Cabo Verde pede investigação célere a “crime bárbaro” em Bragança
O estudante cabo-verdiano do Instituto Politécnico de Bragança terá sido agredido por vários homens à saída de uma discoteca em Bragança. Governo e oposição de Cabo Verde pedem justiça.
O ministro dos Negócios Estrangeiros e Comunidades de Cabo Verde, Luís Filipe Tavares, pediu este domingo "celeridade” no “esclarecimento cabal” pelas autoridades portuguesas da “trágica” morte de um estudante cabo-verdiano, após violentas agressões em Bragança, classificando-as como um “crime bárbaro”.
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O ministro dos Negócios Estrangeiros e Comunidades de Cabo Verde, Luís Filipe Tavares, pediu este domingo "celeridade” no “esclarecimento cabal” pelas autoridades portuguesas da “trágica” morte de um estudante cabo-verdiano, após violentas agressões em Bragança, classificando-as como um “crime bárbaro”.
“Ficamos chocados com esta morte e já pedimos, através do nosso embaixador em Lisboa, informações às autoridades portuguesas sobre as circunstâncias que levaram à morte do jovem cabo-verdiano”, refere o ministro, citado numa nota do Ministério dos Negócios Estrangeiros e Comunidades de Cabo Verde.
“Acreditamos na Justiça portuguesa e esperamos que tudo seja feito com celeridade com vista ao esclarecimento cabal desta morte trágica e que os responsáveis deste crime bárbaro sejam severamente punidos”, acrescentou Luís Filipe Tavares.
O Presidente da República de Cabo Verde, Jorge Carlos Fonseca, também já anunciou que está a acompanhar, através da Embaixada em Lisboa, os contornos da “morte brutal” do estudante Luís Rodrigues.
O embaixador de Cabo Verde em Portugal, Eurico Monteiro, já pediu a clarificação “cabal” das circunstâncias da morte do estudante cabo-verdiano Luís Rodrigues, após ferimentos graves sofridos numa agressão em Bragança, onde estudava há dois meses, ocorrida em 21 de Dezembro. Em comunicado, no sábado, a Embaixada de Cabo de Verde em Portugal referiu que Eurico Monteiro está a “acompanhar de perto as investigações e os seus desenvolvimentos”, com vista a “clarificar-se de forma cabal as circunstâncias da morte e determinar-se as eventuais responsabilidades”.
No dia 21 de Dezembro passado, o estudante cabo-verdiano do Instituto Politécnico de Bragança (IPB) Luís Giovani dos Santos Rodrigues terá sido agredido por vários homens à saída de uma discoteca em Bragança.
Transportado para o Hospital de Santo António, no Porto, o jovem estudante, de 21 anos, acabou por morrer no dia 31 de Dezembro, segundo o comunicado da Embaixada de Cabo Verde em Lisboa.
Oposição pede esclarecimentos ao Governo português
Também este domingo a líder do PAICV, maior partido da oposição em Cabo Verde, defendeu que sejam pedidas explicações ao Governo português sobre a “bárbara” morte do estudante cabo-verdiano.
Numa mensagem colocada na sua conta oficial na rede social Facebook, a presidente do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV), Janira Hopffer Almada, afirma que nestes momentos é necessário mostrar que “a vida humana não tem preço”.
“Cabo Verde tem embaixada e embaixador em Portugal! Ele já não deveria [ser recebido] pelos ministros da Administração Interna ou da Justiça? Já não deveríamos ter alguém a visitar Bragança e a reunir-se com as autoridades lá, para conhecer o que terá levado a esse ato bárbaro e tentar evitar que situações dessas se repitam?”, escreveu a líder do PAICV.
Na nota, Janira Hopffer Almada refere que o jovem cabo-verdiano foi agredido em Bragança por 15 pessoas “armadas com cintos de ferro e paus”. “Morreu no dia 31 de Dezembro e até ao momento ninguém foi preso. Foram 15 agressores, de acordo com testemunhas! Será que alguém pagará por tamanha barbaridade?”, questionou a líder da oposição.
Janira Hoppfer Almada afirmou ainda que é “chegado o momento” de Cabo Verde parar para analisar “a situação real dos estudantes” e da sua comunidade em Portugal. “Temos o dever de estar mais presentes e de assumir com mais garra as suas causas”, defende.
Segundo o comunicado da Embaixada de Cabo Verde, o caso envolvendo o jovem estudante cabo-verdiano “foi encaminhado à Polícia Judiciária para o competente tratamento” e foi ordenada também a realização da autópsia “para se conhecer com precisão a causa da morte”.
Luís Giovani era natural da ilha cabo-verdiana do Fogo, tendo o município de Mosteiros publicado uma nota sobre a sua morte, recordando que tinha viajado em Outubro para Bragança, “para seguir o curso de Design de Jogos Digitais” no IPB.
“Giovani era um dos mais promissores artistas de Mosteiros, tendo-se destacado na banda Beatz Boys, um grupo integrado por jovens formados pela paróquia de Nossa Senhora da Ajuda e artistas oriundos do agrupamento De Martins”, lê-se na mesma mensagem da Câmara Municipal de Mosteiros.