The Witcher, a série da Netflix que vai à caça do destino (e de quem gosta de fantasia)
Henry Cavill passa de ser o Super-Homem para representar um misterioso caçador de monstros na nova produção de fantasia da Netflix. O PÚBLICO falou com duas das protagonistas, Freya Allan e Anya Chalotra, que contam o quão surpreendidas ficaram com a legião de fãs do universo The Witcher e explicam a importância do destino na série.
Há poções, bruxos, rainhas, feitiços, elfos, monstros. É mais um mundo de fantasia com as suas próprias regras e criaturas, um mundo inspirado no folclore eslavo em que o “destino” é realidade e não uma mera palavra de augúrio. A série The Witcher — adaptada dos livros de culto do polaco Andrzej Sapkowski, que deu também origem aos videojogos — estreia-se esta sexta-feira, 20 de Dezembro, na plataforma de streaming Netflix. Os oito episódios ficarão disponíveis em simultâneo e já está confirmada uma segunda temporada (prevista para 2021).
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Há poções, bruxos, rainhas, feitiços, elfos, monstros. É mais um mundo de fantasia com as suas próprias regras e criaturas, um mundo inspirado no folclore eslavo em que o “destino” é realidade e não uma mera palavra de augúrio. A série The Witcher — adaptada dos livros de culto do polaco Andrzej Sapkowski, que deu também origem aos videojogos — estreia-se esta sexta-feira, 20 de Dezembro, na plataforma de streaming Netflix. Os oito episódios ficarão disponíveis em simultâneo e já está confirmada uma segunda temporada (prevista para 2021).
“A história não tem só aventura, magia, monstros e elfos — tem três órfãos no centro da narrativa ligados entre si pelo destino. No fundo, é sobre família, empatia. E decisões”, conta ao PÚBLICO a actriz britânica Anya Chalotra, que dá vida à feiticeira Yennefer, uma das protagonistas. Os outros dois actores que servem de protagonistas na série são Freya Allan (no papel de princesa Cirilla) e Henry Cavill, na pele do bruxo (witcher) caçador de monstros Geralt de Rivia. “Temos três personagens ligadas pelo destino e aquilo em que elas se tornam quando estão juntas é algo verdadeiramente único que nunca vi noutras produções de fantasia”, provoca a actriz Freya Allan, sem adiantar mais pormenores.
Esta série é uma resposta da Netflix à procura de conteúdos de fantasia e tem sido apelidada por alguns como “A Guerra dos Tronos da Netflix”. “Toda a gente nos diz isso e nota-se que a Netflix tem muita esperança nesta série”, observa Freya Allan, em entrevista com o PÚBLICO, em Madrid. À revista Hollywood Reporter, o actor Henry Cavill diz que a procura pela fantasia não é de agora e que O Senhor dos Anéis foi o ponto de viragem em que os espectadores e os produtores se aperceberam que as boas histórias dos livros de fantasia podiam dar bons filmes. Isso continuou com A Guerra dos Tronos e agora The Witcher “será o próximo”, acredita. Há facções, batalhas e magia em comum, mas em The Witcher há um acompanhar das estóicas aventuras do bruxo Geralt e uma narrativa mais focada no desenrolar da misteriosa ligação entre as três personagens principais.
Uma delas é a personagem da britânica Freya Allan, que tem agora 18 anos, mas ainda era menor quando começaram as filmagens. “Parece que passaram dez anos desde que comecei a filmar. Estava em Oxford com uma vida muito normal quando, do nada, recebi este papel e na semana seguinte já estava a voar para Budapeste para começar a viver noutro país e para ter um emprego. Cresci muito enquanto actriz e enquanto pessoa. E parece que a minha personagem [Ciri] também passa por isso na série: passa de ser uma princesa com uma vida estável para ser atirada aos lobos e ter de se desenrascar”, resume Freya Allan. As filmagens foram feitas na Hungria, na Polónia e em Espanha.
