Pedro Sánchez falha investidura na primeira votação

Candidato dos socialistas tem de esperar pela votação de terça-feira, como já era previsto, para que possa ser aprovado pelos parlamentares com maioria simples. Deputados socialistas estão a ser pressionados para alterar o sentido de voto.

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Pedro Sánchez (PSOE) no congresso dos deputados, em Madrid Reuters/SERGIO PEREZ

A primeira votação realizada no congresso dos deputados de Espanha para a investidura de Pedro Sánchez falhou. Na manhã deste domingo, e como já era previsto, os “sim” não tiveram a maioria absoluta da câmara, no mais fragmentado parlamento eleito em Espanha.

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A primeira votação realizada no congresso dos deputados de Espanha para a investidura de Pedro Sánchez falhou. Na manhã deste domingo, e como já era previsto, os “sim” não tiveram a maioria absoluta da câmara, no mais fragmentado parlamento eleito em Espanha.

No final da votação, o candidato proposto pelo Rei de Espanha reuniu apenas 166 votos favoráveis. Eram necessários 176 votos para o candidato do PSOE fosse aprovado pela câmara neste domingo. Contra Pedro Sánchez estiveram 165 parlamentares e 18 abstiveram-se. Houve ainda o caso de uma deputada do grupo parlamentar do Unidas Podemos ausente da votação por motivos de doença. Com a ausência da parlamentar, a margem de manobra do líder socialista ficou ainda mais apertada. 

A votação repete-se na terça-feira e, nesse dia será, apenas necessário que existam mais votos favoráveis do que desfavoráveis à investidura de Pedro Sánchez, algo que está à partida garantido na sequência dos vários acordos assinados com forças políticas de carácter regional. A confirmarem-se as actuais posições das várias forças políticas representadas no congresso, Pedro Sánchez será investido na terça-feira

Neste domingo ao lado de Pedro Sánchez, para além dos parceiros de coligação Unidas Podemos, estiveram os representantes eleitos de forças regionais da Galiza (BNG), Aragão (Teruel Existe), País Vasco (PNV), Canárias (Nova Canárias) e os dissidentes do Podemos (Mais País). Contra esta investidura está toda a direita e partidos regionais da Cantábria (PRC), Canárias (Coligação Canária), Navarra (Navarra Suma), e os independentistas catalães da CUP e Juntos pela Catalunha. A ajudar as contas, através da sua abstenção, estiveram os partidos independentistas de esquerda da Catalunha, Esquerda Republicana da Catalunha, e o separatista do País Basco, Bildu.

O segundo dia de debate ficou marcado pela agitada intervenção da porta-voz do EH Bildu, Mertxe Aizpurua, que acusou o Rei de Espanha de ser a expressão de um Estado “autoritário”. O discurso foi várias vezes interrompido ao som de gritos de “assassinos”, “viva o Rei” e “vergonha” por parte dos deputados de PP e VOX. A presidente da câmara, Meritxell Batet Lamaña, chamou a atenção dos parlamentares de que existia liberdade de expressão.

Aizpurua fez ainda questão de lembrar Sánchez de que não poderia governar “sem o apoio de partidos da esquerda independentista”. O Bildu é um partido separatista do País Basco, que tem ligações ao ilegalizado Batasuna. Este partido é veiculado ao passado histórico do separatismo Basco, fomentado pela ETA.

Pedro Sánchez voltou a optar por um discurso conciliador para com as várias sensibilidades de Espanha, dizendo que “há esperança para que possamos viver em concórdia”. 

PSOE pede a deputados que durmam em Madrid e não faltem ao debate de terça-feira

Há também relatos de fortes pressões a parlamentares para rejeitarem a investidura de Sánchez. O deputado Tomás Guitarte, eleito por um movimento de cidadãos por Teruel, na província de Aragão, denunciou à televisão espanhola (TVE) as pressões que sofreu para rejeitar o nome do candidato socialista. Esperando “que o ambiente acalme”, o parlamentar apela ao consenso entre as várias forças para que haja um “desbloqueio político”.

A ministra da defesa em funções, Margarita Robles, denuncia também que vários parlamentares do PSOE viram chegar às suas caixas de e-mail mensagens com ameaças para que alterem o sentido de voto e rejeitem o nome de Sánchez. Também aos jornalistas a porta-voz do Cidadãos, Inés Arrimadas, apela ao surgimento de “algum corajoso”, dentro do partido socialista, que mude o seu sentido de voto.

Há também um caso a marcar a votação deste domingo: a parlamentar da Coligação Canária será alvo de um processo disciplinar por votar de forma diferente da indicação unânime do órgão máximo partido. Ana Oramas votou contra a investidura apesar de o partido ter afirmado que a sua decisão era de se abster.

Com uma margem favorável a Pedro Sánchez muito escassa, os socialistas já avisaram os seus deputados que devem dormir na capital na noite de segunda-feira para terça-feira, para que não se atrasem na sua chegada ao hemiciclo e não falhem a votação. 

A próxima votação está marcada para terça-feira ao final da manhã.