BAFTA tão brancos: prémios britânicos anunciam mudanças pró-diversidade
Revisão deve surtir efeito já nos prémios entregues em 2021. Academia diz não poder mudar a indústria, mas que tenta ajudar.
Quando a Academia Britânica de Artes e Ciências Cinematográficas anunciou as suas nomeações para 2020, a ausência de mulheres na corrida pelos prémios BAFTA de realização e as categorias de actuação exclusivamente brancas geraram logo polémica. A academia anunciou esta quinta-feira que vai reformular as suas regras de votação em cada categoria para evitar a falta de diversidade “exasperante” no rol deste ano.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
Quando a Academia Britânica de Artes e Ciências Cinematográficas anunciou as suas nomeações para 2020, a ausência de mulheres na corrida pelos prémios BAFTA de realização e as categorias de actuação exclusivamente brancas geraram logo polémica. A academia anunciou esta quinta-feira que vai reformular as suas regras de votação em cada categoria para evitar a falta de diversidade “exasperante” no rol deste ano.
A confirmação foi dada à revista especializada Variety pelo responsável pela comissão de cinema, Marc Samuelson (os BAFTA também distinguem a televisão, os videojogos ou produtos para crianças). O anúncio de um projecto concreto segue-se às declarações da presidente executiva da academia britânica, Amanda Berry, que dissera já na terça-feira à BBC “concordar totalmente” com as críticas e que a academia estava a trabalhar num novo regime que acautelasse nomeações de mulheres na categoria de realização — sem que isso desmereça os nomeados deste ano, salvaguardou. Marc Samuelson tinha já dito na terça-feira: “Não podemos obrigar a indústria a fazer uma coisa, tudo o que podemos fazer é encorajar e fomentar e inspirar e tentar ajudar”.
“[Mas] há uma total abertura à mudança e a organização tornou clara a sua posição sobre as nomeações e como não estava satisfeita. É necessária mudança — em que consiste a mudança é algo complexo e exige reflexão calma e cuidadosa”, diz agora Samuelson à Variety. Segundo o responsável pela área do cinema, haverá uma “revisão cuidadosa e detalhada entre os membros da academia” mas também para além deles. As mudanças terão efeitos já na próxima edição dos prémios, em 2021.
Cerca de 6500 pessoas votam para os BAFTA, que têm duas rondas de escrutínio — a inicial, que se subdivide entre certas categorias em que todos os membros da academia votam e outras categorias que têm um voto na especialidade em que também participam júris, e uma segunda fase em que, uma vez decididas as nomeações, todos os membros votam. Para a escolha de nomeados nas categorias de actuação votam todos os membros da Academia Britânica de Artes e Ciências Cinematográficas.
Óscares mais cedo
Os BAFTA são cada vez mais um forte indicador para os prémios maiores da indústria, os Óscares norte-americanos, que em 2015 e 2016 foram também criticados pelas suas nomeações em que só actores e actrizes brancos participavam, por exemplo, dando origem à hashtag #OscarsSoWhite. Pouco depois das nomeações de terça-feira já se partilhava nas redes sociais a hashtag #BAFTAsSoWhite. A reacção da academia norte-americana foi de renovar a sua composição, convidando agentes da indústria mais jovens e de outras etnias que não apenas a caucasiana, um processo de renovação cujos efeitos têm ainda de demonstrar a sua total eficácia. A academia britânica anunciou recentemente os seus 558 novos membros, destacando no seu site oficial nomes como os do argumentista Hossein Amini, do compositor Christopher Barnett ou das directoras de arte de A Favorita Alice Felton e Fiona Crombie.
Os BAFTA são entregues a 2 de Fevereiro, precisamente uma semana antes da cerimónia dos Óscares, agendada para 9 de Fevereiro — este é o ano em que os Óscares se realizam mais cedo em toda a sua história. As nomeações para os Óscares são reveladas dia 13 ao início da tarde (hora portuguesa).
Os nomeados na categoria de actuação são Joaquin Phoenix, Leonardo DiCaprio, Adam Driver, Taron Egerton, Jonathan Pryce (actor principal), Jessie Buckley, Charlize Theron, Renée Zellweger, Saoirse Ronan e Scarlett Johansson (actriz principal), tendo esta última também sido nomeada como actriz secundária — categoria onde Margot Robbie acumula duas nomeações (por Bombshell: O Escândalo e Era Uma Vez… em Hollywood) ao lado de Laura Dern e Florence Pugh. Para melhor actor secundário estão nomeados Tom Hanks, Anthony Hopkins, Al Pacino, Joe Pesci e Brad Pitt. Na realização estão nomeados Martin Scorsese, Quentin Tarantino, Sam Mendes, Todd Phillips e Bong Joon-ho. O filme mais nomeado é Joker, seguido de O Irlandês e Era Uma Vez... em Hollywood.