Tribunal turco condena sete trabalhadores de jornal da oposição
Dois colunistas e dois editores do jornal Sozcu foram acusados de orquestrar o golpe falhado de 2016 e apoiar a rede de Fethullah Güllen, exilado nos EUA.
Um tribunal turco condenou a penas de prisão sete jornalistas e outros trabalhadores do jornal Sozcu, um pilar do secularismo no país. A acusação é de terem ajudado a orquestrar uma tentativa, falhada, de golpe em 2016. O jornal diz que o veredicto marca um dia negro na história da imprensa livre.
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Um tribunal turco condenou a penas de prisão sete jornalistas e outros trabalhadores do jornal Sozcu, um pilar do secularismo no país. A acusação é de terem ajudado a orquestrar uma tentativa, falhada, de golpe em 2016. O jornal diz que o veredicto marca um dia negro na história da imprensa livre.
O regime do Presidente Recep Tayyip Erdogan tem levado a cabo purgas em vários sectores na sequência da tentativa de golpe em que morreram 250 pessoas, que atribui aos partidários do líder religioso Fethullah Gülen. Güllen, que vive num auto-imposto exílio na Pensilvânia, Estados Unidos, desde 1999, nega qualquer ligação à tentativa de golpe.
Entre os oito acusados de ajuda ao golpe (foi deixada cair uma acusação anterior de pertença a gruo terrorista), sete foram condenados. Os colunistas do Sozcu Emin Colasan e Necati Dogru, assim como os editores Mustafa Cetin e Metin Yilmaz foram os que receberam penas maiores pela acusação de ajudar a rede gulenista: mais de três anos e quatro meses de prisão. O coordenador de notícias online Yücel Ari, o repórter Gökmen Ulu e a directora financeira Yonca Yücekaleli foram condenados a dois anos e um mês de prisão.
A repórter de vídeo Mediha Olgun foi absolvida, e o tribunal adiou uma decisão sobre o dono do jornal, Burak Akbay, que está a ser julgado à revelia. Burak Akbay enfrenta uma acusação de terrorismo, que acarreta uma pena de 30 anos de prisão, noutro caso.
Nos três anos desde a tentativa de golpe, foram detidas mais de 77 mil pessoas e cerca de 150 mil funcionários públicos e militares foram despedidos ou afastados dos seus empregos.
O líder do Partido Republicano do Povo (CHP), o principal partido da oposição, disse que a decisão foi dada pela autoridade política. “O que me deixa triste é que com esta decisão anunciamos ao mundo inteiro que não há justiça nem há democracia na República da Turquia”, disse Kemal Kılıçdaroglu, citado pelo diário Hürriyet. “Que país, consciência ou instituição de justiça irá dizer que esta decisão foi certa? Começa-se a perder a partir do momento em que se tem medo dos media por estes escreverem os factos. Erdogan e os seus partidários entraram neste processo.”