Carvão tira 200 milhões ao lucro da EDP em 2019

Empresa diz que centrais poluentes obrigam a registar um custo extraordinário de 300 milhões nas contas. Dividendo de 19 cêntimos não é afectado.

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A central a carvão de Sines é o maior centro electroprodutor do país Miguel Manso

A EDP anunciou esta quinta-feira que a “perda de rentabilidade” das centrais a carvão no mercado ibérico vai resultar num custo extraordinário de 300 milhões de euros para a empresa. Este custo será reconhecido em 2019 e retirará 200 milhões ao resultado líquido deste exercício.

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A EDP anunciou esta quinta-feira que a “perda de rentabilidade” das centrais a carvão no mercado ibérico vai resultar num custo extraordinário de 300 milhões de euros para a empresa. Este custo será reconhecido em 2019 e retirará 200 milhões ao resultado líquido deste exercício.

“A aceleração do processo de transição energética ao longo do ano de 2019 implicou uma deterioração material das perspectivas de rentabilidade das centrais eléctricas a carvão no mercado Ibérico”, refere a empresa num comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).

“A incorporação deste cenário nos testes de imparidade anuais”, vai resultar “num custo extraordinário de €0,3 mil milhões [300 milhões de euros], a contabilizar no exercício de 2019, e correspondente impacto negativo de €0,2mil milhões [200 milhões de euros] ao nível do resultado líquido”, explica a eléctrica.

Ressalvando que “o impacto final está sujeito a aprovação pelos auditores externos”, a empresa assegura que este efeito é “neutral ao nível do cash flow e dívida líquida de 2019” e “não terá qualquer impacto na política de dividendos, anunciada em Março de 2019”, mantendo-se o dividendo para o período entre 2019-2022 nos 19 cêntimos.

Em 2018, os resultados líquidos da EDP caíram 53%, para 519 milhões de euros (1113 milhões em 2017). Este ano, quando anunciou o plano de negócios até 2022, a EDP frisou que um dos objectivos era voltar a ter lucros acima da barreira dos mil milhões.

Sobre as centrais a carvão, que a EDP explora em Portugal e em Espanha, a empresa destaca no comunicado desta quinta-feira que a sua competitividade “é penalizada pelo aumento do preço das licenças de emissões de CO2”, pela redução dos preços do gás, assim como pela “perspectiva de aceleração do crescimento da capacidade instalada de energias renováveis”.

“Adicionalmente, prevê-se a manutenção de uma elevada carga fiscal sobre estes activos, bem como uma vontade política de antecipação dos prazos de encerramento destas centrais”, acrescenta a EDP.

O Governo pretende encerrar a central a carvão de Sines até 2023 (face a um prazo inicial de 2030) e mantém na proposta orçamental para o próximo ano o agravamento das taxas de ISP cobradas à produção eléctrica a partir desta matéria.

Em 2005, as energias renováveis representavam apenas 20% da produção de electricidade da EDP. Mas, em 2018, já representavam 66%.

“Dado o elevado investimento em curso em energia eólica e solar e o contexto acima descrito para as centrais a carvão, é expectável uma convergência mais célere para os nossos objectivos de sustentabilidade para 2030”. Objectivos que são: “obter 90% de produção a partir de fontes renováveis e reduzir as emissões específicas em 90% face a 2005”, nota a empresa.