Alegado cérebro de Tancos diz que negociou “devolução das armas ao mais alto nível”
Advogado de João Paulino continua a defender que o Estado honre os compromissos que assumiu com o seu cliente.
João Paulino, o homem que é considerado o cérebro do roubo de Tancos, negociou a devolução do armamento militar “ao mais alto nível”, declarou esta quinta-feira Melo Alves, advogado deste arguido, à saída do Tribunal Central de Instrução Criminal, em Lisboa.
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João Paulino, o homem que é considerado o cérebro do roubo de Tancos, negociou a devolução do armamento militar “ao mais alto nível”, declarou esta quinta-feira Melo Alves, advogado deste arguido, à saída do Tribunal Central de Instrução Criminal, em Lisboa.
O defensor de João Paulino escusou-se, porém, a detalhar com quem negociou o seu cliente a entrega das armas, que reapareceram na Chamusca em Outubro de 2017, cerca de três meses depois de terem sido levadas dos paióis do quartel de Tancos. Não disse sequer se a negociação envolveu algum dirigente da Polícia Judiciária Militar, como afirma o Ministério Público que sucedeu no despacho de acusação dos 23 arguidos do processo.
Segundo o Departamento Central de Investigação e Acção Penal, numa tentativa de limpar a reputação da instituição castrense depois do assalto, a Judiciária Militar entrou em contacto com João Paulino e prometeu-lhe imunidade, caso devolvesse o material roubado. O problema é que a Judiciária civil descobriu este acordo ilegal e tanto os ladrões como os militares alegadamente implicados na encenação do reaparecimento do armamento acabaram por ser acusados de vários crimes, como associação criminosa e tráfico de armas.
O ministro da Defesa Azeredo Lopes, que entretanto foi obrigado a demitir-se, foi igualmente constituído arguido, por alegadamente ter sabido de todo o esquema e não o ter denunciado.
“O meu cliente negociou com as instituições portuguesas através de quem as representava, ao mais alto nível”, disse o advogado de João Paulino. Melo Alves já antes tinha instado o Estado português a honrar o compromisso firmado com o seu cliente.
Até agora todos os arguidos ouvidos pelo juiz Carlos Alexandre se remeteram ao silêncio, atitude explicável pelo facto de terem preferido que o caso seguisse directamente para julgamento, sem passar pela fase de instrução que está neste momento a decorrer.