CIP acusa Santos Silva de “denegrir injustamente” a imagem dos empresários

Confederação empresarial reage às declarações do ministro, que considerou que um dos principais problemas das empresas portuguesas é “a fraquíssima qualidade da sua gestão”.

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António Saraiva, presidente da CIP, responde ao ministro dos Negócios Estrangeiros Miguel Manso

A CIP - Confederação Empresarial de Portugal acusou neste domingo o ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, de “denegrir injustamente” a imagem dos empresários, considerando que só alguém que vive fechado “em ambientes palacianos” pode falar em “fraquíssima qualidade” de gestão.

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A CIP - Confederação Empresarial de Portugal acusou neste domingo o ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, de “denegrir injustamente” a imagem dos empresários, considerando que só alguém que vive fechado “em ambientes palacianos” pode falar em “fraquíssima qualidade” de gestão.

“Não podemos […] consentir que aquele que maiores responsabilidades tem na promoção e defesa dos interesses de Portugal seja aquele que mais destrata as empresas e empresários que arrancaram, com o povo português, o Estado da falência em que a fraquíssima administração política de sucessivos governos nos deixaram.... alguns de que o próprio Augusto Santo Silva fez parte”, lê-se numa nota assinada pelo presidente da CIP, António Saraiva.

Na sexta-feira, na sessão de encerramento do 8.º Fórum Anual de Graduados Portugueses no Estrangeiro (GraPE 2019), que decorreu em Coimbra, o ministro dos Negócios Estrangeiros considerou que um dos principais problemas das empresas portuguesas é “a fraquíssima qualidade da sua gestão”.

Durante a sua intervenção, Augusto Santos Silva disse ainda que se pode “esperar sentado” se se supõe que o actual tecido industrial português “é capaz, por si só, de perceber a vantagem em trazer inovação para o seu seio e a vantagem em contratar pós-graduados e doutorados”, defendendo uma mudança no tecido empresarial e considerando que atrair investimento estrangeiro para o país também é uma forma de o tecido nacional mudar, face à competição que vem de fora.

“Se a compaixão com que brindou a capacidade dos empresários portugueses em período natalício já não era pouca, mais advogou que grande parte da solução para a conquista da inovação passava pela necessidade de o país atrair mais investimento estrangeiro”, salienta António Saraiva na nota, recordando que, entre as atribuições que cabem ao chefe da diplomacia portuguesa, está a promoção da economia e das empresas portuguesas.

Agora, refere o presidente da CIP, com estas declarações de Augusto Santos Silva fica-se a saber qual “a imagem que um dos mais importantes elementos do Governo tem das empresas e empresários nacionais”.

“A percepção confessada diz muito da forma como cumpre no exterior a missão que o país lhe confiou. Promover o investimento externo no país e denegrir injustamente a imagem de empresários e empresas portuguesas não me parece ser exactamente aquilo que se entende como a nobre missão de defesa do interesse nacional”, salienta.

Na nota, António Saraiva assinala que o crescimento da economia verificado nos últimos anos “se deve em grande medida ao esforço e à adaptação operada pelas empresas e empresários portugueses” e recorda que “os extraordinários números alcançados no combate ao desemprego foram atingidos no sector privado e não no público”.

“É de tal modo insofismável a verdade dos factos que comprovam que o milagre económico do país se deve essencialmente às empresas e aos empresários portugueses, esse mesmo milagre de que o Governo que Augusto Santos Silva faz parte tanto gosta de se gabar, aqui e além-mar, que as afirmações proferidas pelo ministro dos Negócios Estrangeiros só podem ser entendidas por terem sido ditas por alguém que, vivendo fechado em ambientes palacianos, há muito que não sai à rua para ver como o mundo lá fora gira e avança”, acrescenta.

O presidente da CIP reconhece, contudo, que é preciso continuar a fazer mais pela incorporação de inovação, qualidade e formação dos quadros das empresas.