Pôr fim a um contrato na Nos vai custar um máximo de 500 euros
Operadora cria tecto máximo para custos do fim antecipado dos contratos com fidelização. Medida surge depois das críticas da Autoridade da Concorrência e antecipa mexidas na lei.
A partir de 31 de Janeiro, o custo de denunciar antecipadamente um contrato de telecomunicações vai custar um máximo de 500 euros aos clientes da Nos.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
A partir de 31 de Janeiro, o custo de denunciar antecipadamente um contrato de telecomunicações vai custar um máximo de 500 euros aos clientes da Nos.
Em comunicado, a operadora de telecomunicações revelou que vai “reduzir o valor máximo que os seus clientes terão de pagar em caso de denúncia antecipada” do contrato no período de fidelização. Segundo a Nos, a medida “consiste em estabelecer um valor máximo de 500 euros a pagar em caso de denúncia”.
Para os pacotes com mais serviços, esse tecto máximo pode representar mais de metade dos actuais encargos com a rescisão antecipada: “para o produto de TV, internet, telefone fixo e móvel essa redução é superior a 50%”, refere a Nos.
A empresa liderada por Miguel Almeida diz que “reforça”, com esta alteração, o “compromisso de entrega de valor às famílias portuguesas, num movimento positivo face aos seus concorrentes”. Adianta também que esta decisão comprova a “capacidade única de autorregulação” do sector das telecomunicações.
O comunicado não refere, contudo, quais as motivações que levaram a Nos a avançar neste momento específico com uma alteração relativa a um dos temas mais sensíveis para o sector, e que está na mira da Autoridade da Concorrência, já depois de ter merecido as críticas do regulador sectorial, a Anacom.
Em Fevereiro, quando o presidente da Anacom, Cadete de Matos, apresentou no Parlamento uma nova metodologia de cálculo das compensações, que não visava o fim das fidelizações, mas sim a definição de critérios objectivos e a imposição de tectos máximos a valores que actualmente podem chegar a níveis “incomportáveis”, as empresas foram unânimes nas críticas, através da associação do sector, a Apritel.
“Pôr fim à fidelização levará, inevitavelmente, ao aumento dos custos de activação e instalação a suportar pelos clientes no momento inicial da adesão ao serviço, ao aumento das mensalidades e à diminuição da quantidade de produtos e de descontos oferecidos”, defendeu então a Apritel, sem se pronunciar sobre a possibilidade de redução dos custos.
Mas, na semana passada, outra entidade reguladora, a Autoridade da Concorrência (AdC) voltou a criticar os encargos exigidos aos consumidores para poderem pôr fim aos contratos.
A entidade liderada por Margarida Matos Rosa colocou em consulta pública um relatório sobre as fidelizações no sector das telecomunicações, tendo chegado à conclusão que são condições contratuais que “condicionam e desincentivam a mudança de operador por parte dos consumidores” e que devem ser alteradas.
O aumento dos custos de mudança durante o período de fidelização “restringe a mobilidade, fragiliza a dinâmica de concorrência no sector e torna os consumidores mais vulneráveis ao exercício de poder de mercado”, frisou a AdC, que está neste período a recolher comentários ao relatório, onde também nota existir alguma “complexidade” no processo de rescisão contratual e “alguma falta de informação transparente” que penaliza os consumidores.
Além das fidelizações, tal como a Anacom, a AdC também critica o nível de preços dos serviços de telecomunicações no mercado português. Segundo a entidade reguladora, as comunicações são 20% mais caras do que a média da União Europeia e, na Internet, o custo é superior em 31%.
Já os operadores garantem que os preços dos produtos mais contratados pelos portugueses são dos mais baixos a nível europeu.