Líbano recebe mandado internacional da Interpol para deter Carlos Ghosn
A polícia turca já deteve sete pessoas, incluindo quatro pilotos, suspeitos de ajudar o antigo presidente da Renault-Nissan a fugir do Japão.
O ministro da Justiça libanês, Albert Serhan, disse esta quinta-feira que recebeu um mandado internacional da Interpol para a detenção do ex-presidente da Renault-Nissan, Carlos Ghosn, que fugiu do Japão para o Líbano.
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O ministro da Justiça libanês, Albert Serhan, disse esta quinta-feira que recebeu um mandado internacional da Interpol para a detenção do ex-presidente da Renault-Nissan, Carlos Ghosn, que fugiu do Japão para o Líbano.
Albert Serhan disse à agência de notícias Associated Press (AP) que o aviso vermelho (Red Notice) da Interpol para o antigo presidente da Nissan foi recebido esta manhã através da procuradoria libanesa.
Os chamados avisos vermelhos da Interpol são solicitações às agências policiais em todo o mundo para que localizem e detenham provisoriamente um fugitivo procurado.
Numa fuga improvável, o ex-patrão da Renault-Nissan chegou segunda-feira ao Líbano, onde o seu paradeiro exacto continua desconhecido.
As autoridades turcas detiveram entretanto várias pessoas suspeitas de ajudar o ex-presidente da Renault-Nissan, Carlos Ghosn, na sua fuga do Japão, onde estava a ser processado, para o Líbano – via Istambul -, divulgaram os media locais.
Segundo a agência de notícias DHA, a polícia deteve e colocou sob custódia sete pessoas, incluindo quatro pilotos, todos suspeitos de ajudar Ghosn (que tem nacionalidade brasileira/francesa e libanesa) a viajar para o Líbano a partir de um aeroporto em Istambul, onde o antigo responsável máximo da Renault-Nissan fez uma escala após fugir do Japão.
O Ministério do Interior turco abriu uma investigação para determinar as condições em que Ghosn conseguiu transitar pela capital turca, informou o canal de notícias NTV, citado pela agência de notícias AFP.
A fuga de Ghosn do Japão, onde é acusado de fraude e desvio de dinheiro e foi colocado em prisão domiciliária após 130 dias de prisão, constitui uma reviravolta surpreendente num caso polémico que viu a queda de um dos líderes mais poderosos do sector automóvel.
Para a sua fuga, Ghosn teria conseguido um avião privado emprestado que saiu do aeroporto de Kansai, no oeste do Japão. Um avião desse tipo descolou no dia 29 de Dezembro, por volta das 23h00, horário local (14h00 hora em Lisboa), em direcção a Istambul, informou os media japoneses.
Segundo o diário turco Hürriyet, Ghosn é suspeito de ter pousado no aeroporto Atatürk - agora fechado para voos comerciais, mas ainda usado por aeronaves privadas - e de ter partido de seguida para o Líbano a bordo de outro avião privado.
Procuradores japoneses também efectuaram esta quinta-feira uma rusga em casa do ex-presidente da Nissan no Japão.
Carlos Ghosn não será extraditado se for para a França, disse ainda hoje a secretária de Estado da Economia francesa, Agnès Pannier-Runacher, no canal BFMTV.
“Se o senhor Ghosn vier para França, não o extraditaremos, isso porque a França nunca extradita os seus nacionais. Portanto, aplicamos ao senhor Ghosn e a todos as mesmas regras do jogo”, disse a secretária de Estado.
No entanto, Agnès Pannier-Runacher considerou que Ghosn não deveria ter fugido dos tribunais japoneses.