Investidura de Sánchez, esta terça-feira, não garantirá a estabilidade
O novo executivo espanhol deverá passar tangencialmente mas ficará nas mãos dos independentistas. A segunda votação realiza-se na tarde desta terça-feira.
O socialista Pedro Sánchez deverá ser investido, nesta terça-feira à tarde, pelo Congresso espanhol como presidente do governo, ao fim de quase um ano de crise política e duas eleições gerais.
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O socialista Pedro Sánchez deverá ser investido, nesta terça-feira à tarde, pelo Congresso espanhol como presidente do governo, ao fim de quase um ano de crise política e duas eleições gerais.
A crise estalou em Fevereiro de 2019, quando o Congresso “chumbou” o Orçamento. Desde então apenas existe um “governo em funções”. Paira ainda alguma incerteza sobre o resultado da votação. No domingo, o líder socialista teve 166 votos a favor e 165 contra, não tendo passado por ser necessária a maioria absoluta na primeira votação. No segundo escrutínio, apenas necessita da maioria relativa.
O PSOE espera reunir 168 votos favoráveis. No domingo, dois deputados faltaram por doença. A incerteza decorre do facto de que a ausência de um só deputado pode alterar o resultado. Os partidos de direita têm feito pressões nesse sentido, enquanto o PSOE estava desde ontem “em máximo alerta”, pedindo a todos os deputados que dormissem em Madrid desde a véspera do voto.
A investidura de Sánchez porá termo a uma longa crise mas não assegurará a estabilidade. Na base da nova maioria está um acordo de coligação entre o PSOE e o Unidas Podemos, de Pablo Iglesias, e um entendimento com os independentistas da Esquerda Republicana da Catalunha (ERC), cuja abstenção permitirá ao governo ser empossado. O outro pilar da nova maioria é o Partido Nacionalista Basco (PNV), que também se absterá e prometeu apoio à governação socialista. Seria o primeiro governo de coligação desde a Transição para a democracia.
Sánchez aposta no facto de ser politicamente inviável constituir uma maioria para o derrubar. Mas a fraqueza do governo está patente na sua tangencial maioria. Prevê-se que seja obrigado a uma constante negociação com uma dezenas de forças ou fracções políticas, além de estar sempre dependente dos soberanistas catalães. A ERC disporá de um poder de “vida ou morte” sobre o executivo. Ao mesmo tempo, a direita denuncia a “ilegitimidade” do futuro governo pelo acordo com os soberanistas. A Espanha vive um clima de extrema crispação política.