Nepal luta contra “cabanas menstruais” depois de mulheres terem morrido por causa desta prática
Governo faz campanhas de sensibilização para a ilegalidade da prática de banir as mulheres para longe de casa enquanto estão menstruadas, e promete retirar subsídios a quem desrespeitar a lei.
O Governo do Nepal quer combater uma prática ancestral, a das “cabanas menstruais”, locais para onde as mulheres são obrigadas a ir quando estão com a menstruação. Recentemente, uma jovem de 21 anos morreu asfixiada depois de tentar aquecer-se num espaço para onde foi mandada. O cunhado, que a obrigou, foi preso. Agora, o Executivo do país anunciou que vai retirar os benefícios do Estado a quem obrigue as mulheres a essa prática, podendo mesmo arriscar uma pena de três meses de prisão.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
O Governo do Nepal quer combater uma prática ancestral, a das “cabanas menstruais”, locais para onde as mulheres são obrigadas a ir quando estão com a menstruação. Recentemente, uma jovem de 21 anos morreu asfixiada depois de tentar aquecer-se num espaço para onde foi mandada. O cunhado, que a obrigou, foi preso. Agora, o Executivo do país anunciou que vai retirar os benefícios do Estado a quem obrigue as mulheres a essa prática, podendo mesmo arriscar uma pena de três meses de prisão.
A prática, conhecida por “chhaupadi”, tem séculos e leva as famílias supersticiosas a mandar as mulheres para cabanas ou estábulos de animais enquanto estão menstruadas, porque são consideradas “impuras” e podem trazer azar à família. Embora esta prática tenha sido proibida em 2005, continua a ser levada a cabo em zonas mais remotas do país.
Uma série de mortes recentes levou à indignação nacional e a uma investigação parlamentar a esta tradição proibida. O porta-voz do Ministério do Interior, Kedar Nath Sharma, disse que o Governo está firme numa luta contra o sistema e, depois do caso da jovem de 21 anos, pediu aos responsáveis políticos locais, às autoridades policiais e aos advogados dos governos das 19 regiões administrativas em que ainda existe esta prática para lançar uma grande campanha de sensibilização à comunidade.
“Para começar, vamos parar de dar benefícios do Estado, como pensões de reforma ou segurança social, e desmantelar as cabanas”, anunciou Sharma à Reuters. “Se continuarem, vamos tomar uma acção legal”, acrescentou, confirmando que as penas vão até três meses de prisão.
O presidente da Câmara de Sanfebagar, no distrito de Achham, onde a jovem morreu, declarou que já começaram a desmantelar as cabanas ilegais e que a resposta foi positiva. Naquele distrito, a polícia prendeu o cunhado de Parbati Buda Rawat depois da sua morte, o que marcou a primeira vez que alguém foi preso por uma acção relacionada com a prática no país.
Ainda este ano, morreram uma adolescente e uma mãe e os seus dois filhos em incidentes semelhantes. Um inquérito recente a 400 raparigas na província de Karnali descobriu que 77% praticavam o “chhaupadi” apesar da proibição.