Um livro para folhear profissões (e escrever carreiras)
O Importante é Gostar é um guia para adolescentes que “tomam decisões sem conhecerem as várias opções disponíveis”. Reúne o testemunho de 160 profissionais entrevistados por Rui Passos Rocha — que quis ser professor, estudou jornalismo e é, afinal, editor digital. Livro é apresentado esta terça-feira, 17, em Lisboa.
Rui Passos Rocha queria ser professor do ensino primário, como os pais, até um anúncio num jornal regional o ter posto de caneta na mão. Decidiu, no 10.º ano, que ia ser jornalista. Fez a licenciatura, mestrado e estágios em Ciências da Comunicação, foi director do jornal académico ComUM e, depois, aventurou-se num outro mestrado em política e decidiu que não ia, afinal, atirar-se ao jornalismo. Aos 33 anos, é editor digital, tem aquilo a que chama “um percurso não linear” em comunicação de ciências e cultura e acaba de lançar O Importante é Gostar, um guia que reúne o testemunho de 160 profissionais, de actor a youtuber.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
Rui Passos Rocha queria ser professor do ensino primário, como os pais, até um anúncio num jornal regional o ter posto de caneta na mão. Decidiu, no 10.º ano, que ia ser jornalista. Fez a licenciatura, mestrado e estágios em Ciências da Comunicação, foi director do jornal académico ComUM e, depois, aventurou-se num outro mestrado em política e decidiu que não ia, afinal, atirar-se ao jornalismo. Aos 33 anos, é editor digital, tem aquilo a que chama “um percurso não linear” em comunicação de ciências e cultura e acaba de lançar O Importante é Gostar, um guia que reúne o testemunho de 160 profissionais, de actor a youtuber.
Com uma profissão em cada página, Rui quer pôr adolescentes e jovens adultos (e não só) a folhearem possíveis futuros, “mais directos ou mais ziguezagueantes”, guiados por quem sente que acertou na carreira. Como a física Helena Braga, o assistente social José António Pinto, a pescadora Maria José Neto, o gamer Ricardo Pacheco, a programadora Helana Santos, a designer de UI/UX Sílvia Otto Sequeira, a jornalista do PÚBLICO Joana Gorjão Henriques ou o calceteiro Fernando Correia.
A lista de entrevistados, 80 homens e 80 mulheres de diferentes idades e habilitações literárias, que começaram a trabalhar aos 13 anos ou que ainda continuam na universidade com bolsas de investigação, foi seleccionada pelo editor. “Todas elas são muito trabalhadoras, exercem com grande sentido de missão e têm um discurso muito positivo”, comenta Rui Passos Rocha, ainda que não deixem de mencionar a falta de oportunidades, a grande rotatividade ou as remunerações baixas em certos empregos.
Todos os representantes escolhidos começam por relatar os “pontos positivos e negativos da profissão, as competências técnicas e sociais necessárias para a exercer” e deixam, no final, conselhos e observações feitas ao longo dos anos de trabalho. O livro, uma edição de autor, é apresentado na Livraria Ler Devagar, esta terça-feira, 17 de Dezembro, e a 22, no Mira Fórum, no Porto. Está à venda online por 11 euros (portes incluídos) e metade dos lucros revertem a favor da Aldeias de Crianças SOS.
O fundamental? “Ter interesse pelo mundo”
O Notícias de Valongo nunca chegou a publicar o artigo “isento” — achava ele, “altamente adjectivado”, sentenciaram os editores — que o aspirante a jornalista lhes enviou. “Se o fim do 9.º ano é ou não cedo para tal decisão [escolher uma área de estudos], não sei. Não é esse o âmbito do livro”, escreve Rui Passos Rocha, na introdução. “Este guia parte da intuição de que muitos adolescentes decidem com pouco conhecimento sobre as várias opções disponíveis. Como foi o meu caso.”
Para aprofundar a leitura além dos relatos apresentados, o autor sugere a leitura da Classificação Portuguesa das Profissões, publicada pelo Instituto Nacional de Estatística. Desde 2015 está também disponível, de forma gratuita, a Design The Future, uma ferramenta online que permite aos estudantes ou jovens prontos a entrar no mercado de trabalho comparar interesses e capacidades com saídas profissionais. O site disponibiliza também entrevistas e um vídeo do dia-a-dia em diferentes profissões e actividades profissionais existentes, incluindo algumas bem recentes como neuromarketeer ou astrobióloga.
Antes de começar as entrevistas, Rui procurou perceber se “aquilo que estava a fazer era exactamente o que queria fazer”. "Talvez essa procura esteja na base da ideia para o livro”, pensa, durante a conversa. "Eu, de facto, já ia bastante satisfeito todos os dias para o trabalho”, percebeu. É responsável por newsletters semanais, gere as redes sociais e sites da Fundação Francisco Manuel dos Santos e entrevista cientistas e autores dos livros que a fundação publica.
Perguntámos: o que é preciso para ser editor digital? “Diria que para fazer exactamente aquilo que eu faço (se me quiserem um dia roubar o emprego) devem ter interesse por muitas áreas do saber, uma curiosidade ampla de quem gosta de saber o essencial de culinária, mas também sobre ciência da saúde ou ciências sociais, e ter noção daquilo que vai sendo publicado em livros, sites, seguir bons jornais online, boas publicações”, enumera. Ou, como vários dos intervenientes no livro sublinham, “ter interesse pelo mundo”.