Será transladado para Cabo Verde corpo de estudante agredido em Bragança
Luís Giovani dos Santos Rodrigues tinha 21 anos e morreu no último dia do ano depois de ter sido agredido à saída de uma discoteca.
Será transladado para Cabo Verde o estudante que morreu no último dia do ano na sequência de uma violenta agressão que sofreu à saída de uma discoteca em Bragança. E isso deverá acontecer para a semana, adianta o embaixador de Cabo Verde em Portugal, Eurico Correia Monteiro.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
Será transladado para Cabo Verde o estudante que morreu no último dia do ano na sequência de uma violenta agressão que sofreu à saída de uma discoteca em Bragança. E isso deverá acontecer para a semana, adianta o embaixador de Cabo Verde em Portugal, Eurico Correia Monteiro.
O diplomata fala em “grande consternação”. Luís Giovani dos Santos Rodrigues tinha 21 anos. Era natural de Mosteiros, a cerca de 50 quilómetros de São Filipe, capital da ilha do Fogo. Ainda pequeno, começou a tocar piano na igreja de Nossa Senhora da Ajuda. Era um dos mais jovens membros dos Beatz Boys, um grupo de música tradicional de Cabo Verde – tocava mornas, coladeiras e mazurkas.
Tudo nele parecia reclamar futuro. Viajara em Outubro para Portugal. Ia estudar Design de Jogos Digitais no Instituto Politécnico de Bragança, no campus de Mirandela, uma área profissional em expansão. Estava a descobrir a vida de estudante do ensino superior numa cidade portuguesa. Na noite de 20 de Dezembro juntou-se a três amigos e foi até ao bar Lagoa Azul, no centro de Bragança.
Ao que contou ao jornal Contacto um primo residente no Porto, de nome Reinaldo Rodrigues, tudo terá corrido bem até estarem na fila para pagar. “O Giovani estava a conversar com o amigo mais velho, no movimento de dar um passo para a frente, um passo para trás, um deles esbarrou numa menina.” E o “suposto namorado” dela terá reagido mal.
“Um funcionário do estabelecimento, quando se apercebeu do desentendimento, pediu a um dos intervenientes no conflito que o acompanhasse até uma área de acesso restrito no bar, neste caso a cabina de som do DJ”, escreveu, em comunicado, a direcção do bar. “Aqui foi pedido à pessoa que se acalmasse, o que aconteceu. Entretanto, o outro cliente interveniente no conflito saiu do estabelecimento com a normalidade possível nestes casos.”
Nenhum dos protagonistas no confronto seria Giovani. Ele terá aguardado pelo amigo, como os outros. E saíram. “Uns 300 metros à frente estavam cerca de 15 rapazes em três grupos armados com cintos, ferros e paus”, declarou o primo ao Contacto. “Assim que viraram a esquina para ir para casa, eles caíram todos em cima do amigo mais velho, que está com o corpo cheio de hematomas. O Giovani foi lá pedir para pararem e antes de acabar a frase levou com uma paulada na cabeça”. O som da paulada terá levado o grupo a dispersar. E Giovani tombou uns 500 metros depois.
Acorreram ao local os Bombeiros de Bragança, que de imediato lhe viram o hematoma na cabeça. Desconfiando de traumatismo cranioencefálico, conduziram-no ao Hospital Distrital de Bragança. Não tardou a ser transferido para o Hospital Geral de Santo António, no Porto.
O pai, secretário da mesa da Assembleia Municipal de Mosteiros e administrador/delegado da empresa intermunicipal de águas, a Aguabrava, Joaquim Rodrigues, viajou para Portugal no dia de Natal. A mãe, Marcelina dos Santos Martins, monitora de jardim infantil, não pôde fazer o mesmo. Giovani morreu por volta das 3h de dia 31.
A Embaixada de Cabo Verde em Portugal entrou em contacto com o Comando da Polícia de Segurança Pública (PSP) para perceber o que aconteceu. A PSP tomou conta da ocorrência. Quando a vítima morreu, o caso passou para a Polícia Judiciária. Eurico Correia Monteiro reclama um esclarecimento “cabal”. E diz estar confiante de que as autoridades tudo estão a fazer e tudo farão para esclarecer os contornos desta morte e apurar responsabilidades. “Não podem dar grandes pormenores, uma vez que o caso está em segredo de justiça”, salienta.
As imagens captadas pelo sistema de videovigilância já estão nas mãos dos investigadores. A autópsia foi feita sexta-feira na Delegação do Norte do Instituto de Medicina Legal. A expectativa, adianta Eurico Correia Monteiro, é que o corpo seja libertado no princípio desta semana. Mal seja possível, será transladado para Cabo Verde. Diz-lhe a experiência que não será difícil encontrar lugar.