O sol nunca nasceu para Raúl de Tomás no “onze” do Benfica

Ao contrário de Haris Seferovic e Carlos Vinícius, Raúl de Tomás teve apenas três oportunidades de jogar a titular como ponta-de-lança - e nenhuma delas no “onze de gala” do Benfica. Não explica o falhanço, mas pode ajudar.

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Raúl de Tomás num dos três jogos que fez como ponta-de-lança. LUSA/ANTÓNIO COTRIM

Raúl de Tomás (RDT) chegou ao Benfica como goleador furtivo da Liga espanhola, comprado a um “tubarão” europeu e com uma “etiqueta” que dizia “20 milhões de euros” – longe de estar em “saldos”. Um cartão-de-visita de alguém aparentemente condenado ao sucesso na Liga portuguesa. Seis meses depois, o jogador deixa o Benfica com a “folha de serviço” de alguém que estava, afinal, condenado ao insucesso. No “onze” de Bruno Lage, o sol nunca nasceu para De Tomás como nasceu para outros. Não explica tudo, mas pode ajudar.

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Raúl de Tomás (RDT) chegou ao Benfica como goleador furtivo da Liga espanhola, comprado a um “tubarão” europeu e com uma “etiqueta” que dizia “20 milhões de euros” – longe de estar em “saldos”. Um cartão-de-visita de alguém aparentemente condenado ao sucesso na Liga portuguesa. Seis meses depois, o jogador deixa o Benfica com a “folha de serviço” de alguém que estava, afinal, condenado ao insucesso. No “onze” de Bruno Lage, o sol nunca nasceu para De Tomás como nasceu para outros. Não explica tudo, mas pode ajudar.

O avançado espanhol jogou as últimas três temporadas como ponta-de-lança do Valladolid e do Rayo Vallecano. Marcou golos, muitos golos, os tais que ajudarão a explicar, em parte, por que motivo um clube espanhol pagou tanto por um atleta teoricamente desvalorizado. RDT marcou-os, na Liga espanhola, sendo a figura central do ataque. Ali, a bola “era dele”. No Benfica, porém, Raúl de Tomás nunca foi o dono da bola.

Com Seferovic vindo de uma grande temporada, em 2018/19, e com Carlos Vinícius a marcar golos em série, desde que ganhou o lugar, para de Tomás o sol nunca nasceu: e o sol, para ele, seria jogar como ponta-de-lança e não como segundo avançado.

Mais longe da baliza e com responsabilidades grandes na criação de jogo e na procura de soluções entre linhas – missão agora confiada a Chiquinho –, de Tomás mostrou-se, apenas, um jogador com uma qualidade técnica acima da média. E pouco mais.

Nenhum jogo no “onze de gala”

Raúl de Tomás fez 17 jogos pelo Benfica. Desses, apenas 12 foram como titular. Olhando para essa dúzia – os que são mais justos em matéria de análise de rendimento –, há algo que salta à vista: em apenas três desses jogos RDT teve o privilégio de jogar como ponta-de-lança. Foi na Liga dos Campeões, frente ao RB Leipzig, na Taça de Portugal, frente ao Vizela, e na Taça da Liga, frente ao Sp. Covilhã.

Aprofundando a análise, estes três jogos têm um ponto em comum: Raúl de Tomás nunca pôde jogar a titular como ponta-de-lança de um “onze” próximo daquele que era, no momento, o mais forte do Benfica.

O jogo com os alemães foi uma das célebres partidas da Champions em que Bruno Lage mudou várias peças, o jogo da Taça da Liga foi, como habitualmente, disputado com um “onze” alternativo e o da Taça de Portugal foi, dos três, aquele que, ainda assim, teve o alinhamento teoricamente mais próximo do mais forte. E, nessa partida, Raúl de Tomás… marcou um golo. Um dos três obtidos no Benfica.

Nesta quinta-feira, abordando a saída do jogador para o Espanyol, Bruno Lage lamentou “não ter tirado rendimento” do jogador. Talvez o técnico se referisse, em parte, ao que aqui analisamos.

Sendo possível que o espanhol, no trabalho diário, não tenha sabido conquistar esta honra e esta oportunidade, será provável, também, que o estatuto de Seferovic, primeiro, e a inevitabilidade de manter a aposta em Vinícius, mais tarde, nunca tenham permitido a Lage “entregar-se” aos encantos de Raúl de Tomás e dar ao espanhol aquilo que ele tanto quereria: jogar como ponta-de-lança na “equipa de gala” do Benfica. Não explica tudo, mas pode ajudar.