Num dos cinco episódios a que o PÚBLICO assistiu, a feiticeira Yennefer, o outro elemento desta equação tripla, tem um monólogo sobre o quão difícil é ser-se mulher naquele mundo a que chamam “O Continente”. “Mas muitas das mulheres nesta série têm papéis de liderança e vamos vendo que essa diferença se vai esbatendo, temos personagens muito poderosas — como a Yennefer. Torna-se natural ter mulheres rainhas, guerreiras, magas; estamos numa altura em que assim é e, na verdade, sempre assim deveria ter sido”, aponta Anya.
Antes de ser feiticeira, Yennefer surge na série com uma corcunda e com a cara deformada. A actriz passava três horas com a equipa de caracterização a pôr tudo no sítio, com adereços de silicone, verosímil para que possa aparecer a nu nos ecrãs. “Foi complicado, mas também foi um desafio porque nunca tinha trabalhado nestas circunstâncias durante tanto tempo. Era fora de cena que se tornava mais difícil, quando a adrenalina já tinha desaparecido”, explica Anya Chalotra.
Um bruxo há muito desejado
Desde que soube que iria haver uma série do mundo de The Witcher que Henry Cavill insistiu para que fosse ele a assumir o papel principal. Já tinha jogado todos os jogos da saga e lido todos os livros — e, depois de entrevistar 207 actores, a showrunner Lauren Schmidt Hissrich apercebeu-se de que o actor era ideal para o papel que ela escrevera. “Era o papel exacto que eu queria. É para isto que eu vivo”, reagiu Cavill, em entrevista à revista Hollywood Reporter. O actor passou a usar lentes cor-de-mel para disfarçar os seus olhos azuis e decidiu ficar ainda mais musculado para o papel, engrossando a sua voz e fazendo questão de ser ele a fazer todas as suas cenas, sem duplos.
“É muito importante para mim que quando virem o Geralt no ecrã percebam que sou eu e não uma pessoa qualquer que faz as coisas do Geralt e que eu sou simplesmente quem representa. Para mim, uma personagem envolve tudo isto”, afirmou o actor (conhecido pelo seu papel de Super-Homem), em entrevista à revista norte-americana. Acabou por ser elogiado pelo coreógrafo de luta da série, Vladimir Furdik (que também participou em A Guerra dos Tronos e acabou por se tornar o Night King), que tentou aproximar as cenas de luta de The Witcher aos movimentos fluidos da dança. “Sou 100% eu a usar a espada”, garante Cavill. A série conta ainda com actores como MyAnna Buring, Joey Batey, Adam Levy e Lars Mikkelsen.
A série e os videojogos são inspirados nos livros de fantasia do polaco Andrzej Sapkowski: o livro mais recente, Season of Storms, foi publicado em 2013, ainda que o primeiro livro tenha sido lançado em 1993 — a showrunner Schmidt já deixou claro que a série é inspirada nos livros e não nos videojogos, também eles chamariz de uma fiel legião de fãs. A narrativa de Geralt de Rivia foi ainda adaptada para livros de banda desenhada e jogos de tabuleiro. E sentem as actrizes o peso de ter uma comunidade de fãs deste universo já estabelecida? “Estaria a mentir se dissesse que não, mas estamos constantemente a tentar afastar-nos dessa pressão porque temos de fazer o nosso trabalho”, conta Anya Chalotra. Nenhuma das duas tinha lido os livros ou jogado The Witcher, e dizem ter ficado surpreendidas com a quantidade de fãs.
A showrunner Lauren Schmidt (que também é co-produtora-executiva das séries The Umbrella Academy, Demolidor e Os Defensores) começou por recusar o cargo por achar que não seria a melhor pessoa para escrever um guião de fantasia. Depois de reler o primeiro livro, apercebeu-se que, “mesmo retirando todos os elementos de fantasia, continua a ter-se uma história de família, em torno de três personagens principais” — e decidiu aceitar o trabalho. Segundo a criadora, a polpa é tanta que a história foi planeada para sete temporadas, mas poderia durar “mais 20 anos”.
O PÚBLICO viajou a convite da Netflix