Aquela idade e o pneu que teima em não sair da barriga? O metabolismo explica

Teresa Branco, especialista em gestão de peso e autora de diversos livros, tem uma clínica em Lisboa onde aposta no combate anti-aging.

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Faz uma alimentação saudável e exercício físico mas, ainda assim, aquele pneu à volta da cintura não desaparece. O metabolismo explica, acredita Teresa Branco, especialista em gestão de peso e autora de livros como Emagreça Comigo ou Quando o Corpo Começa a Mudar. Há duas décadas que a fisiologista abriu uma clínica, em Lisboa, onde procura acompanhar as mulheres a partir dos 40 anos, mas não só, também qualquer pessoa que queira perder peso ou desportistas, para ajudá-los a melhorar o seu desempenho.

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Faz uma alimentação saudável e exercício físico mas, ainda assim, aquele pneu à volta da cintura não desaparece. O metabolismo explica, acredita Teresa Branco, especialista em gestão de peso e autora de livros como Emagreça Comigo ou Quando o Corpo Começa a Mudar. Há duas décadas que a fisiologista abriu uma clínica, em Lisboa, onde procura acompanhar as mulheres a partir dos 40 anos, mas não só, também qualquer pessoa que queira perder peso ou desportistas, para ajudá-los a melhorar o seu desempenho.

Com o avançar da idade, há hormonas que tendem a diminuir a sua concentração porque as glândulas que as produzem não conseguem assegurar o nível ideal. Daqui resulta um descontrolo do sistema hormonal. “Quando as hormonas e, consequentemente, o metabolismo estão num nível óptimo, o corpo está saudável”, começa por explicar Teresa Branco que se dedicou a esta área de estudo e, no seu consultório, utiliza algumas técnicas de diagnóstico de maneira a conhecer melhor o perfil de cada paciente — cuja faixa etária começa nos 35 anos e vai até aos 60, sendo maior a percentagem de mulheres que a procuram. 

A consulta começa na sala de espera, onde se responde a um extenso inquérito em papel. Será precisa hora e meia a duas horas para fazer a consulta, que custa 120 euros. Depois do inquérito respondido, a especialista avalia a relação que o cliente tem com a comida. “As pessoas comem demais, estão viciadas em açúcar e sal”, alerta. 

De seguida é feita uma avaliação detalhada da composição corporal (massa gorda, muscular e água intra e extracelular), do perfil fisiológico, endocrinológico, comportamental (avaliação psicológica e a relação emocional com a comida e sua possível influência na gestão do peso), nutricional (preferências e intolerâncias alimentares), assim como do estilo de vida do paciente (rotinas e performance desportiva).

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Em alguns casos, pode ser sugerido fazer um perfil genético — que ajuda a compreender a relação entre os genes e a forma como o corpo reage a certos alimentos, assim como à actividade física: Com esta análise incluída, o valor da consulta sobe para 370 euros e é desdobrada em duas, pois é na segunda que são explicados os resultados dessa avaliação. 

Jejum e repouso

​No dia da consulta de diagnóstico é necessário estar em jejum durante duas horas e não consumir bebidas açucaradas, incluindo café. Apenas a ingestão da água não interfere com os resultados da avaliação que é feita ao metabolismo. Durante meia hora, o convite é ao repouso absoluto para que seja feita a avaliação do metabolismo basal, ou seja, é medido o oxigénio consumido e o dióxido de carbono expelido durante aquele período de descanso. É a relação entre os dois valores obtidos que irá ajudar a perceber com precisão se o metabolismo do cliente é rápido ou lento. 

É a partir de todos estes dados que Teresa Branco, que se doutorou na área da obesidade, pode delinear um programa de saúde preventivo e sugerir um plano alimentar. Apesar de na consulta dar logo algumas sugestões de mudanças a fazer nos hábitos alimentares, aconselha a fazer um programa focado na gestão do peso, no anti-aging (que pode incluir também a perda de peso) ou na performance desportiva, dependendo dos objectivos de cada cliente.

Por exemplo, o programa de gestão do peso inclui consultas de nutrição — nesta, a nutricionista Diana Baião pergunta, refeição a refeição, o que se come, para depois sugerir mudanças que não sejam demasiado drásticas, de maneira a que o paciente consiga adaptá-las ao seu dia-a-dia; psicologia clínica — muitas vezes, o problema é a “fome emocional”, justifica Teresa Branco; consulta com uma médica especialista em modulação hormonal e com uma fisiologista do exercício.

Este plano pode ter a duração de seis meses a um ano, dependendo de cada situação. “A prescrição é feita de acordo com a pessoa e não de forma generalista. O que acontece é que as pessoas fazem dietas sem um bom diagnóstico e, por isso, não resultam”, justifica ao PÚBLICO.

