruta, mas podem sobreviver durante um ano sem alimentos nem água. Foram caçadas quase até desaparecer por marinheiros que as armazenavam nos navios como alimento durante as longas viagens náuticas.