Barcelona despede-se da loja mais antiga das Ramblas. Xancó fecha portas aos 199 anos
“A Rambla está de luto”: a famosa camisaria Xancó, ícone de Barcelona, prepara-se para encerrar o negócio e falhar a comemoração de dois séculos de vida.
Ao lado do Café da Ópera, à frente do Mercado da Boquería e do Teatro do Liceu, com o Hotel Internacional nos pisos superiores, este é um dos negócios mais antigos de Barcelona, a loja mais antiga das Ramblas. A Antiga Casa J. Xancó Cotchet de seu nome completo, no n.º 78 de um dos mais famosos passeios do mundo, anunciou que o encerramento está em cima da mesa e que não deverá passar de 31 de Dezembro. Como se não bastasse, é sinal de que este velho templo de camisas, gravatas e roupa interior, que vestiu meio mundo da ópera e do teatro da capital catalã, não chegará a uns redondos 200 anos que, decerto, lhe trariam muitas homenagens.
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Ao lado do Café da Ópera, à frente do Mercado da Boquería e do Teatro do Liceu, com o Hotel Internacional nos pisos superiores, este é um dos negócios mais antigos de Barcelona, a loja mais antiga das Ramblas. A Antiga Casa J. Xancó Cotchet de seu nome completo, no n.º 78 de um dos mais famosos passeios do mundo, anunciou que o encerramento está em cima da mesa e que não deverá passar de 31 de Dezembro. Como se não bastasse, é sinal de que este velho templo de camisas, gravatas e roupa interior, que vestiu meio mundo da ópera e do teatro da capital catalã, não chegará a uns redondos 200 anos que, decerto, lhe trariam muitas homenagens.
Aberta desde 1820, a camisaria Xancó é, ainda por cima, um negócio que não tem saído das mãos da mesma família: foi fundada por Antoni Cotchet, posteriormente passou para o seu sobrinho, Josep Xancó, e, desde então, foi ficando na posse da família — vai na quarta geração, assinala a Time Out barcelonesa.
Com uma decoração interior actual, firmada por volta de 1912, a casa encerrará no final do ano, como confirmou ao El Periódico de Catalunya a co-proprietária Pilar Satta, esposa de Tristan Xancó, a quem o jornal espanhol se refere como “génio e figura que esteve por trás do balcão durante quase meio século”.
Satta disse ao jornal que a decisão se prende com a sua “situação pessoal” mas também com as “mudanças que o comércio vive”. Refira-se que a loja, especializada em camisas feita à medida e venda personalizada, tem vivido sempre à margem da modernização — um bom exemplo: apesar da fama não tem site próprio, muito menos presença nas redes sociais.
A outro meio de comunicação local, o Metropóli Abierta, Satta refere apenas a possibilidade de encerramento, mas a página adianta logo que o fecho “irá acontecer com toda a certeza”. Muito por culpa, avança, do aumento exponencial da renda (“num passeio tomado pela especulação”) e da quebra de vendas.
No interior da loja — oficialmente parte da rede de lojas históricas da cidade (Associació d’Establiments Emblemàtics de Barcelona) e património municipal de elevado interesse (a categoria máxima na classificação) — encontram-se preciosidades modernistas, como as estantes, mas também candeeiros ou até uma velha caixa registadora dos inícios do séc. XX, como descreve a ficha oficial da Generalitat de Catalynya. Todas as peças foram alvo de restauro nos anos de 1980, indica o site TotBarcelona.
Pelos jornais e sites catalães, o lamento pelo encerramento é unânime. O artigo do Metropóli começa logo com um resumo da emoção global em Barcelona: “a Rambla está de luto.”
Já a Time Out Barcelona assinala que esta é a segunda perda histórica das Ramblas este mês, depois de se ter confirmado o encerramento do Club Capitol, que nasceu como cinema em 1926 e passou a teatro moderno em 1997.