Catarina Martins esteve no programa da Cristina para falar de violência doméstica
Antes de se reunir com o primeiro-ministro para discutir a viabilização do Orçamento do Estado, a líder do Bloco de Esquerda esteve no programa de entretenimento da SIC para apelar às vítimas de violência doméstica que apresentem queixa.
Não foi a primeira líder partidária a fazê-lo, nem sequer a primeira cara do partido. Mas não foi fácil convencê-la, confessou logo Cristina Ferreira à chegada de Catarina Martins. A coordenadora do Bloco de Esquerda (BE) esteve esta quarta-feira no “Programa da Cristina” para falar de violência doméstica. Numa conversa que se manteve longe da cozinha — nas suas participações no mesmo programa, o primeiro-ministro, António Costa, e a líder centrista, Assunção Cristas, cozinharam duas receitas —, Catarina Martins defendeu que “o debate político é um debate que não deve ser sobre a personalidade de cada um ou sobre a vida privada de cada um”, mas sobre propostas.
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Não foi a primeira líder partidária a fazê-lo, nem sequer a primeira cara do partido. Mas não foi fácil convencê-la, confessou logo Cristina Ferreira à chegada de Catarina Martins. A coordenadora do Bloco de Esquerda (BE) esteve esta quarta-feira no “Programa da Cristina” para falar de violência doméstica. Numa conversa que se manteve longe da cozinha — nas suas participações no mesmo programa, o primeiro-ministro, António Costa, e a líder centrista, Assunção Cristas, cozinharam duas receitas —, Catarina Martins defendeu que “o debate político é um debate que não deve ser sobre a personalidade de cada um ou sobre a vida privada de cada um”, mas sobre propostas.
“Quando falamos sobre a vinda ao programa, a Cristina sabe que eu tenho muitas reservas, não por ter nada contra o programa, mas porque normalmente sou reservada sobre a minha vida privada. Costumo mais ir a programas de informação, de debate, como as pessoas compreendem. Mas quis vir porque a Cristina é a mulher com o programa mais visto deste país e que afirmou publicamente a causa de combater a violência doméstica e a violência contra as mulheres”, explicou Catarina Martins. “Acabámos 2019 da pior forma possível: morreram 30 mulheres. E todos os anos dizemos que tem de mudar. E há muito a fazer para mudar as leis. Temos de proteger as vítimas, dar meios à polícia e Ministério Público e penalizar os juízes que não percebem o que é a violência doméstica”, elencou, recordando o caso dos juízes que usaram a Bíblia para justificar agressões brutais.
Para a líder bloquista, “há muito a fazer em termos de leis em Portugal, mas é preciso mudar os comportamentos” e “há uma parte do trabalho em que a Cristina e espaços como os do programa que são essenciais”. “Temos de falar todos os dias para prevenir toda a violência, para pararmos com este que é o maior problema de segurança do nosso país”, justificou.
A coordenadora do Bloco de Esquerda apelou aos espectadores que peçam ajuda às autoridades e que estejam atentos aos sinais de violência. “As pessoas têm direito à ajuda e a polícia não acha que está a ser chateada”, vincou, lembrando que os números podem ser usados não apenas pelas vítimas, mas por quem quer denunciar situações de violência doméstica. “Não devemos falar só quando há desgraça”, disse.
Sobre a personalização da política, Catarina Martins defendeu que “não se constrói projecto político sem as pessoas e qualquer projecto político que seja construído sem a capacidade de empatia, de compreender a situação do outro, nomeadamente das pessoas que têm as vidas mais difíceis, é um projecto político que não serve”, afirmou.
Questionada sobre a dificuldade das pessoas perceberem o que é um Orçamento do Estado, a líder do BE defendeu que “as pessoas compreendem o que é ter mais salário ou menos salário, mais pensão ou menos pensão, o que é a factura da luz ser mais cara ou mais barata”. “Os orçamentos são isso, são a decisão sobre a nossa vida. Vamos ver, eu logo à tarde tenho uma reunião com o António Costa, a ver se fazemos alguma coisa”, antecipou.
Sobre outros nomes na política, Catarina Martins preferiu não se alongar. Quando questionada sobre qual o líder com que tem maior empatia, sem surpresas, a líder do BE falou no líder do PCP. “Eu acho que não é surpresa para ninguém se eu disser que tenho uma enorme simpatia pelo Jerónimo de Sousa”, respondeu.
No final do programa, Cristina Ferreira quis saber o prognóstico de Catarina Martins sobre as eleições internas do PSD, mas a líder do BE escusou-se a fazer qualquer comentário. Luís Montenegro foi um das últimas caras da política portuguesa a participar no programa televisivo da SIC. O candidato à liderança do PSD, cuja eleição se realiza este sábado, subiu ao palco com o cantor português Tony Carreira para cantar “Sonhos de Menino”.