Médica agredida com violência na urgência do hospital de Setúbal

Queixas de violência contra profissionais de saúde estão a aumentar em Portugal. Sindicato lamenta que agressores fiquem em liberdade.

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Paulo Pimenta

Uma médica foi agredida com violência por uma utente no serviço de urgência do hospital de S. Bernardo, em Setúbal, na madrugada desta sexta-feira e teve mesmo de ser transferida para Lisboa, onde foi sujeita a uma pequena cirurgia a um olho no hospital de S. José.

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Uma médica foi agredida com violência por uma utente no serviço de urgência do hospital de S. Bernardo, em Setúbal, na madrugada desta sexta-feira e teve mesmo de ser transferida para Lisboa, onde foi sujeita a uma pequena cirurgia a um olho no hospital de S. José.

A aguardar por ser atendida no serviço de urgência, a utente decidiu entrar no gabinete da médica e agredi-la, puxando-lhe os cabelos e enfiando-lhe um dedo no olho, segundo adiantou o Jornal de Notícias. A agressora foi identificada pela polícia no local e mais tarde acabou por ser libertada.

A administração do Centro Hospitalar de Setúbal (a que pertence o hospital de S. Bernardo) confirmou posteriormente a agressão e sublinhou, em comunicado, que está “a dar todo o apoio à profissional visada”, tendo o incidente sido “encaminhado para as entidades competentes”.

“No exercício das funções da prestação de cuidados aos utentes os profissionais de saúde estão sujeitos a riscos que tentamos minimizar”, acrescentou a administração do Centro Hospitalar de Setúbal.

O Sindicato Independente dos Médicos (SIM) lamenta que este crime seja “encarado por parte de alguns protagonistas do sistema de justiça com alguma ligeireza, restituindo o agressor à liberdade e perpetuando o sentimento de impunidade”. E sugere que se equacione que “em situações semelhantes os médicos ao serviço interrompam a sua actividade — à excepção dos doentes laranja e vermelhos — em solidariedade para com as vítimas e até que estejam restabelecidas plenas condições de segurança”.

637 notificações até Junho

O fenómeno das agressões a profissionais de saúde tem assumido cada vez maior relevância, com as queixas por violência, sobretudo contra médicos e enfermeiros, a não pararem de aumentar, desde que foi criado um sistema de notificação para este efeito na Direcção-Geral da Saúde.

Nos últimos anos as queixas dispararam. No primeiro semestre deste ano, aumentaram de novo, atingindo um valor recorde. Entre Janeiro e Junho, registaram-se 637 notificações, quando no mesmo período do ano passado tinham sido 439. Mas este total de notificações envolve desde casos de assédio moral, até episódios de violência física, que são menos frequentes (pouco mais de 10% do total). Já a violência verbal a representar cerca de um quinto do total das notificações.

Este fenómeno da violência preocupa as ordens profissionais, os sindicatos e também o Ministério da Saúde, que, em Maio passado, anunciou que ia avançar com um projecto-piloto “inovador”, em conjunto com o Ministério das Finanças (através da Secretaria de Estado da Administração e do Emprego Público), para combater a violência contra os profissionais de saúde.

Entre as estratégias idealizadas para combater a violência no local de trabalho figuram os chamados “botões de pânico” já utilizados em vários hospitais do país (alarmes colocados em locais estratégicos para chamar as autoridades quando necessário), além de alterações na sinalética, nos equipamentos e edifícios.