PS promete à UGT pressionar Governo para dar maior aumento salarial à função pública

Central sindical diz que teve garantia de que, mesmo que haja uma “hecatombe”, os aumentos de 2021 serão de 1,1%.

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Daniel Rocha

Serão apenas promessas, mas o secretário-geral da UGT quer acreditar que serão cumpridas: a presidente da bancada socialista garantiu nesta terça-feira ao líder sindicalista Carlos Silva que os deputados do PS vão defender na discussão do orçamento na especialidade que o Governo dê aumentos salariais maiores do que os 0,3% previstos na proposta entregue no Parlamento.

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Serão apenas promessas, mas o secretário-geral da UGT quer acreditar que serão cumpridas: a presidente da bancada socialista garantiu nesta terça-feira ao líder sindicalista Carlos Silva que os deputados do PS vão defender na discussão do orçamento na especialidade que o Governo dê aumentos salariais maiores do que os 0,3% previstos na proposta entregue no Parlamento.

“Foi-nos garantido que, em sede de especialidade, a mensagem da UGT [de melhoria da proposta de 0,3%] será transmitida ao Governo. Se vai ou não ter sucesso foi garantia que Ana Catarina Mendes não nos pôde dar”, contou Carlos Silva aos jornalistas depois de reunir com a líder da bancada socialista no Parlamento.

Mas Ana Catarina Mendes, que foi o braço direito de António Costa nos últimos quatro anos, assumiu outro compromisso com a delegação da UGT. “Foi garantido que o Governo está a fazer um esforço de melhoria para fazer em 2021. (...) Independentemente de tudo o que vier a acontecer, nem que haja uma hecatombe estrutural em termos externos, o Governo mantém o que está no seu programa eleitoral, ou seja, o mínimo [de aumento salarial] de 1,1% para 2021”, descreveu Carlos Silva.

Na reunião com a direcção da bancada do PS, a delegação da UGT defendeu a necessidade de “se valorizarem os salários dos trabalhadores, não apenas do privado, mas sobretudo também os da administração pública, e, de uma forma geral, melhorar os rendimentos dos portugueses”. Carlos Silva salientou que o Executivo começou agora uma nova legislatura e seria “importante que os trabalhadores sentissem de imediato aquilo que foi uma expectativa criada pelo Governo e pelo PS em relação à valorização dos salários”.

Embora reconheça que o Governo de António Costa “fez um esforço de recuperar muito do que se perdeu no tempo da troika”, Carlos Silva lembra que os salários médios, quer da administração pública quer do privado, “ainda estão inferiores ao que eram em 2009, por isso o esforço de recuperação tem que continuar a ser maior”. Ana Catarina Mendes ter-lhe-á dito que se Portugal quer continuar a acompanhar a Europa “só pode haver melhoria clara dos salários se houver crescimento económico”, mas os sindicalistas não desarmam.

Carlos Silva vinca que a UGT é claramente defensora do crescimento económico, no entanto também defende que “um orçamento do Estado para ser justo tem que ser equitativo e equilibrado”. E esse equilíbrio “tem que ser entre as melhorias substanciais que estão previstas para os empregadores que ficaram com um certo grau de satisfação e expectativa com os compromissos do Governo de alocar ao orçamento. E os trabalhadores ficam onde? É só para 2021?”

Questionado sobre se partilha da ideia da dirigente do PS se que este é “o melhor Orçamento do Estado”, Carlos Silva é directo: “Não. O PS faz a sua leitura; o Governo faz a sua leitura; e o movimento sindical faz uma leitura divergente: o orçamento só poderá ser justo se apresentar uma proposta equilibrada quer do ponto de vista dos empregadores quer do ponto de vista dos trabalhadores.”

Lembra que o actual primeiro-ministro e secretário-geral do PS prometeu “colocar como prioridade da sua governação para esta legislatura a valorização dos salários”. “Ora, não nos parece, com o devido respeito, que essa seja efectivamente a prioridade neste momento...”