Calça Lady Gaga e Madonna e inspira-se na poluição. Kermit Tesoro está em Portugal

Kermit Tesoro está em São João da Madeira para doar duas peças da sua autoria e fazer masterclasses com o objectivo de incentivar os futuros artistas a expressarem-se.

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O filipino Kermit Tesoro já calçou Lady Gaga e Madonna e, por estes dias, está em São João da Madeira para doar ao Museu do Calçado dois dos mais emblemáticos sapatos que criou, um inspirado nos tentáculos de um polvo e outro com o salto com a forma de uma caveira. Dois exemplos da arte do designer de calçado, de moda e escritor, 32 anos, que pretende “ser expressiva, contar histórias e agitar consciências para os problemas ambientais e sociais”, enumera o próprio ao PÚBLICO.

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O filipino Kermit Tesoro já calçou Lady Gaga e Madonna e, por estes dias, está em São João da Madeira para doar ao Museu do Calçado dois dos mais emblemáticos sapatos que criou, um inspirado nos tentáculos de um polvo e outro com o salto com a forma de uma caveira. Dois exemplos da arte do designer de calçado, de moda e escritor, 32 anos, que pretende “ser expressiva, contar histórias e agitar consciências para os problemas ambientais e sociais”, enumera o próprio ao PÚBLICO.

O contacto com o Museu do Calçado começou em 2017, mas só este ano se concretizou a vinda do artista a São João da Madeira para doar os sapatos Polypodis e Impaled Skull (Crânio Empalado) que se juntam “às mais de oito mil peças de calçado que compõem o espólio do espaço”, informa Joana Galhano, directora do museu.

A peça Polypodis é uma amálgama de experiências diferentes, como o meu fascínio por polvos que adquirirem várias cores”, conta o autor. O sapato foi feito de dentes pulverizados, resina, acrílico e plástico oceânico, descreve. Já na Impaled Skull, Kermit Tesoro usou couro, cálcio, resina e aço, e inspirou-se na figura do Drácula para a criar com um tacão em forma de caveira metalizado.

Esta peça “não é funcional, mas arte”, como, aliás, muitas outras que cria, assegura o artista. “Não é minha intenção chocar as pessoas com os sapatos que desenho, mas sim ser uma expressão de mim mesmo, porque se formos nós próprios, tudo flui”, descreve depois de ter visitado parte do Museu do Calçado, onde diz ser “um privilégio como artista ter as suas peças junto de outras de tantos artistas conhecidos e publicados em revistas ou livros”.

Tesoro também já fez correr muita tinta e já viu as suas peças tornarem-se virais na Internet. Ao longo dos anos, já calçou, algumas vezes, Lady Gaga e Madonna e inclusive com esta última teve de assinar um termo de confidencialidade. “Posso dizer que desenhei, mas não posso falar sobre eles”, justifica o artista que nesta quarta-feira dá duas masterclasses a estudantes sobre design de calçado.

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Museu do Calçado gostaria de fazer uma exposição com os trabalhos de Kermit Tesoro

Nas suas aulas, em São João da Madeira, vai explicar aos alunos que a moda não pode ser uma espécie de fast-food, não pode ser “uma cultura rápida de consumismo, de consumir e deitar fora para impressionar os outros”, antecipa ao PÚBLICO. Mais. O designer quer transmitir uma mensagem: que o trabalho artístico deve chamar a atenção para problemas ambientais e sociais. No seu caso, exemplifica, a sua preocupação é com a poluição. “As Filipinas sofrerem graves problemas com o plástico no oceano”, aponta.

Joana Galhano, ao lado de Tesoro, lembra uma das suas peças, um sapato de borracha “para alertar para os derrames de petróleo no mar”. A directora do museu “gostaria de ter uma exposição temporária do artista”.

Sobre o seu processo criativo, o artista filipino, que se descreve como vanguardista e um contador de histórias nas peças que cria, diz que “depende muito”, mas que vai buscar as suas influências à natureza, ciência, biologia, como foi o caso de um sapato inspirado numa planta carnívora ou outro cujo salto é um crânio de um tigre. 

De São João da Madeira leva para as Filipinas “uma série de memórias dos locais que visitou, desde a fábrica de lápis Viarco, passando pela indústria de calçado Evereste que o surpreendeu por casar a manufactura com novas tecnologias na confecção dos sapatos. “Nunca tinha visto nada assim”, admite entusiasmado, acrescentando que também leva influências do parque natural que visitou “com elementos para incorporar” no seu trabalho. Por estes dias, o designer está a explorar outro tipo de materiais, como o vidro.