Primeira-ministra escocesa exige poderes para marcar referendo sobre a independência
Nicola Sturgeon enviou carta a Boris Johnson a dizer que quer fazer uma nova consulta. E afirma que “a democracia tem e vai prevalecer”.
A primeira-ministra da Escócia já pediu ao Governo de Londres a realização de mais um referendo sobre a independência, mas exige também poderes permanentes para poder tomar decisões sobre consultas sobre a auto-determinação. Na carta que enviou a Boris Johnson, e a que a Associated Press teve acesso, Nicola Sturgeon frisa que “a democracia tem e vai prevalecer”.
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A primeira-ministra da Escócia já pediu ao Governo de Londres a realização de mais um referendo sobre a independência, mas exige também poderes permanentes para poder tomar decisões sobre consultas sobre a auto-determinação. Na carta que enviou a Boris Johnson, e a que a Associated Press teve acesso, Nicola Sturgeon frisa que “a democracia tem e vai prevalecer”.
Na carta, Sturgeon sublinha que nas eleições legislativas da semana passada - que deram a Boris Johnson e ao Partido Conservador maioria absoluta e um mandato claro para retirar o Reino Unido da União Europeia -, o seu Partido Nacional Escocês elegeu 47 dos 59 deputados reservados à Escócia em Westminster.
O Partido Nacional Escocês é contra o “Brexit” e Sturgeon considera que a realização de um novo referendo é “indiscutível” (no primeiro, realizado em 2014, os escoceses decidiram permanecer no Reino Unido, mas Sturgeon considera que o clima político mudou depois do referendo do “Brexit”, em 2016).
“A alternativa é vermos ser-nos imposto um futuro que rejeitámos”, diz uma declaração emitida de Bute House, a sede do governo da Escócia. “A Escócia deixou claro na semana passada que não quer que um governo tory chefiado por Boris Johnson nos retire da União Europeia. Esse é o futuro que enfrentamos se não tivermos oportunidade de considerar a alternativa da independência”, diz o comunicado, que tem em anexo 38 páginas, de nome “Scotland Right to choose” (o direito de a Escócia escolher), em que a primeira-ministra argumenta a favor de poder ser ela a decidir marcar o referendo, em vez de ter que esperar pela aprovação do Governo de Londres, como determina a Lei da Escócia.
O documento propõe duas alterações na Lei de 1998, diz o jornal The Scotsman. Uma diz que “é reconhecido que o povo da Escócia tem o direito de determinar a forma de governo que melhor serve os seus interesses”. A outra acaba com o direito de o Governo britânico decidir se a Escócia pode fazer referendos sobre a sua saída do Reino Unido.
O Governo britânico já tinha anteriormente esclarecido que não concederá à Escócia o poder de realizar um segundo referendo, com o argumento de que o assunto ficou encerrado em 2014, diz o jornal The Guardian.
Mas Sturgeon, que deu na manhã desta quinta-feira uma conferência de imprensa em Bute House, quer o assunto de novo na agenda política e faz um desafio a Johnson: “Cabe ao primeiro-ministro explicar porque razão acredita que o Reino Unido não é uma união voluntária de nações iguais. Cabe-lhe a si esclarecer porque não acredita que os escoceses têm direito à auto-determinação”.
“A questão é-me muitas vezes colocada: ‘O que fazer se Boris Johnson disser não?’ Tal como tenho dito, irei considerar todas as opções aceitáveis para assegurar o direito à auto-determinação dos escoceses.”
As sondagens continuam renhidas, mas, escreve a BBC, por enquanto os independentistas estão em minoria caso houvesse um novo referendo sobre a independência.
“Quanto mais um governo Tory tentar bloquear a vontade do povo escocês, mais irão mostrar o desprezo total e completo pela democracia escocesa e maior será o apoio pela independência”, disse Sturgeon. Estas são as “sementes” para uma “derrota a longo prazo” dos conservadores, concluiu.