Quase um terço do continente ainda em situação de seca

A norte do Cabo Mondego aumentou a chuva severa e moderada, mas a seca severa persiste no sotavento algarvio.

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Precipitação em Dezembro foi superior ao normal. ADRIANO MIRANDA

A chuva que caiu durante o mês de Dezembro ajudou a desagravar a seca, mas 37,3% de Portugal continental mantém-se nesta situação, segundo dados do Boletim Climatológico do Instituto do Mar e da Atmosfera.

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A chuva que caiu durante o mês de Dezembro ajudou a desagravar a seca, mas 37,3% de Portugal continental mantém-se nesta situação, segundo dados do Boletim Climatológico do Instituto do Mar e da Atmosfera.

De acordo com o índice meteorológico de seca (PDSI) disponível esta quarta-feira no site do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), destes 37,3%, apenas o sotavento algarvio está em seca severa (3,5%).

O IPMA classifica em nove classes o índice meteorológico de seca, que varia entre “chuva extrema” e “seca extrema”. No final de Dezembro, as regiões do norte e centro já não estavam em situação de seca meteorológica. O relatório indica que a 31 de Dezembro, 2,7% do território estava em chuva severa, 31,8% estava em chuva moderada, 18,7% em chuva fraca, 9,5% normal, 24,8% em seca fraca, 9% em seca moderada, 3,5% em seca severa — no mês anterior 10,9% estava em seca severa.

De acordo com o IPMA, existem quatro tipos de seca: meteorológica, agrícola, hidrológica e socioeconómica. A seca meteorológica está directamente ligada ao défice de precipitação, quando ocorre precipitação abaixo do que é normal. Depois, à medida que o défice vai aumentando ao longo de dois, três meses, passa para uma seca agrícola, porque começa a haver deficiências ao nível da água no solo. Se a situação se mantiver, evolui para seca hidrológica, quando começa a haver falta de água nas barragens. Existe também a seca socioeconómica, que é considerada quando já tem impacto na população.

Mês de Dezembro quente

Além do índice de seca, o Boletim Climatológico do IPMA, indica também que o mês de Dezembro foi quente em relação à temperatura do ar e chuvoso quanto à precipitação. Segundo o IPMA, o valor médio da temperatura média do ar em Portugal continental (10,99 graus Celsius) foi superior ao valor normal em 1,02 graus, sendo o terceiro mais alto desde 2000 (mais altos em 2015 e 2000). Quanto à chuva, o IPMA indica que o valor médio da quantidade de precipitação em Dezembro foi superior ao normal, correspondendo a cerca de 127% do valor normal mensal. O IPMA destaca que desde 2010 não se verificavam valores de precipitação acima do normal no mês de Dezembro.

Nas regiões do norte e centro foram registados valores de precipitação muito acima do valor médio, sendo de destacar os maiores valores registados em Cabril, distrito de Bragança, (528 milímetros), Penhas Douradas, na Serra da Estrela, (473 milímetros), Guarda (466 milímetros) e Covilhã, distrito de Castelo Branco, (433 milímetros). Nas regiões sul, os valores de precipitação foram inferiores ao normal, por exemplo, os 47,9 milímetros de chuva ocorridos em Faro correspondem a cerca de 40% do normal (115,6 milímetros).