Electricidade: carvão em mínimos e eólica com recorde

Segundo a REN, a produção a partir do carvão teve o menor contributo para o consumo desde o arranque pleno da central de Sines, há 30 anos. Renováveis registaram quota de 51%.

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Sines é a maior central eléctrica do país Miguel Manso

A central térmica de Sines esteve fechada durante várias semanas em 2019, devido à subida dos custos da produção a carvão, fazendo com que o ano que passou ficasse nos livros como aquele em que a produção de energia eléctrica a partir desta matéria-prima satisfez a menor fatia de consumo em 30 anos.

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A central térmica de Sines esteve fechada durante várias semanas em 2019, devido à subida dos custos da produção a carvão, fazendo com que o ano que passou ficasse nos livros como aquele em que a produção de energia eléctrica a partir desta matéria-prima satisfez a menor fatia de consumo em 30 anos.

Segundo os dados divulgados esta sexta-feira pela REN, no ano passado, a electricidade com origem no carvão abasteceu apenas 10% do consumo, registando, assim, “a quota mais baixa do carvão desde a entrada em serviço pleno da central de Sines, em 1989”.

Em contraste com o carvão, a produção eólica destacou-se com um recorde positivo. Segundo a empresa que tem a missão de gerir o sistema eléctrico, a produção renovável abasteceu 51% do consumo nacional de energia eléctrica (face a 52% em 2018) e a eólica registou a quota mais elevada de sempre: representou 27% do consumo.

Seguiram-se a hidroeléctrica (17%), a biomassa (5,5%) e a fotovoltaica (2,1%).

Com a entrada em funcionamento de novas centrais, a energia fotovoltaica foi a fonte que mais cresceu em 2019, ultrapassando pela primeira vez 1 Terawatt hora (TWh) de produção anual.

Quanto à produção não renovável, foi responsável por 42% do consumo em 2019, e assegurada essencialmente pelas centrais a gás natural, que se tornaram mais competitivas que o carvão, e alcançaram uma quota de 32%.

O Governo já disse que está preparado para encerrar a central de Sines até 2023, enquanto a EDP considera que a central a carvão só deverá funcionar enquanto for rentável e prevê períodos de inactividade frequentes no futuro próximo. Segundo a empresa, o futuro desta infra-estrutura passará pelas renováveis e pelo hidrogénio.

O ano que passou também ficou marcado pela maior necessidade de recorrer à produção espanhola: “O saldo de trocas com o estrangeiro, após três anos exportadores, foi importador, abastecendo 7% do consumo nacional”, notou a REN.

Em 2019, o consumo totalizou 50,3 TWh, o que representou uma queda de 1,1% face ao valor verificado no ano anterior. Considerando os efeitos da temperatura e número de dias úteis, a variação foi de menos 0,2%, praticamente em linha com o valor do ano anterior.

A REN destaca que o consumo registado em 2019 ficou 3,6% abaixo do máximo registado em 2010.

Final de ano ventoso e chuvoso

Ainda em 2019, “apesar da recuperação nos últimos dois meses”, a produção hidroeléctrica ficou abaixo da média, situando-se o índice de produtibilidade hidroeléctrica anual em 0,81, ao contrário do índice de produtibilidade eólica, que registou 1,05 (considerando médias históricas iguais a 1).

Contudo, em Dezembro, o índice de produtibilidade hidroeléctrico atingiu 1,77 e, na produção eólica, o índice de produtibilidade registou 1,13.

“A conjugação destes factores permitiu que entre o dia 18 e 23 de Dezembro se verificasse um período de 131 horas consecutivas, o mais longo de sempre, com a produção renovável a ultrapassar o consumo”.

Nestas condições, o conjunto da produção renovável abasteceu 76% do consumo nacional (incluindo saldo exportador) e a produção não renovável os restantes 24%.

Com isto, o saldo exportador “foi particularmente elevado este mês, equivalendo a 19% do consumo nacional”.

Quanto ao comportamento do mercado de gás, em 2019 o consumo totalizou 67,9 TWh, com um crescimento de 4,8%. “Trata-se do segundo consumo anual mais elevado de sempre, 2,5% abaixo do máximo, registado em 2017”, referiu a REN.

O consumo de gás para produção de electricidade representou 35% do consumo total, verificando-se um aumento homólogo de 4,8%.

No segmento convencional, a tendência foi de estabilização, com um crescimento marginal de 0,2%.