Marcelo assinala “política externa consistente” de Portugal

O Presidente salientou ainda que o sistema político português tem mostrado resiliência face a outros países mas apontou que toda a prevenção é pouca

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O Presidente da República no Conselho anual da Diáspora LUSA/MIGUEL A. LOPES

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, assinalou esta sexta-feira que Portugal tem uma “política externa muito consistente”, destacando o facto de o país conseguir exercer “um papel de ponte” entre Estados e continentes.

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O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, assinalou esta sexta-feira que Portugal tem uma “política externa muito consistente”, destacando o facto de o país conseguir exercer “um papel de ponte” entre Estados e continentes.

“Nós temos uma politica externa muito consistente. É muito antiga, é muito coerente, vai para além de Presidentes da República e de primeiros-ministros, de ministros dos Negócios Estrangeiros, de Governos e isso é muito bom porque os nossos aliados, os nossos parceiros e os nossos amigos sabem aquilo com que podem contar”, afirmou. Marcelo Rebelo de Sousa falava durante a reunião anual do Conselho da Diáspora, do qual é também presidente honorário, uma cerimónia que decorreu no Palácio da Cidadela, em Cascais.

“Os aliados sabem que são aliados e que não há o risco de nós os trocarmos por parceiros, os parceiros sabem que vão ser parceiros e, dificilmente, serão aliados, e os amigos são amigos e os irmãos são irmãos, portanto a fraternidade na base da língua ou do percurso histórico ou da cultura e de outros laços existe, como a nossa fraternidade em termos familiares”, defendeu Marcelo. “Não se pode transformar em irmãos quem é parceiro ou quem é aliado”, sintetizou.

“Neste mundo de hoje é muito importante saber-se aquilo que se conta quando se pensa em Portugal, e todo o mundo sabe aquilo com que conta”, disse o Presidente perante uma assistência na qual se contava o ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva. 

“A nossa vocação é sermos uma plataforma entre culturas, civilizações, continentes e oceanos”, reiterou, destacando a a importância das plataformas e da pertença a várias organizações internacionais. "O mundo neste momento não está numa onda de plataformas e, haver quem posa ser uma plataforma é uma raridade”.

Contudo, Marcelo Rebelo de Sousa assinalou que, devido às crises dos sistemas políticos em vários Estados e à complexidade internacional, a situação não é boa.”O multilateralismo não está na moda, está na moda o unilateralismo e isso não é bom porque não dá para resolver as alterações climáticas, não é bom porque não dá para resolver o terrorismo, não é bom porque não dá para resolver o panorama do equilíbrio de poderes à escala mundial, não é bom para o direito internacional, não é bom para as organizações internacionais de vocação universal, não é bom, mas é o que é”, elencou.

 O Presidente aproveitou também para referir-se especificamente ao continente africano. “Não é um continente morto, é um continente vivo e fundamental”, considerou.

Marcelo Presidente destacou, ainda, o papel de Portugal em conseguir formar pontes pelo mundo. “Neste mundo em que cada um puxa para seu lado e está muito difícil haver entendimentos sobre o ambiente, sobre o clima, sobre refugiados, sobre migrações, sobre guerras e sobre paz, Portugal consegue ter um papel de ponte, que é fundamental”, afirmou.

“Os conselheiros que são influentes por todo o mundo, além dos que são influentes cá dentro, podem ajudar a essa ponte na Europa, na América, na Ásia, na África, na América Latina”, explicou.

No seu discurso, o Presidente salientou, por fim, que o sistema político português tem mostrado resiliência face a outros países mas apontou que toda a prevenção é pouca. “Não há sistema político que seja virtuoso se houver um desequilíbrio muito grande entre os universos que compõem esse sistema político”, alertou.

Apontando que os sistemas políticos fazem-se de alternativas, Marcelo referiu-se ao caminho errado. “Não há nada pior que um sistema político que afunila a possibilidade de alternativas”, advertiu. “Temos que evitar isso, foi por aí que noutros sistemas políticos europeus irromperam tensões antis sistema”, vincou.