Lágrimas de Khamenei e promessas de vingança no funeral de Soleimani
Reuters diz que só Khomenei levou tanta gente à rua no seu funeral. Canta-se “Morte a América”. Filha de Soleimani promete “dia negro” aos EUA.
As ruas de Teerão não foram suficientes para as multidões que se juntaram para assistir ao funeral do general Qassem Soleimani, histórico líder da Força al-Quds, uma unidade de elite dos Guardas da Revolução, morto pelos EUA na madrugada de sexta-feira. À homenagem juntaram-se promessas de vingança e cânticos de “Morte à América”.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
As ruas de Teerão não foram suficientes para as multidões que se juntaram para assistir ao funeral do general Qassem Soleimani, histórico líder da Força al-Quds, uma unidade de elite dos Guardas da Revolução, morto pelos EUA na madrugada de sexta-feira. À homenagem juntaram-se promessas de vingança e cânticos de “Morte à América”.
As orações foram conduzidas pelo ayatollah Ali Khamenei, a principal figura do regime iraniano, que a certa altura não conseguiu conter as lágrimas, obrigando-o a fazer uma pausa.
Centenas de milhares de pessoas – os media estatais falam em milhões – acotovelavam-se para prestar uma última homenagem a um dos homens mais poderosos do Irão nos últimos anos. Apenas o funeral do fundador do regime, o ayatollah Ali Khomenei, em 1989, mobilizou tantos iranianos, diz a Reuters.
Soleimani era o principal operacional da estratégia de projecção internacional do Irão e o seu dedo estava presente em praticamente todos os cenários de conflito no Médio Oriente. Tinha um estatuto de herói quase consensual no Irão e a sua morte foi lamentada até pelos sectores reformistas e críticos do regime.
“O martírio de Soleimani é com certeza um ponto de viragem para o establishment, tanto internamente como no exterior. A sua morte, para já, uniu o Irão”, disse à Reuters um antigo dirigente reformista.
A morte do general num ataque de drones dos EUA no aeroporto de Bagdad na sexta-feira fez aumentar a tensão entre os dois países, que parecem caminhar rumo a uma confrontação cada vez mais directa e imprevisível. Washington disse que Soleimani estava a preparar um ataque contra interesses norte-americanos e um “golpe” no Iraque.
Este fim-de-semana, o Irão anunciou o rompimento total das obrigações do acordo nuclear, excluindo qualquer limite ao enriquecimento de urânio – em 2018, Washington já denunciara o acordo. O Parlamento iraquiano aprovou a retirada das forças norte-americanas no país, acusando os EUA de terem violado a sua soberania.
A filha de Soleimani, Zeinab, chamou “louco” ao Presidente dos EUA, Donald Trump, e prometeu vingança pela morte do pai. “A América e o sionismo [Israel] devem saber que o martírio do meu pai vai dar lugar a um acordar na frente de resistência e trazer-lhes um dia negro e arrasar as suas casas”, declarou Zeinab Soleimani, durante a cerimónia.
Os restos mortais de Soleimani vão ser levados ainda esta segunda-feira para Qoms, uma das cidades sagradas para os xiitas, e no dia seguinte será realizado um funeral em Kerman, a sua cidade natal.
O líder do grupo palestiniano Hamas, Ismail Haniyeh, também esteve presente no funeral de Soleimani, que descreveu como “o mártir de Jerusalém”, e prometeu “confrontar o projecto sionista e a influência americana”.
O ministro dos Negócios Estrangeiros iraniano, Javad Zarif, publicou várias fotografias do funeral e dirigiu-se directamente a Trump: “Alguma vez viu um mar de humanidade assim na sua vida?” “O fim da presença maligna dos EUA na Ásia Ocidental começou”, acrescentou o ministro.