Águas da região Centro são eficazes no tratamento de acne e outras doenças de pele

Estudo científico debruçou-se sobre as águas de 16 estâncias termais e foi publicado em revista de referência na área da geoquímica e saúde ambiental.

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Pormenor do spa nas termas do Luso, que fazem parte da rede Termas Centro Paulo Pimenta/Arquivo

São conhecidos os benefícios das águas termais em várias doenças, sobretudo as respiratórias e reumáticas, mas um estudo feito por investigadores das universidades da Beira Interior (UBI) e de Coimbra (UC) e com o apoio da rede Termas Centro, vem demonstrar a eficácia das águas termais do Centro de Portugal no tratamento de acne e outras doenças de pele.

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São conhecidos os benefícios das águas termais em várias doenças, sobretudo as respiratórias e reumáticas, mas um estudo feito por investigadores das universidades da Beira Interior (UBI) e de Coimbra (UC) e com o apoio da rede Termas Centro, vem demonstrar a eficácia das águas termais do Centro de Portugal no tratamento de acne e outras doenças de pele.

Publicado em Novembro, na revista Environmental Geochemistry and Health, da Sociedade Internacional de Geoquímica e Saúde Ambiental, neste estudo os investigadores avaliaram os efeitos das águas de 16 estâncias da região Centro sobre seis estirpes de bactérias e fungos. O caso mais evidente de eficácia aconteceu perante a bactéria Cutibacterium acnes (associada a grande parte dos casos de acne), cujas águas analisadas fizeram diminuir o crescimento desta bactéria — as mais eficazes são as águas sulfúreas/bicarbonatadas sódicas, cujo crescimento da bactéria diminuiu entre 20% e 65%. Com a bactéria Staphylococcus epidermidis registou-se uma diminuição de 10 a 35% em quase todas as águas de base sulfúrea e/ou sódica. Em relação à bactéria Escherichia coli e o fungo Candida albicans, responsável pela infecção candidíase, muitas das águas tiveram impacto.

“As águas minerais naturais são procuradas para o tratamento ou suporte de doenças do foro dermatológico, como dermatites ou psoríase, entre outras. Em Portugal, a informação científica de suporte à sua aplicação clínica em doenças do foro dermatológico é escassa, quando comparada com outros países. Este estudo apresentou-se assim como uma proposta pioneira a nível nacional para investigar a bioactividade das águas minerais naturais portuguesas, validando a sua acção preventiva e/ou terapêutica”, contextualiza Ana Palmeira-de-Oliveira, coordenadora da investigação na UBI, citada em comunicado da rede Termas Centro.

Os tratamentos passam por imersões, duches, duches filiformes (cujo jacto tem grande pressão), exemplifica Adriano Barreto Ramos, coordenador da Termas Centro, ao PÚBLICO. “O desejável, para este tipo de tratamento, e faço esta referência de forma geral e genérica, é que cada um dure entre 14 e 21 dias, havendo estâncias que dividem este período em dois”, acrescenta.

Produtos cosméticos

Este estudo vem confirmar que as estâncias termais podem desenvolver uma linha de negócio que passa pela criação de produtos cosméticos ou dispositivos médicos, “detentores de elevado valor acrescentado”, sugere a investigadora, no comunicado. Recorde-se que este mercado existe noutros países que têm apostado no desenvolvimento de uma indústria cosmética em torno das águas termais, como é o caso de Avène ou Vichy, no sul e no centro de França, respectivamente. Por cá também há termas que já se aventuraram na indústria cosmética, sem esquecer os tratamentos de spa.

“Com as conclusões deste estudo, cada uma das termas envolvidas pode desenvolver dermocosméticos mais adaptados ao potencial da sua água mineral, em colaboração com laboratórios independentes, como já fazem as termas de S. Pedro do Sul ou das Caldas da Felgueira. Poderão também desenvolver os estudos realizados, investindo noutras áreas mais específicas”, defende Adriano Barreto Ramos. “As empresas termais com marcas próprias estão satisfeitas, o volume de vendas com os produtos é um aspecto importante, mas não o único. A imagem e posicionamento, como também os efeitos no próprio branding das termas ou o recall, são muito importantes, como também é o desenvolvimento do sentimento de pertença”, acrescenta. 

As propriedades curativas das águas minerais naturais foram amplamente reconhecidas muito antes do desenvolvimento de tratamentos médicos modernos, refere o comunicado. Actualmente, a balneoterapia – conjunto de métodos e práticas que usam águas minerais medicinais, como banhos, bebidas, inalação, lamas ou argilas medicinais – é considerada um tratamento alternativo para várias doenças em muitos países.

As estâncias que integram a rede Termas Centro são: AlcafacheAlmeida – Fonte Santa; Termas de Águas – Penamacor, Caldas da Felgueira, Caldas da Rainha, Carvalhal, Curia, Cró, Ladeira de EnvendosLongroiva, Luso, Manteigas, Monfortinho, Monte Real, Sangemil, S. Pedro do Sul, Unhais da Serra e Vale da Mó