Simões Pereira diz ter provas de que resultados das presidenciais na Guiné-Bissau foram adulterados

Candidato derrotado do PAIGC pediu impugnação das eleições. Tribunal de Justiça faz avaliação da queixa na semana que vem. Umaro Embaló quer tomar posse a 15 de Fevereiro.

Foto
Domingos Simões Pereira no dia da votação, 29 de Dezembro CHRISTOPHE VAN DER PERRE/Reuters

O candidato derrotado nas presidenciais da Guiné-Bissau, Domingos Simões Pereira (PAIGC), que pediu ao Supremo Tribunal de Justiça a impugnação dos resultados, disse este sábado que ​tem provas que “visam demonstrar que os resultados finais foram adulterados”.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

O candidato derrotado nas presidenciais da Guiné-Bissau, Domingos Simões Pereira (PAIGC), que pediu ao Supremo Tribunal de Justiça a impugnação dos resultados, disse este sábado que ​tem provas que “visam demonstrar que os resultados finais foram adulterados”.

Entre os argumentos para fundamentar as acusações de irregularidades, os advogados da candidatura de Simões Pereira juntaram elementos de indiciam “discrepância entre o número de inscritos para votar e o número de votantes”.

“A democracia anda em paralelo com a transparência e a justiça, que não estão comprovadas em relação ao registo dos votos expressos nas atas das assembleias de voto e muito menos na transposição das atas síntese para os quadros informáticos em tratamento”, disse Domingos Simões disse na sessão que marcou para explicar a razão do pedido de impugnação do resultado das eleições de 29 de Dezembro.

“Por isso o recurso judiciário, esperando que as instâncias competentes dêem a conhecer ao povo e à nação guineense a garantia de quem de facto mereceu a preferência dos guineenses para decidir o seu destino nos próximos cinco anos”, disse o candidato apoiado pelo Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), de que é presidente.

Domingos Simões Pereira enalteceu o "comportamento globalmente irrepreensível” das forças de defesa e segurança, mas defendeu que, agora, devem “proceder a um apuramento e responsabilização dos incidentes ocorridos e registados para contínua moralização e disciplina do serviço nobre que prestam à nação”.

E agradeceu à comunidade internacional pelas missões de observação eleitoral que ajudaram a que a votação decorresse num “ambiente mais apaziguado e seguro”, mas frisou que esta “não tem como certificar a correcção detalhada dos dados que são apurados e tratados”.

“A todos asseguramos o nosso firme compromisso com os valores democráticos e a nossa determinação em conhecer a verdade e respeitar a vontade do povo expresso das urnas”, afirmou.

Simões Pereira entregou na sexta-feira ao Supremo Tribunal de Justiça o pedido de impugnação das eleições. Fonte deste tribunal com competência de tribunal eleitoral disse à Lusa que o dossier vai ser apreciado na semana que vem, “para avaliar a sua justeza ou não”.

Segundo os resultados apresentados pela Comissão Nacional de Eleições (CNE), o general Umaro Sissoco Embaló venceu o escrutínio com 53,55% dos votos, enquanto Domingos Simões Pereira conseguiu 46,45%.

Umaro Embaló disse este sábado que pretende tomar posse a 15 de Fevereiro.