A especialista — que fez uma formação em Medicina de Estilo de Vida/Nutrição, Prescrição de Exercício, Gestão de Stress e Gestão de Peso na Universidade de Harvard, nos EUA — aposta num trabalho multidisciplinar entre os vários profissionais de saúde, na clínica. Ou seja, para Teresa Branco não basta fazer um plano alimentar, mas um “acompanhamento mais holístico, assente em cinco premissas”: controlo fisiológico e hormonal; gestão do stress e das emoções; equilibro vitamínico e mineral; exercício físico adequado e regular; e gestão nutricional equilibrada.

Combater a idade

Apesar de muitos clientes chegarem ao consultório porque querem perder peso, a consulta anti-aging tem vindo a crescer. “Há a tendência de querer permanecer jovem durante mais tempo e as pessoas não querem parecer artificiais, não quererem tomar medicamentos [para combater a idade], não querem tratamentos químicos nem cirurgias, mas querem consegui-lo de forma natural”, por isso, recorrem a uma consulta onde a proposta é mudar a alimentação — o plano alimentar não está focado na perda de peso, mas no consumo de nutrientes, por exemplo, antioxidantes, para prevenir o envelhecimento precoce. 

O programa anti-aging é baseado na “modulação hormonal”, ou seja, depois de feito o diagnóstico é sugerido, além da dieta e do exercício físico, acompanhamento para gestão do stress e das emoções e um tratamento a que se recorre a hormonas bio-idênticas. 

O que é a modulação hormonal? É um termo associado ou cunhado pelo movimento da denominada ‘medicina anti-aging' e que em muitos casos recorre a suplementação hormonal de forma abusiva, em pessoas sem qualquer indicação para fazer tratamentos hormonais”, responde Helder Simões, médico endocrinologista e membro da direcção da Sociedade Portuguesa de Endocrinologia, Diabetes e Metabolismo (SPEDM).

E o que são hormonas bio-idênticas? São hormonas que “química e estruturalmente são iguais às nossas, pelo que o nosso organismo as reconhece como sendo suas”, responde porta-voz do Instituto Teresa Branco, por e-mail, acrescentando que estas são adquiridas apenas em farmácia e “após prescrição do tratamento é feita uma vigilância de oito em oito semanas, com o objectivo de combater os défices hormonais que surgem com a idade”. Assim, é possível ​restabelecer esse equilíbrio e, por conseguinte, retardar o envelhecimento e o aparecimento de doenças associadas à idade”, explica a fisiologista, durante a consulta.

A partir dos 30/35 anos, as hormonas diminuem 1 a 3% por ano. “Por isso não é de admirar que aos 40 anos, as pessoas apresentem os primeiros sintomas e sinais de deficiência hormonal, uma vez que nenhum metabolismo funciona bem se não houver equilíbrio hormonal”, informa a clínica por escrito, acrescentando que os principais sinais e sintomas são: perda de memória, cansaço, irritabilidade, dificuldade em dormir, dificuldade em perder peso, aumento do perímetro abdominal, diminuição da líbido e secura vaginal, entre outros.

Os tratamentos de substituição hormonal estão recomendados em diversas doenças em que existem de facto défices hormonais. Neste contexto as terapêuticas hormonais podem trazer muitos benefícios. Por exemplo, na mulher na menopausa, a terapêutica hormonal de substituição tem o seu lugar estudado desde há décadas e pode ajudar a aliviar os sintomas”, contextualiza Helder Simões. No entanto, “assiste-se à proliferação de terapêuticas não aprovadas para tentar minorar problemas do envelhecimento”, alerta o especialista, acrescentando que as substâncias usadas nem sempre são controladas pelas entidades reguladoras do medicamento ou são utilizadas fora das indicações aprovadas.

Teresa Branco salvaguarda que os tratamentos são recomendados por um “profissional médico inserido numa equipa multidisciplinar composta por outros profissionais de saúde”. ​Helder Simões diz que “é difícil para a população separar o trigo do joio, sobretudo quando estes alegados tratamentos são vendidos e promovidos por médicos” e defende que a Ordem dos Médicos e a entidade reguladora da saúde “deveriam fazer mais”. A SPEDM, assim como as suas congéneres americanas e brasileira, “lançaram alertas importantes para o público sobre a utilização de suplementação hormonal abusiva no sentido de combater estes movimentos que advogam suplementação hormonal fora dos contextos habituais de substituição de défices hormonais”, conclui. 

O PÚBLICO fez uma consulta no Instituto Teresa Branco a convite do mesmo.